10 - Reencontro com o passado

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O vôo era direto. Sem escalas ou qualquer outro tipo de parada.

Quase quinze horas no ar, e então estariam novamente de volta ao Japão. Eles não tinham conseguido lugares tão bons, mas estavam juntos e uma das cadeiras era na janela, então não estava tão desconfortável como poderia parecer, para um vôo que tinha sido comprado às pressas.

Sasuke ficou quieto durante todo o tempo de espera no aeroporto e até embarcar, somente respondendo para Madara quando questionado, ou durante as últimas fases antes de estar dentro do avião.

O tio respeitou seu silêncio, e vez ou outra o olhava pelo canto dos olhos, mas a atenção dele já tinha se perdido pelo pequeno espaço da janela para o horizonte afora. Por um momento Sasuke fechou os olhos quando o avião taxiou na pista na direção antes de alçar vôo. E surgiu certo receio disso.

Depois que já não estavam mais no chão, ele viu o concreto desgastado ao longe, conforme a aeronave ganhava espaço no ar, e sentiu que não poderia mais retornar, se assim desejasse. Não gostou daquele sentimento, mas teve a certeza de que ficaria louco se fosse tomado por tamanha emoção enquanto precisava ficar quase quinze horas no avião. Pelo menos, por mais insignificante que fosse a noite estava bonita.

Mas ele se voltou ao tio.

- Queria te mostrar uma coisa. - Madara aproveitou o ensejo e mostrou a tela do celular. - O que você entende sobre isso?

Sasuke viu o nome da mãe na parte de cima da tela, junto com os dados do médico e todas as informações acerca da situação dela. Certos termos estavam em evidência, e apesar de não ser da área a qual estava acostumado, não era de tudo desconhecido.

- Câncer pancreático em estágio quatro. - Aquele não era o melhor momento de longe para que fosse falado sobre a situação de Mikoto, mas Madara ainda conhecia o sobrinho, e sabia que ele funcionava melhor quando analisando alguma coisa da qual tinha propriedade para falar. - Terminal, o tratamento não funciona mais, e basicamente só resta o paliativo. - E Sasuke estava descobrindo aos poucos várias sensações distintas sobre doze anos de separação. - E os médicos acompanham até a morte. Faz oito meses que ela descobriu a doença. - Ele apontou para um pequeno campo próximo ao nome da mãe. - Os médicos deram menos de seis meses, então o tratamento tem aumentado um pouco mais a sobrevida dela.

- Eu sinto muito. - Madara o olhou diretamente nos olhos. - Não queria que seu reencontro com a mãe fosse desse jeito.

- Depois de tudo? Nem eu. - Ele tornou a se acomodar no ombro do tio. Ali parecia um ponto de paz para onde retornar. - Sempre que eu pensava em voltar alguma vez, era sempre por causa dela. Para tentar suprir alguma coisa que não seria compensada por esses doze anos de distância, mas que talvez pudesse ajudar a lidar com a separação. Agora nem isso.

- Não se culpe pela doença dela, vai te fazer mal pensar assim. O que você pode fazer agora é ter a chance de estar com ela de novo, sem querer tentar adivinhar o futuro, e o que isso pode acarretar. Antes que fique louco.

- Talvez eu já esteja.

Ele estava cansado, não tinha conseguido dormir bem, então o ombro de Madara foi um conforto para seu cochilo. O jantar foi servido em algum momento da hora que se passou, e Sasuke caiu no sono logo depois, sentindo o peso das últimas vinte e quatro horas. Madara ainda o fitou durante um tempo antes de ele mesmo se perder em seu próprio cansaço.

...

Sasuke acordou durante a madrugada, assustado, depois de um pesadelo com a mãe. O protetor da janela continuava levantado, então era possível ver o externo, apesar de a noite encobrir parte da visão, e alguns poucos pontos no profundo distante se mostrarem. Se ele forçasse a vista, com um pouco de sorte poderia perceber que estavam sobre o oceano.

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