𝐗𝐕

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Capítulo XVTIMOTHÉE CHALAMET

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Capítulo XV
TIMOTHÉE CHALAMET

Nunca pensei que faria esse trajeto na vida.

Sair de um bairro conceituado em Washington para o subúrbio usando a linha trem. Simulei uma corrida de uber até a minha casa, mas mesmo que pudesse usar todo o dinheiro que Paul, meu irmão, que tem concedido-me , não consigo imaginar tamanha audácia.

Suado, sem fôlego e frustadissimo com os atrasos e a falta de comprometimento das linhas nestas horas da noite, passeio pela estação. Com as mãos no bolso da calça, o cabelo ensopado de chuva e as roupas pesadas pelo mesmo elemento, sinto minha visão cair para chão. O que vou arrumar da minha vida agora?

— Você pode vender algo — surpreendo com uma resposta, nítida, e que não vinha das vozes da minha cabeça.

— Perdão — peço, ao reconhecer um senhor sentado no chão. Aparenta ser um morador em situação de rua da linha de trem. Vestido de farpas e farpalhos, com as pernas cruzadas em pose que chamo de índio, um chapéu, e um violão encostado na parede — pode ler mentes? — indago.

— Não, você que está falando sozinho! — ele roda o dedo indicador em volta da orelha, demonstrando o sinal de loucura. Realmente, será que me tornei louco? Louco por acreditar que poderia fazer uma boa ação aceitando as condições de Paul? Louco por acreditar que um dia Arya poderia ser a mulher dos meus sonhos, se separar de Andrew e casar comigo? Louco por pensar em receber o prêmio de melhor ator nos palcos...

— Desculpa — tento me justificar — estou tendo um péssimo dia! — completo.

— Posso garantir que não está sendo pior que o meu — mostra o ambiente, realmente. Pelo menos tenho um lugar para dormir e chorar as mágoas em paz.

Vulnerável, e percebendo que com certeza há um contratempo com o trem devido às chuvas, sinto meu corpo descer pela parede e se agachar no chão. Contorço a boca, dizendo:

— Minha namorada terminou comigo — admito, poderia sair desse personagem, mas... ele riu. Perai, ele riu? — Isso não é engraçado.

— Todos os dias tem um homem por aqui falando que a namorada terminou com ele, você não é o primeiro e nem será o último — tento dizer algo, mas sou interrompido — o que me resta saber é como você vai terminar com ela? – me alerta e consigo ficar ainda mais confuso quanto já estou — a vida dela, ela pode dominar e fazer o que quiser, mas a sua história, a sua vida, é você que faz.

— Não consigo ver solução para isso — me pus a pensar, em um silêncio ensurdecedor.

— Vai aceitar a derrota? — o morador em situação de rua busca um papel no bolso. Sujo e desgastado desdobra o que aparenta ser uma foto. Uma garota de cabelos encaracolados e um vestido floral está na visão — essa é a minha garota.

— Sua filha? — arrisco, vendo que a mulher é jovem demais para ser a pretendente desse moço. Então, ele nega com a cabeça.

— A mulher que eu amo.

Os gêmeos - Timothée Chalamet Onde histórias criam vida. Descubra agora