37 - Uma conversa entre pai e filho

366 50 44
                                    

Madara deixou o hospital com quase um mês de internação, depois de repetir todos os exames – e querer matar Sasuke por isso -, com a garantia de que tinha se restabelecido, e sua saúde estava bem dentro do possível. Quer dizer, ele não estava se sentindo mal e nem nada do tipo, mas não podia passar alheio ao fato de que tinha infartado, mesmo porque a cicatriz da cirurgia estaria ali pelo resto da vida para lhe mostrar isso.

Ele tinha sido visitado pelo cirurgião algumas vezes e também antes de ir embora, mas todas as recomendações e acompanhamento seriam feitos junto à Sasuke, que durante todas aquelas semanas de internação, começou um planejamento que precisava discutir com Madara para que ele fosse introduzindo em sua rotina com tranquilidade, sem que cada nova ação pudesse parecer extremamente desconfortável, causando um problema ao invés da solução.

No dia em que foi liberado Sasuke estava de folga, então teve tempo para lhe buscar, e pressa alguma para chegar em casa.

Quer dizer, Madara queria deixar o hospital como se fosse o vampiro fugindo da água benta, mas ele também estava passando por um processo de aprendizado sobre o que lhe acontecia ao redor após o infarto. Ele não podia deixar de pensar que tinha tido uma segunda chance ou qualquer coisa do tipo, e que a vida parecia jogar em sua cara tudo que evitou ou condenou.

Como a consolidação de seu relacionamento com Kaoru, e o filho que teriam. Além de sua própria relação com Sasuke, e a presença de Itachi, que lhe foi uma agradável surpresa. Então quando finalmente deixou o hospital, se sentiu mais leve pelas possibilidades que teria, do que apenas o alívio de deixar o local pelo qual não tinha afeição.

- É bom poder respirar outro ar depois de ficar tantos dias com aquele cheiro de desinfetante hospitalar. Como aguenta?

- Você se acostuma depois de um tempo. - Sasuke também carregava certa tranquilidade em seu semblante, a qual foi percebida por Madara. - E se sente confortável por saber que o hospital tem essa sensação de que tudo está limpo.

- Assim eu perco o argumento. - Eles se olharam, e sorriram. - Mas ainda me sinto confortável em sair, acho que vou ter uma boa noite de sono em dias.

- Isso também é verdade. Desde que o senhor descanse mesmo.

Madara revirou os olhos, pressentindo como seriam os próximos dias até Sasuke se sentir seguro o suficiente para lhe deixar mais à vontade.

- Não é como se eu fosse sair por aí e lavrar um campo, Sasuke. - O médico não conteve a risada. - Mas também não vou ficar o dia inteiro deitado olhando para o relógio.

- Ainda bem que sabe. - Vez ou outra eles trocavam um olhar. - Esse não é o melhor momento para conversar sobre, mas eu estava pensando em algumas coisas que pode fazer para deixar o sedentarismo de lado, sem parecer um choque na sua rotina.

- Me parece bom. - Madara ponderar sobre o assunto sem negar era uma grande vitória. - Principalmente pela parte que você disse sobre não parecer uma mudança radical.

- Isso nunca funciona. Algumas pessoas podem ter sucesso com algo tão extremo por conta de um trauma ou algo assim, mas não parece saudável. E a ideia seria diminuir o estresse.

Madara não podia negar, estava com várias dúvidas em mente, coisas que talvez só conseguisse responder depois de retomar sua rotina, e ter as rédeas de tudo novamente. Ele queria tentar levar a vida com mais calma, sem aquela incômoda sensação que o acompanhou até poucos momentos antes de enfartar.

Porque agora parecia diferente.

- Nós já conversamos um pouco sobre isso no hospital, mas agora vamos ter mais calma em casa. - Madara passou a mão sobre a camisa, não mais sentindo as protuberâncias causadas pelos pontos que já tinham sido retirados. - Ainda não acredito que a Kaoru está grávida.

Separate waysOnde histórias criam vida. Descubra agora