CAPÍTULO 28

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O almoço foi tranquilo, Thorment não falou muito, nem Enrico, mas havia uma certa trégua entre o dois.
Marlena tinha acordado deliciosamente dolorida, eles tinham saído e ela resolveu arrumar a casa. Quando tirava o pó da sala, ela abriu bem as janelas e um casal passou de braços dados. Humanos. Engraçado como depois de ficar três anos convivendo quase que só com Novas Espécies, ela estava falando como eles.
Daqui a pouco iria chamar os homens de macho e as mulheres de fêmea.
Eles chegaram, com o almoço nas mãos e Marlena se ocupou com outras coisas.
"Thorment me chamou para ir a fábrica a tarde, mamãe, já que vou trabalhar lá. Tudo bem?" Enrico perguntou, ela sorriu.
"Se quiser ir, será muito bem vinda." Thorment pegou em sua mão e deu um beijo. Enrico olhou para o prato.
Havia tanta coisa a considerar. Manifestações de carinho na frente de Enrico, por exemplo: seria bom ou ruim?
"Eu adoraria." Ela deixou sua mão na dele, afinal era apenas um gesto de carinho. Se não se tocassem na frente dele, ela poderia passar a informação de que a relação dela e de Thorment não era importante.
"Thorment confundiu Simple com Candid. Igual o tio Leo faz." Enrico disse com um sorriso, Thorment deu de ombros. Quando foram no zoológico, Leo chamou Honest de Candid.
"Você não os confunde? Nunca?" Ele perguntou, Marlena ia responder quando reparou que ele tinha perguntado para Enrico.
"Não. É só olhar para as camisetas deles." Enrico respondeu.
"Mas digamos que eles troquem de camisa? Ainda saberia qual seria qual?" Ele perguntou.
"Bom, eu acho que Simple é mais sério, Candid é calado e Honest é o mais divertido e falante." Marlena entrou na discussão. Thorment porém, continuou olhando para Enrico. Seu filho pensou no que ela disse.
"Dá pra fazer isso, se eles quiserem. É só um vestir vermelho e ficar sério, outro azul e ficar calado, outro vestir verde e falar pelos cotovelos." Thorment continuou. Enrico suspirou.
"Mas por quê eles fariam isso?" E Thorment sorriu:
"Exatamente! É o que eu gostaria de saber." Ele sorriu quando disse 'exatamente!'.
"Eu acho que nunca saberemos." Marlena concluiu.
"Talvez poderíamos fazer uma armadilha pra eles, T. Sei lá, gravá-los enquanto estão sozinhos. Eles dormem no mesmo quarto." Enrico disse animado. Marlena notou que ele chamou Thorment de 'T', ela estava se sentindo meio excluída na conversa, mas Thorment encarava Enrico sem deixar de acariciar a mão dela, era bom.
"Armadilha! E acha que conseguiríamos aprontar pra cima dos filhotes mais espertos de toda a Reserva?" Thorment perguntou.
Enrico tomou um grande gole de suco, devia estar pensando.
"Seria legal, não seria?" Ele sorriu.
"Poderíamos usar a fábrica. Colocamos câmeras e os chamamos." Thorment parecia estar levando isso de armadilha muito a sério.
"Eu acho melhor não. Eles não tem por que trocar de lugar. E você mesmo disse que eles são temidos, 'T'." Ela disse o apelido dele com muita doçura.
"Você os teme?" Enrico perguntou.
"Sim, por que não? Eles não conseguiriam me bater, mas eu não teria coragem de bater neles. Falar com o pai deles? Valiant é um frouxo se quer a minha opinião." Thorment disse.
"O tio Valiant é o melhor pai e tio da Reserva!" Enrico se levantou. Marlena suspirou. Estavam indo tão bem.
"Eu não disse que não era. Ele é o melhor! Mas as vezes, não dá pra castigar um filhote de verdade. Depois de um certo tempo, só se pode esperar que eles tenham aprendido com o seu exemplo. Valiant é o macho de mais valor desse lugar, você devia ter o conhecido antes, ele era feroz, o maior filho da..." Ele olhou para Marlena e limpou a garganta.
