Separate ways

8 - O ciclo da vida

Madara arregalou os olhos. Ele sentiu um solavanco, como se tivesse tomado um soco na cara.

- Itachi? - Se deixou cair sobre a poltrona quando ouviu o sobrinho chorar. Sem conseguir acreditar que estava falando com ele.

Porque para Itachi foi impossível ouvir a voz do tio e não se deixar cair em um choro de quase desespero. Ele sentiu um vazio tão grande pelos doze anos de distância que por um momento pareceu que ficaria louco. Sua cabeça tombou sobre o braço do sofá e ele chorou por tudo que estava guardado no peito, e por muito tempo não conseguiu reagir, ou falar qualquer coisa. Sua energia pareceu ter sido drenada.

Ele já nem sabia se Madara ainda estava na linha, mas também não era mais capaz de segurar as próprias emoções. Era mais forte do que podia suportar naquele momento, e para o tio, que guardou aquele momento em silêncio, a emoção e foi a mesma. Ele se conteve por seus próprios motivos, mas deixou que Itachi exteriorizasse suas dores.

- Desculpa... - Madara só ouviu alguma coisa longos minutos depois.

- Não seja cruel com você mesmo Itachi, é a pior coisa que pode fazer. Está tudo bem. - Ele também estava visivelmente emocionado, mas evitou demonstrar. - Como você está? – Ao mesmo tempo sentiu que estava fazendo uma pergunta redundante.

- Não sei. - O olhar de Madara desviou para o celular. A exaustão de Itachi era quase palpável. - Tem tanta coisa acontecendo que eu não sei nem por onde começar.

- Por onde achar melhor. - Ele ligou para a secretária pedindo para cancelar qualquer contato que não fosse de Kaoru ou Minato. - Tenho todo o tempo para te ouvir.

Itachi nunca se sentiu tão perdido sobre como começar uma conversa, porque se não fosse pela saudade imensa, que abriu um cânion em seu peito, tinha a situação de Mikoto. E ao falar com Madara, percebendo, sentindo na pele os doze anos de distância, ele se perguntou por um momento como conseguiu aguentar sozinho toda a pressão de Fugaku e a doença da mãe.

Então respirou fundo até se sentir um pouco mais decente diante da situação, e se forçou a ignorar suas próprias emoções para conseguir contar para o tio tudo que estava acontecendo. Talvez fosse sua última chance.

...

Madara estava verdadeiramente aturdido, mas muito mais calmo do que Itachi, então acalmou o sobrinho e lhe pediu para dormir quando se tocou de que era final da noite no Japão, quase madrugada. Era mais importante que o sobrinho tivesse um descanso decente, ele conseguiria lidar com o fato com mais calma mesmo que fosse somente manhã em Nova York. Itachi estava longe de ter uma noite de sono tranquila, mas adormeceu pelo cansaço logo que alcançou a cama.

Enquanto isso Madara iniciou seu dia.

...

Namikaze Minato era o completo oposto do que você poderia imaginar de uma pessoa na posição social dele. Porque o poder tinha a capacidade de corromper o coração do homem, e Minato parecia imune a isso. O que era muito impressionante em sua situação.

Tinha conquistado um lugar de prestígio ao sol em um país competitivo no que dizia respeito aos bancos, e fez seu nome no meio da Wall Street batendo de frente com grandes e tradicionais marcas conhecidas e agraciadas pelo povo. Sem perder seu próprio senso de justiça e o jeito amável com as pessoas que o rodeavam.

Ele era de uma gentileza que não se podia nomear, e não havia qualquer um dentro daquele banco que poderia falar qualquer coisa sobre o cuidado e a atenção que ele tinha para com os outros. Era um tipo único de pessoa.

E, além de tudo, era alto e lindo, praticamente não tinha defeitos. Então dava para imaginar bem porque as pessoas gostavam tanto dele. Enfim.

Estava sempre bem vestido num social preto, e às vezes em um azul marinho que combinava com o azul claro de seus olhos. Passava parte de seus dias - quase em totalidade - no último andar do grande prédio, cuidando daquilo que lhe era pertinente e ensinando Kaoru - sua filha - a lidar com a burocracia que futuramente estaria em sua total responsabilidade. De modo que com o peso de seu trabalho não era comum vê-lo circulando pelo prédio.