Marlena abriu os olhos e deu de cara com os olhos castanhos de Thorment. Eram olhos incríveis, castanhos com raios verdes próximos as pupilas. Ele estava sério. Como sempre, se ela fosse sincera. Thorment era sombrio, observador e intenso. Seus sorrisos eram raros.
"Bom dia." Ela sorriu, ele continuou olhando para ela intensamente.
"O que foi?"
"É que... Eu não consigo parar de pensar em Candid. Ele a colocou aqui, esperando que eu me envolvesse e me envolvi. Como aquele pestinha pode ter me manipulado desse jeito?"
Marlena se sentou, puxou o lençol sobre o corpo. Eles fizeram amor durante todo o final de semana, pararam só para comer e cuidar de Chelsea. Até os banhos foram a dois com muito sexo envolvido. E ele continuava com aquela obsessão com Candid, um rapaz bom, simpático e bem intencionado.
Thorment se levantou e ficou a janela de costas para ela. Marlena o olhou com cobiça, ele era lindo, o corpo perfeito.
"Quando você diz que se envolveu, o que quer dizer?" Ela se fez a mesma pergunta, teria se envolvido com Thorment? Sem nem o conhecer? Ela não tinha uma resposta clara a isso. Talvez devesse ficar sozinha e pensar um pouco.
"Quer dizer que te quero. Que não tenho vontade nenhuma de ir para a fábrica, de sair dessa cama."
"Isso é desejo, não envolvimento." Ela disse.
"Não é muito diferente pra nós." Ele deu de ombros.
Marlena tentou mudar o assunto.
"Bom, vamos ter de sair. Eu estou com muita saudade de Enrico." Ele voltou seus olhos para ela, frios, maus, ela se encolheu.
"Não. Não vou tolerar que..." Ela não deixaria ele mandar nela, então, se levantou de um salto da cama.
"Você não pode me impedir de ver meu filho, e se insistir nessa loucura, vou embora agora, nem que seja andando."
"Você tem um filhote?" Ele perguntou, totalmente confuso.
"Sim. E preciso de uma carona para ir vê-lo, na casa de Candid." Quando ela disse Candid, ele estreitou os olhos. Marlena ficou triste. Thorment devia ter algum problema mental. Era uma pena, o sexo com ele foi incrível. E ela se sentia ligada a ele, mesmo o conhecendo a pouquíssimo tempo.
"Como pôde vir pra cá e não trazê-lo?" Para crédito dele, seu tom era de curiosidade e não de julgamento.
"Eu queria ficar sozinha, eu fiquei muito mal com..." Será que ele se enfureceria se ela falasse o nome de Bestial?
"Então, veio pra cá." Era uma afirmação, sua voz estava fria. Ele não voltou os olhos da paisagem lá fora.
"Vou pra minha cabana. Vinte minutos são suficientes?" Ele pegou Chelsea junto com sua caminha e se foi, nú. Não era como se houvesse alguém ali para vê-lo.
Marlena correu para o banheiro tomou banho e se vestiu, um sentimento ruim tomando seu coração, dúvida principalmente. Ela não devia ter se deixado levar e acabado na cama com Thorment. Quando ele disse que se envolveu, seu coração quase saltou pela boca, mas quando ele pareceu entender o por quê dela ter se enfiado no meio do mato, ele se tornou frio. Quando saiu seu tom foi indiferente.
Ela olhou em volta, mas tudo estava arrumado. Ela saiu, foi dar um beijo em Chelsea e Thorment entrou no jipe e esperou.
"Já a levou a um veterinário?" Ela perguntou enquanto ele entrava na entrada."
"Não, eu quero que ela se arraste até morrer, sem nenhum tipo de tratamento." Ele disse, os olhos na estrada.
Marlena pensou em milhares de xingamentos desde filho da puta até desgraçado, mas ela conhecia bem os homens, ele queria atenção. Ela então, tirou um dos livros dele da bolsa e começou a ler o ignorando.
"Conseguiu o que queria. Quando chegarmos, eu vou pro hotel. Candid pode pegar minhas coisas." Ela disse sem levantar os olhos do livro.
"Marlena." Ele parou o jipe.
"Me desculpe, eu..."
"Não, não desculpo. Você é um idiota, e acho que tem problemas mentais. Não voltarei para a cabana, eu fui pra lá procurando sossego, não um louco bipolar."
"Eu não sei o que isso significa." Ela deu de ombros.
Ele colocou o jipe em movimento.
"Quem é o pai do seu filhote?" Ela não respondeu. Não devia explicações a ele.
"Por que não me disse que tinha um filhote?" Ela não responderia. Ela queria chorar, depois do triste fim da relação com Bestial, ela, por um segundo pensou que ela e Thorment poderiam se acertar.
Ele por fim se calou. Ficaram em silêncio por vários quilômetros, até que ele suspirou e disse:
"Não tem cura. Ela está muito velha, não aguenta uma cirurgia. Ela toma remédios para a dor. Qualquer dia vou chegar e..." Ele apertou o maxilar.