"Mas aí acasalou e não demorou muito estava cheio de filhotes. De macho mais temido, passou para macho mais caseiro de toda a Reserva. Mas eu o respeito." Ele disse.
Enrico se sentou.
"Você não tem mesmo coragem de bater num filhote?" Enrico perguntou.
"Nunca. Nem eu nem nenhum dos machos daqui. Conhece Brave e Gift?" Thorment perguntou.
"Sim, eu os vi na aula de música."
"Eles vão tomar o lugar dos leãozinhos facilmente quando crescerem. Uma vez derramaram um copo de refrigerante em Daisy para verem os seios dela. E só têm seis anos. Brass só lhes deu castigos. Se você fosse o Brass, o que faria?" Thorment cruzou os braços e se recostou na cadeira.
Enrico nitidamente pensou um pouco para responder:
"Faria o mesmo." Thorment acenou.
Marlena recolheu os pratos e eles continuaram conversando. Ela lavou e secou ouvindo os dois discutindo. Enrico pensava diferente de Thorment, mas eles se ouviam e colocavam seus pontos de vista.
"De noite, eu lavo os pratos antes de ir embora, tá?" Thorment entrou na cozinha e a abraçou pelas costas. Marlena sorriu, feliz. Uma pequena esperança de que as coisas estavam se encaixando bateu no coração dela.
Na fábrica, Simple já estava lá sorrindo e falando com todos quando eles entraram.
"E aqui está ele, pessoal! Novo em folha, pronto pra tomar outra surra!" Ele disse e os outros aplaudiram.
"Você é o melhor, T!" Alguém disse do fundo do galpão. Marlena sorriu.
"Que parte da fachada escrito 'fábrica de móveis' lá fora vocês não entenderam? Trabalhando, todo mundo." Ele disse, as sobrancelhas franzidas. Logo o som de marteladas, serras e pessoas indo de lado a outro foi ouvido.
"Por aqui." Simple disse. Depois da conversa no almoço, Marlena notou que os olhos de Simple eram calorosos, totalmente diferentes dos olhos frios que ele ostentava quando o  conheceu.
Subiram uma escada de ferro, a tinta branca ainda cheirava, e atingiram um enorme mezanino. Thorment olhava tudo com olhos sérios, Enrico tinha os olhos curiosos e entusiasmados.
Uma grande escrivaninha estava bem ao meio e haviam três mesas enfileiradas de um lado.
"Esse é o seu lugar, Thorment. Você é o diretor. Daqui de cima pode ver o que acontece lá em baixo por essas câmeras. Há também pontos de comunicação, basta apertar esse botão. Olha só: Silent, você é um idiota!" Ele apertou o botão, falou e mostrou Silent estendendo o dedo do meio no grande monitor que estava sobre a mesa. Enrico riu.
"Eu devo estar vendo uma filmagem antiga, Sil, ou você fez mesmo isso na frente da minha fêmea?" Thorment apertou o mesmo botão e disse.
"Desculpa, Marlena, mil perdões!" A voz de Silent foi ouvida na máquina da mesa. Eles riram.
"O que achou?" Simple perguntou olhando ansioso para Thorment.
"Isso tudo foi idealizado por Candid, não é? Ele não deveria estar aqui?" Thorment perguntou. Marlena entendeu que ele queria que Candid estivesse ali, que eles eram amigos.
"Ele está de castigo, Thorment. Eu e Honest brigamos e não quisemos contar por quê, nem vamos. Ele também não quis contar." Marlena entendeu por que ele estava com um curativo no nariz.
Thorment acenou.
"Essa é a sua mesa, Enrico." Simple disse. Enrico e ele começaram a examinar a mesa em questão, a cadeira, o computador.
"Ele é Candid, não é?" Marlena sussurrou. Thorment acenou, mas não respondeu. Marlena entendeu que Simple, ou Candid, no caso, poderia ouvir.
