26 - A fragilidade da vida

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Itachi não precisou ouvir mais nenhuma palavra. A frase poderia não fazer sentido algum, somente poucas palavras surgir. Mas, a partir da percepção de que Sasuke estava sofrendo, isso era suficiente para que ele fizesse o que fosse preciso para agir em prol do irmão. Porque quando o envolvia, nada era capaz de parar Itachi.

Então foi isso que ele fez.

Fugaku ainda estava tentando entender o que poderia ter acontecido decorrente daquela ligação quando viu o filho sair correndo de sua sala e atravessar o extenso corredor até a saída de emergência, em direção ao andar onde trabalhava, e supôs que algo emergencial estava novamente entre sua família.

O celular ainda estava ligado, mas ele não ouviu mais do que o fungar baixo de Sasuke até que a ligação por fim se encerrou, aumentando a sensação de aflição que estava se apossando de si, tentando sufocá-lo. Ele precisava, não importava como, conseguir um vôo ainda naquele dia para os Estados Unidos nem que fosse a última coisa que fizesse na vida.

Não seria uma distância entre dois continentes e um oceano que o deixaria separado de Sasuke, não quando sabia que seu irmão estava sofrendo.

Além disso, que história era aquela? A perda da mãe era tão recente quanto às marcas que surgiram em detrimento dessa situação horrível, então a mínima ideia de que Madara estaria passando por alguma coisa que pudesse colocar sua vida em risco era de um choque que atingiu Itachi como um soco no rosto. De modo que ele podia imaginar como deveria estar sendo para Sasuke, sozinho com aquela situação tão horrível para lidar.

- O que aconteceu? - Fugaku apareceu em sua sala logo depois, um tanto ofegante. Ele não era o melhor exemplo do saudável e atleta, como se poderia imaginar.

Itachi estava guardando tudo rapidamente, e recolhendo seus documentos. O celular jogado em cima da mesa tinha uma busca pela metade de um site de companhia aérea, e com algum esforço era possível distinguir o símbolo da American Airlines.

- O tio Madara. - O olhar sério entre os dois se encontrou. - Ele não está bem.

Fugaku franziu o cenho sem saber exatamente como reagir. A ideia da perda recente também era a mesma em seu coração, mas ele reagia com muito mais ponderação e orgulho, sem deixar que seus sentimentos ficassem à mostra. A verdade é que nunca tinha conseguido resolver a questão sobre os sentimentos por Mikoto, mas o breve pensar de que Madara poderia morrer caiu em sua cabeça como uma pancada muito forte.

Então ele tomou à frente, pegando o celular de Itachi.

- Onde eles moram?

O filho ainda estava tentando entender, enquanto o pai parecia mexer com muita maestria no aparelho, digitando o que quer que fosse.

- Em Nova York. - A mente de Itachi estava agitada, mesmo ele sabendo que precisaria de muito tempo até conseguir chegar. - Eu preciso de um vôo para o John Kennedy.

A voz chorosa de Sasuke parecia ecoar em sua mente como um retumbar ritmado e único, que não poderia ser amenizado por qualquer remédio existente, e continuaria ecoando até que ele estivesse ali para acolhê-lo. Itachi precisava estar lá, a seu lado, para garantir que ele ficaria bem, e pudesse cuidá-lo da melhor maneira possível.

Não podia deixar de maneira alguma que o irmão passasse por aquilo sozinho. Ele precisava estar lá, não importava como.

- Tem um vôo, mas saí em duas horas e meia.

Itachi virou o rosto em direção ao pai. - Eu chego em meia hora no aeroporto, só compra essa passagem de uma vez pelo amor de Deus.

De que maneira o mais velho conseguiria aquela proeza? Não sabia. Se chegasse em menos de uma hora já seria um sonho realizado, mas em trinta minutos seria uma corrida alucinada contra o tempo, beirando o impossível. Ele estava prestes a viajar com a roupa do corpo e mais nada.

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