Ele não sabia lidar com coisas dolorosas. Ele atacava.
"Sua dor pela perda iminente dela não te dá o direito de me atacar. Ainda não te desculpo." Ele acenou.
Marlena pensou na pobre cadelinha. Ela era doce, seus olhinhos eram atentos. Ficou triste.
Finalmente ela viu uma casa, depois de alguns minutos, outra e finalmente uma enorme casa, a qual ele parou o jipe na entrada.
Marlena desceu e lhe estendeu o livro.
"Pode ficar." Ele disse sem olhar para ela.
Marlena bateu na porta e uma linda garota ruiva a abriu.
"Oi, eu sou a mãe de Enrico." Ela sorriu, um sorriso caloroso e deu espaço para Marlena entrar. A casa era muito bonita.
"Eu sou Violet. Venha, estamos tomando café." Ela a guiou para uma grande sala de jantar, onde uma mesa enorme abrigava um monte de gente, a maioria ruiva. Violet foi lhe falando alguns nomes, mas ela confundiu tudo. Os trigêmeos eram tão iguais que ela não conseguiu distinguí-los.
Enrico pulou da cadeira e abraçou. Ela o beijou e um pouco da tristeza foi aliviada. Ele era o ser mais importante de sua vida, o resto era resto. Ainda que este resto tivesse os olhos mais lindos que ela jamais viu.
Uma mulher pequena saiu da cabeceira da mesa e a abraçou. Marlena a segurou um pouquinho mais do que era necessário e ela a olhou com solidariedade nos olhos azuis.
"Eu sou Tammy, mãe de toda essa turma, por favor sente-se." Ela indicou uma cadeira em frente aos trigêmeos. Um deles lhe sorriu, um grande sorriso, outro, um sorriso maldoso e outro acenou, solene. Seria o famoso Simple? O pai deles disse, com voz trovejante.
"Enrico estava preocupado que você não aparecesse hoje. Iremos ao zoológico e ele queria muito que você fosse."
"Eu disse que viria hoje, meu amor, e aqui estou." Ela tocou na bochecha dele. Enrico tinha acabado de completar dez anos, mas ainda era muito dependente dela.
"Eu fiquei com medo de você ter conhecido outro homem e me deixado aqui." Ele disse os olhos baixos. Marlena sentiu as faces queimarem.
"Mas se não foi você que quis ficar com a gente! Sua mãe apenas aceitou para que você se divertisse." Candid, era ele que lhe tinha sorrido amistosamente, contestou.
"Sim, eu..." Enrico não soube o que dizer, Marlena achou melhor mudar de assunto:
"Depois do Zoológico, vou conversar com Slade. Não vou tirar férias mais, resolvi começar a trabalhar, assim, ao invés do hotel, iremos para uma casa, o que acha?" Ela bagunçou o cabelo dele.
"Perto daqui? Eu e Sheer somos amigos e há Smile Two, Sunny, Miracle, Harrison..."
"Eu não sei." Ela olhou para Candid.
"A área das casas dos trabalhadores humanos fica no outro extremo do complexo, separada da nossa área familiar." Foi Simple quem respondeu.
"Podemos dar um jeito. Nem que você fique aqui em casa, mesmo, Marlena. Até você e Thorment se acertarem." Valiant disse e sorriu. Tammy o olhou confusa, mas assentiu.
"Quem é Thorment, mamãe?" Enrico perguntou, o rostinho triste. Marlena foi salva de responder quando uma moça apareceu.
"Muito tarde? Eu peço desculpas, Tammy."
"O que é isso, querida? Claro que não. Venha. Essa é Marlena, acabou de chegar." A moça sorriu para Marlena e se sentou ao lado de Simple. Ele disse um 'bom dia' um tanto frio para ela na opinião de Marlena.
"Sou Cassandra, pode me chamar de Cassie." Ela sorriu.
"E pode me chamar de Lena." Marlena gostou dos olhos sinceros e amistosos de Cassie.
Ela comeu uma grande porção de ovos, bacon, e ainda encheu seu prato de torradas, todas com bastante geléia de amendoim, e tomou com leite. A comida estava deliciosa na opinião dela.
"Thorment exigiu bastante de você." O que deveria ser Honest disse. O irmão que estava ao lado dele na mesa, James, lhe deu um ruidoso tapa na nuca. Tammy limpou a garganta.
"Vai trabalhar em que função, Marlena?" Ela perguntou.
"Secretária. Slade pareceu gostar da idéia, mas haverá um processo de adaptação."
"Slade com secretária? Isso eu quero ver. Ele é um bagunceiro e desorganizado. Te desejo sorte, Marlena." James, que bateu na nuca de Honest disse e sorriu. Marlena sorriu de volta, ainda que o sorriso dele tivesse sido meio frio.
"Mas e as férias?" Candid perguntou.
Ela baixou os olhos. Férias pra ficar se lembrando do final de semana tórrido que ela acabou de passar? Não mesmo.