A fábrica estava se remodelando e isso era bom. Enrico e Thorment estariam juntos por duas horas todo o dia e isso também era bom, era ótimo. Marlena não se importava se foi Candid ou Simple que conseguiu isso, ela estava grata.
A noite veio, eles jantaram no refeitório e Thorment os levou para casa. Enrico desceu com Cupcake e entrou na casa, deixando a porta aberta. Thorment olhou para os lados, e a beijou. Uma ou duas casas tinham luzes acesas, as outras, ou estavam vazias, ou seus ocupantes já dormiam.
"Amanhã, vou mandar Candid convidar Enrico para dormir na casa dele."
Thorment disse com os lábios ainda tocando os dela. Marlena suspirou, seria uma longa noite. Thorment a beijou de novo, dessa vez mais sensualmente. Ela estava derretendo.
"T, pelo amor de Deus, entra logo. Você e a mamãe estão dando um espetáculo aqui fora. Quer que eu morra de vergonha?" Enrico disse da varanda. Ele entrou de novo.
Thorment sorriu de orelha a orelha, um lindo sorriso que ela nunca o tinha visto dar, a pegou no colo e entrou com ela nos braços. Enrico estava na porta do quarto dele.
"Boa noite. Lembre-se, T, minha audição é normal, mas estou aqui do lado. Boa noite, mamãe." Ele disse e fechou a porta.
Marlena estava feliz, muito feliz ao ver, pela primeira vez seu filho aceitando um relacionamento dela. E de forma tão calma e natural!
Eles entraram no quarto, Thorment a beijou com loucura, rosnando baixinho.
"Será rápido, eu estou te desejando o dia todo!" E foi mesmo. Thorment a penetrou apenas suspendendo sua saia e rasgando sua calcinha. Marlena fechou os olhos, ela estava excitada, muito molhada, mas seu pênis era muito grande, ocupou cada centímetro de sua vagina esticando seus músculos ao máximo. Ele se moveu com loucura, entrando e saindo. Logo ele enterrava o rosto no pescoço dela, segurando um uivo. Marlena também gozou mordendo os lábios.
"Eu estou tão feliz, Thorment. Obrigada." Ela disse, eles ainda estavam presos.
"Eu é que tenho de agradecer. Você é uma fêmea de valor, linda, deliciosa e toda minha. E ainda vem com um filhote incrível no pacote. Eu estou no lucro nessa história." Ele disse e a beijou.
"Acha Enrico incrível?" Ele parecia estar gostando de Enrico, mas achá-lo incrível talvez fosse um pouco demais.
"Ei nunca tive jeito com filhotes. Eu até achava bom não ter uma companheira, pois também não teria filhotes. Enrico é novo, eu sei, mas é inteligente e sagaz, eu gostei muito de passar a manhã com ele, me senti bem, fui eu mesmo, conversamos e rimos, eu o acho incrível sim." Ele a ajeitou nos braços.
"Crianças são bipolares. Haverá dias em que ele estará de mal humor, outros dias estará triste ou até dias em que vai falar coisas rudes, ou fazer alguma maldade. E aí?"
Thorment a colocou sobre seu corpo, ela encaixou seu rosto de lado sobre seu enorme peitoral e ouviu seu coração.
"Posso sair correndo nesses dias? Por que não sou pai dele para colocá-lo de castigo, como Valiant faz." Marlena pensou que não era o ideal, mas era uma idéia.
"Vamos torcer para demorar para isso acontecer, com o tempo, ele vai te respeitar como a um pai, aí, você o colocará de castigo." Marlena disse.
"Sério? Mesmo que eu não queira castigá-lo?" Ele perguntou.
"Sim, ser pai é isso. Se acha que não pode, infelizmente não poderemos ficar juntos. Eu sou um pacote, Thorment." Era mesmo.
"Fazer o quê, né? Deveria ter me avisado antes de eu me vincular, ou antes de conhecer Enrico e descobrir o filhote incrível que ele é. Agora é tarde. Eu te amo." Ele ergueu o rosto dela e a beijou.
Um beijo diferente, um beijo cheio de carinho, cheio de amor.

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