Separate ways

14 - Uma conversa Uchiha

Itachi conseguiu contato com Madara na manhã seguinte, e após deixar Sasuke junto com Mikoto, ele encontrou o sobrinho mais velho em seu apartamento, para ter a conversa que queria desde que recebera a primeira ligação de Itachi, ainda no banco. A sacada tinha uma vista bonita para a rua tranquila onde ele morava – e também para onde Madara de fato se perdeu em pensamentos por um momento, e era muito sossegada para quem apreciava o silêncio.

- O Fugaku deixou você não ir trabalhar hoje? – Ele agradeceu pelo suco, e acompanhou Itachi até a sala. – Ou já te infernizou sobre isso também?

- Eu tinha muitas horas extras, principalmente da época em que fazia estágio lá, então avisei que não iria. Ele não gosta, mas eu não me importo de verdade, porque hoje já não reconheço meu próprio pai.

- O que aconteceu Itachi? – Sentaram de frente para o outro, de modo que conseguissem se ver. Madara não queria interrogar o sobrinho, mas saber sua história poderia ser o começo de algo que pudesse fazer por ele, tanto quanto fez por Sasuke. – Eu realmente via o Fugaku te colocando acima de qualquer outra pessoa, e hoje ele age com você do mesmo jeito que com o Sasuke.

Madara notou o suspiro cansado. Ele não tinha se iludido ao ponto de pensar que Fugaku seria amoroso e gentil com Itachi, principalmente após a ida de Sasuke, mas não esperava que o tratamento do mais velho fosse semelhante ao que Fugaku dava para o filho mais novo antes de ir embora.

- Eu acho que ele não superou que o Sasuke tenha ido com o senhor, mas nunca falou nada para ninguém sobre isso, e depois passou a agir em torno do próprio ego. – Itachi se calou, sentindo a exaustão dos anos passados, e um pouco de calma por ter alguém com quem conversar sobre. – No começo, depois que ele parou de se isolar, parecia a mesma pessoa. Continuou me comparando com todos os outros, e alimentando aquela ideia de genialidade absoluta, que me deixava sendo superior aos outros, até muito mais do que antes. Mas lá atrás, quando eu ainda era um adolescente que um dia iria tomar conta dos negócios da família, era adorado por ele. Só que quando chegou o momento de trabalhar para isso, ele mudou.

Madara murmurou alguma coisa sobre não ser nenhuma surpresa a postura de Fugaku. De todos, ele era o que mais conhecia o irmão, e tinha certeza de que ele havia se perdido em algum lugar de sua vida, e agora não era mais capaz de lidar com o que havia se tornado. Ele mesmo, e sua família.

- Seu pai, Itachi, sempre teve muito problema comigo desde pequeno, porque nós dois fomos ensinados a abaixar a cabeça para o próprio pai, e ser superiores ao mundo, mas eu fazia isso mais por respeito do que por obrigação. E quando ele quis começar a nos obrigar a fazer o que era conveniente para amaciar o próprio ego, eu me rebelei. E se não bastasse isso, era o primeiro filho. Ele queria controlar até com quem eu me casaria.

Itachi franziu o cenho, e se viu na pele do tio. Estava tentando traçar uma linha que o fizesse entender o próprio pai. – E ele era tratado como tratava o Sasuke?

- Não, porque ele fazia tudo que nosso pai queria. Eu é que não, então o problema do seu avô era comigo, eu ouvi durante anos o quanto era uma vergonha por isso. – Madara fez uma pausa para o sobrinho tentar entender sua linha de pensamento. – E como tinha o peso do primeiro filho, ele gostava de me punir. O Fugaku fazia de tudo, e eventualmente se tornou mais importante para nosso pai. Nunca tive inveja do seu pai, e nem desejei aquela atenção, porque eu sabia que era conveniente, e eu queria viver a minha vida, sem ser obrigado por ninguém. Mas o Fugaku nunca superou que um primeiro filho manchasse a honra da própria família, como aparentemente eu fazia.

Itachi notou que o tio falava com tranquilidade, como se aquilo tivesse sido um problema em sua vida que perdurou por muito tempo, mas foi enfim superado. Ao mesmo tempo em que lhe deu algumas respostas sobre aquele jeito mesquinho de seu próprio pai de agir.