"Eu não sei ficar parada." Ela disse simplesmente.
"Com licença." O irmão mais velho disse e se levantou. Enrico e o outro menino, Sheer, pularam da cadeira.
"Vamos para o refeitório, tio Noble?"
"Não. Não haverá aula hoje." Ele disse, brusco, já saindo. Sheer olhou com olhinhos tristes para outro dos gigantes, o mais bonito, que devia ser pai dele.
Ele o pegou, colocou no ombro e deu a mão para Enrico.
"Que tal andarmos de skate?" Ele disse saindo com eles. Enrico sorriu para ela quando saiu.
"Se não der um jeito nele, eu vou dar, meu amor." Valiant saiu. Ele era impressionante, enorme e musculoso.
"Podemos fazer uma ou outra coisinha, mamãe, é só você autorizar." Simple disse dessa vez com um sorriso malandro.
Sua mãe, porém, fingiu que nem ouviu. Simple se levantou, olhou para os outros dois e os três saíram da sala.
"Marlena, que tal me ajudar com essa louça? Podemos conversar." Marlena acenou e começaram a retirar as louças da mesa, Cassandra fez que ia ajudar, Tammy ordenou que ela continuasse a comer. As duas moças ruivas, Violet e Daisy, também ajudaram e quando toda a louça estava na pia, começaram a lavá-las. Tammy a puxou para um jardim que havia nos fundos. Elas se sentaram.
"O que Thorment aprontou com você?"
Marlena suspirou.
"Foi tão rápido, tão intenso! E terminou da mesma forma." Ela deixou a tristeza aflorar e chorou.
"Eu nem sei por que estou assim. Foi só sexo!" Tammy sorriu triste e segurou uma mão dela.
"Com eles, nunca é só sexo." Com Bestial tinha sido. Marlena arregalou os olhos ante essa descoberta. Ela passou meses com Bestial, mas não sentiu a dor rasgando seu coração que sentia agora.
"O que foi?" Tammy perguntou.
"Bestial. Eu não me senti assim. Nós tivemos, sei lá, vários encontros antes de dormimos juntos. Conversamos, nos divertimos. E eu estava tão feliz! Mas ele terminou comigo a pouco mais de dois meses atrás, aparentemente por outra. E doeu. Quando eu soube que tinha sido por outra, eu me senti um lixo. E desde então, ficava me perguntando o que eu fiz de errado. Era isso que doía. Ter sido trocada, a relação não ter dado certo. Mas depois desse final de semana..."
Tammy apertou sua mão.
"Thorment é complicado, querida. Se me perguntasse, eu diria que seria o último macho para se envolver, logo após um término. Só me responda uma coisa: Candid me disse que você estava numa cabana aqui perto. Uma das cabanas perto do lago. Thorment não anda muito por aqui, a menos que precise, como o conheceu?"
"Eu estava numa cabana a quilômetros daqui, do lado da dele." Tammy estreitou os olhos.
"E foi Candid que a levou?"
"Sim, eu esperava que Vengeance viesse me buscar, a idéia de vir pra cá foi dele e de Marianne. Mas quem me recepcionou foi Candid. E ele parecia saber da minha situação, pois foi ele que me sugeriu ir para lá."
Tammy ficou pensativa.
"E você e Thorment..."
"Sim, como dois coelhos no cio. Eu não sei muito bem o que deu em mim."
"E agora, Thorment, como o idiota que é estragou tudo." Era uma afirmação muito acertada.
"Sim. Eu não contei sobre Enrico, não por vergonha ou coisa parecida, mas por que não conversamos muito. Quando eu disse hoje, que tinha de vir pra cá, para vê-lo, ele mudou." "Converse com ele, querida. Thorment é muito fechado e..."
"Não. Ele foi muito grosso. Eu jurei pra mim mesma que não ia nunca mais deixar que um homem me dominasse. E ele parece ser muito dominador."
"Então, está no lugar errado, Lena. Aqui só vai encontrar desse tipo. Eles são alfas."
"Bestial não era assim." E ela não entendia, mas isso não a atraía mais.
"Bestial sufoca sua natureza, todos em Homeland fazem isso. Aqui, todos tem sua natureza aflorada. São selvagens, indomáveis, difíceis de contornar, teimosos. E eu não trocaria meu cabeça dura, por nenhum almofadinha de Homeland." Ela sorriu, como só uma mulher bem amada em todos os sentidos poderia sorrir.
E o pior foi que Marlena se viu concordando ela.
"Se não ir até ele, ele virá atrás de você, isso é um fato. Bom, tenho um filhote mentiroso para castigar, fique a vontade, querida." Ela saiu do jardim, seu andar, mesmo com sua pequena estatura, parecia o de uma leoa.
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THORMENT
FanficPara Thorment, compartilhar sexo era um prazer efêmero se se fosse considerar o enorme trabalho que as fêmeas tanto humanas quanto as Novas Espécies davam. Ele não tinha o mínimo de paciência ou vontade de acasalar, então abraçou o celibato com gost...