21 - Uma nova perspectiva

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- Oh Madara, eu sinto muito.

Eles tinham ido a um restaurante para almoçar, porque o banco era o pior lugar para Kaoru naquele momento, e aquele um dos raros momentos em que o Uchiha não negava um almoço longe dali. Apesar de o cansaço bastante expressivo do homem, ele prometeu que almoçaria com Kaoru antes de ir embora. Aquele sentimento de impotência expresso em seu olhar estava incomodando Madara.

- Eu também. Principalmente pelo Sasuke e o Itachi, eles sofreram demais. O Fugaku está cada dia pior, e eu me preocupo com o Itachi sozinho no Japão com ele.

- Foram dias muito difíceis então. - Suas mãos se encontraram sobre a mesa. - E como o Sasuke está se sentindo? Seu irmão fez alguma coisa com ele?

- Agora ele parece um pouco melhor. - Eles fizeram os pedidos com vinho para acompanhar. Estavam precisando de um alívio. - Eu acho que a relação dele com o Itachi vai melhorar conforme o passar do tempo, se souberem lidar com a distância. Já o Fugaku continua o mesmo de sempre, mas não teve uma interação com o Sasuke, ali o problema é grande demais.

- Esse é o ponto em questão. - Kaoru estava muito bonita, com os cabelos soltos e um vestido vermelho. - Mas eu espero que pelo menos os seus sobrinhos se ajeitem então, você sempre me disse sobre como eles eram unidos quando pequenos.

- Muito. Mas o Fugaku soube destruir isso.

Madara recebeu um carinho tão aconchegante no rosto que poderia dormir naquele contato ali mesmo. O cansaço estava atingindo seus limites.

- Mas e você? - A pergunta foi serena e honesta. Kaoru não tinha ciúmes do passado do Uchiha, mesmo porque isso não fazia muito sentido. Mas como eles costumavam respeitar a história do outro, ela queria tocar naquele ponto com cuidado, e estava preocupada com ele depois daqueles dias. - Como se sentiu?

- Eu senti coisas demais em pouco tempo, e estou cansado na mesma medida. Desculpe. - Ela negou com um menear suave da cabeça. - Mas pensei muito sobre nós dois. - A pausa fez Kaoru se sentir ansiosa. - Senti sua falta.

- Eu também Madara. Não tenho mais paciência para lidar com essa merda toda que acontece sempre que tem uma reunião nova.

Eles receberam seus pratos e as bebidas, e entre esse período Madara recebeu uma ligação de Sasuke, avisando que o buscaria. No fim, nem mesmo o sobrinho tinha conseguido dormir muito, estava mais preocupado com o tio.

- Eu peço para ele te deixar no banco na volta. - Ele ouviu o agradecimento enquanto provava do almoço. - Agora, sobre o resto...

- Eu sei de tudo que você me fala, e me lembro de tentar não deixar isso me afetar, mas não é fácil. – Madara tinha criado o espaço de propósito para que Kaoru pudesse falar. - Imagine toda vez precisar provar que é bom no que faz só por ser quem é.

- Imagino, e sei que não chego perto de como você se sente. - Eles brindaram sem muito gosto, mas ao menos estavam ao lado do outro novamente. - Mas é isso mesmo que querem. - Madara buscou sua mão novamente e a tomou com carinho. - Eles querem que você se sinta desestabilizada, e com o sentimento de que não é capaz de levar o banco, e tirar proveito disso.

- Eu não quero provar pra eles que sou capaz, porque me conheço. Mas não tenho mais paciência para aquele jeito nojento que eles me olham.

- Conversa com o seu pai então. Diz de verdade como se sente, eu duvido que não vá mudar nada.

Madara sabia como Minato se sentia em relação aos filhos, e tinha certeza - arriscava sem perder - que bastaria Kaoru de fato expressar seus sentimentos a ele, para que aquilo parasse de vez. No entanto, ao que parecia, não tinha sido feito ainda.

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