24 - A queda de Madara

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Quando Sasuke retornou ao hospital, sentiu o peso dos trinta dias que haviam passado.

Mais do que pelo descanso físico, e principalmente mental, ele esperava por aquelas férias para que os problemas da chefia fossem resolvidos - se pudesse contar de fato com isso, obviamente -, e seus plantões voltassem a ser como antes, sem que ele precisasse trocar dias e horários, impossibilitado de descansar adequadamente, e passar mais tempo dentro do hospital do que sua sanidade conseguia aguentar.

Ele vinha necessitando daquele descanso a mais tempo do que podia parecer, mas sem poder controlar a maneira como a vida segue, e perseguido pela tristeza da morte da mãe, passou pelos piores dias quando retornou ao Japão, e a viu partir. Uma queda que nenhum deles esperava que fosse acontecer.

Bem, ninguém espera por algo assim realmente.

E apesar de o retorno, e de alguma mudança - ainda que mínima - em sua inexistente relação com Itachi, ele se sentia mais esgotado do que antes. Sua mente fervilhava com a quantidade de informações dos últimos trinta dias, e ele sentia completamente necessitado de um descanso de verdade, longe de tudo que lhe despertasse algum sentimento muito intenso.

Às vezes achava que os remédios não estavam mais surtindo o efeito necessário, ou talvez ele estivesse sobrecarregado demais, precisando retornar as sessões com menos espaçamento de tempo.

Sua terapia, durante anos, era em escala semanal, e Sasuke passou muito tempo mesmo de tal maneira até poder ser liberado para vídeos-chamada a cada quinze dias, e só depois então o contato mensal. No começo pareceu libertador, já que às vezes era realmente cansativo sustentar aqueles encontros todas as semanas, principalmente pelo desgaste mental, mas ele se viu em situação de abstinência durante um tempo, quando a euforia inicial deu espaço para a realidade.

E, assim, foi necessária alguma conversa até se entenderem, mas deu certo. Sasuke tomava os remédios já sabendo que talvez fosse algo que iria durar pelo resto da vida, mas ele sentia falta mesmo de poder falar, e exteriorizar suas dores. Durante anos Madara serviu como apoio, mas ele já não queria mais colocar todo aquele peso nos ombros do tio.

A viagem ao Japão mostrou um lado dele que deixou Sasuke apreensivo, então qualquer tipo de desgaste a mais, principalmente por sua culpa, o fazia se sentir duas vezes pior, e jogar isso nas costas de Madara era o mesmo que um pecado. Então ele contatou o psiquiatra em emergência, e parte do que sentia, amenizou.

No fundo, Sasuke sabia que era questão de tempo até conseguir lidar melhor com tudo que tinha acontecido, mas o que precisava naquele momento era respirar bem fundo para ter algum tato com o retorno ao trabalho, e conseguir passar pelas mudanças - que não aconteceram em sua ausência -, até passar por todo o processo infernal de saber se teria a oportunidade de trabalhar na clínica.

E nenhuma das duas tarefas parecia agradável.

...

- Eu vou te deixar de volta no plantão diurno, como era antes. E você vai passar por todo o processo interno para disputar uma das vagas. As indicações ajudam, mas a diretoria quer ver a competência aplicada.

Sasuke quase tinha mandado tudo aos infernos quando o chefe o contatou no horário do almoço. Ele chegou, deu a notícia e foi embora, deixando a tempestade formada na mente do Uchiha, que precisou respirar bem profundamente para não morrer de indigestão, e cometer uma atrocidade no processo. Certamente ele perdeu a fome naquele momento.

Sasuke podia ser tão estressado às vezes - às vezes? - que ele mesmo se perguntava como ainda não tinha morrido infartado com suas próprias reclamações. Ele entendia a necessidade dos processos internos, mas orgulhoso como o bom Uchiha que era, achava aquilo um incômodo.

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