CAPÍTULO 11

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Candid pegou Faith no colo e a beijou, a filhote balançou o toquinho de calda com força, e foi tão fofo que Honest também riu como os outros. Só, que se o irmão estivesse pensando por um instante que a filhotinha de Leo o iria despistar, ele estava muito enganado.
Honest inspirou fundo e sentiu o cheiro de Simple na fábrica, mas só acreditaria que ele estava lá se o visse  lá.
Ele sorria, mas por dentro estava possesso. Candid estava chantageando a doutora Mônica e não quis dizer como.
Simple podia estar com Cassie agora, pelo que ele sabia. Porra! Honest odiava que mesmo depois de tanta disciplina de tanto desenvolver seu faro, ele ainda não fosse como o irmão mais velho. Ninguém era, ninguém nunca seria. Ainda que o faro dele e de Candid fosse muito melhor do que de qualquer outro Nova Espécie, era algo que Simple era melhor, e Honest se desprezava por ser o número dois.
O zoológico era distante da casa deles, mas Honest podia sentir o cheiro de Cassie. Não o de Simple. Ele pensou que podia relaxar, Simple estava focado em dirigir a fábrica. E ele entendia que ele e Cassie não deviam ficar juntos. Honest resolveu deixar Simple e Cassie pra lá. A sua liderança acabaria nesse mês e Simple seria 'Simple' por quatro meses. Ele e Candid tinham resolvido de manhã que não lutariam, Seria bom ser chamado de Honest por um tempo. E a recompensa poderia estar no hospital.
Candid estava ocupado, levando Enrico para conhecer os filhotes de leão. Honest não se preocupava muito que Simple fosse a forra por ele ter trazido Cassie para a Reserva. Candid por sua vez, chantageou a doutora e estava muito cheio de si por isso. Seria errado, muito errado se passar por Honest, quando, nesse mês, ele era Simple, mas qual o problema? Tanto Simple quanto Candid já se rebelaram contra a Unidade, mais de uma vez. E foi pensando nisso que ele foi se afastando, até chegar ao ponto de que poderia correr. E correu até o hospital. Ele entrou sem que ninguém o visse e foi ao banheiro. Tomou uma ducha, lavando-se bem. Quando saiu Destiny entrava no banheiro.
"Honest? Hoje não era a sua folga?" Ele usou o mictório e lavou as mãos.
"Eu fiquei entediado, resolvi vir pra cá." Ele abriu seu armário, tirou um conjunto verde e vestiu.
"Aqui não é a sua casa, filhote. Você não entra e começa a trabalhar. Há uma escala que deve ser obedecida." Florest entrou no banheiro. Honest adorava perturbá-lo.
"Da mesma forma como alguns medicamentos não são de uso geral,  estão disponíveis apenas para alguns médicos e são proibidos a outros." Destiny baixou os olhos e saiu do banheiro. Ele claramente não iria se envolver entre a doutora Trisha e Florest. Honest, porém, estava ansioso para isso.
"Não me ameace." Florest se aproximou. Ele era maior e poderia até ser mais forte, mas Candid era muito mais forte que Honest e Honest o vencia sempre. Numa luta, a força e tamanho ajudavam, mas não eram decisivas. Crueldade era. E isso Honest tinha de sobra.
"Seria um desafio. Mas nossas mães não iam gostar, Florest. E seríamos expulsos daqui."
O macho ficou pensativo. Ele amava trabalhar ali.
"Ok, mas volte. A escala deve ser obedecida." Ele se esticou todo. Honest rosnou.
A voz da doutora foi ouvida num corredor perto dali.
"Que tal deixarmos uma doutora de verdade decidir, Florest? Se ela disser que sim, vou auxiliá-la. Se não, vou embora." Florest sorriu de lado. A doutora era a maior defensora das regras entre todos ali. Ela não dava um passo sem saber qual era o fluxo estabelecido.
Eles saíram, Florest veio todo agradável encontrá-la.
"Doutora Bishop. Honest está de folga, mas como trata o hospital como se fosse o parquinho de diversões dele, quer por que quer trabalhar. O que a senhora diz sobre isso?" Enquanto Florest falava, a doutora olhou para Honest, que sorriu e piscou. Ela imediatamente olhou para o chão.
"Está bem calmo, hoje, Honest. Não tem nada melhor pra fazer? Sair, apor exemplo, se encontrar com alguém?" Florest franziu as sobrancelhas.
"Não. Eu quero muito ser útil, Mônica." Ele disse o nome dela, ela engoliu em seco.
"Mais respeito, filhote. É doutora Bishop pra você."
"Mas se foi ela que me autorizou." Honest estava jogando pesado, ele viu quando os olhos dela chisparam.
"Sim, eu não... Me importo." Ela falou com os dentes apertados. Florest a fitou desconfiado. Honest pensou que era uma pena ele ser tão parecido com sua mãe. Se tivesse puxado Slade, Honest não teria tanta chateação desde que ele começou a trabalhar como médico ali.
"Se quer ficar, Honest, por mim tudo bem." Ela encerrou o assunto. O que diabos Candid descobriu sobre ela?
Florest abriu as narinas, mas virou as costas e saiu pelo corredor pisando duro.
A doutora o puxou pela camisa do traje e entraram num quarto. Ela fechou a porta.
Honest sorriu.
"Nem precisava me puxar, Mônica. Embora um pouquinho de força me excita."
Ela rosnou. Era incrível como ela era bonita, uma Nova Espécie linda de segunda geração. Honest pensou por um instante: segunda geração?
"Você disse que seria só por uma semana, por que continua com isso? Não tem honra, por acaso?" Candid lhe deu uma margem de tempo? Ele era um idiota.
"Mas você não cumpriu a sua parte."
"Você disse que bastava que eu tentasse, que eu..." Ela se calou.
Ele se aproximou dela a encurralando na cama e inspirando fundo. Sim, estava ali, segunda geração, talvez da idade de James e Joe. Que droga, como ele não tinha visto isso? A porra da valeriana que ela usava.
"Você é uma amante das regras, Mônica. Sabe que você não cumpriu a sua parte, o que me permite não cumprir a minha. A menos que você me dê algo em troca." Ela estava ofegante. Honest a cheirou no pescoço e o cheiro o fez rosnar baixinho.
"O que você quer?" Ela perguntou erguendo o queixo. Eles eram quase do mesmo tamanho, Honest tinha uns poucos centímetros a mais. Ele a beijou na boca de leve, ela se afastou com os olhos arregalados.
"Eu nunca pensei que você seria tão abusado." Ela estava muito brava, mas um cheiro delicioso de excitação exalava dela.
"Você gostou. E olha que foi só um beijinho, doutora Bishop." Ele deu passo para frente, ela deu um para trás, já encostando na parede.
"Pare. Não faça isso." Ela ordenou. Sua voz de comando era hesitante.
"Eu não estou fazendo nada, doutora Bishop. Só desfrutando do seu cheiro delicioso, só isso." Ele inspirou bem perto do meio dos seios dela, sem no entanto encostar nela.
Ela tocou em seu rosto, Honest fechou os olhos. Ela era deliciosa e ele iria...
"Que porra!" Ela o acertou com muita força nas bolas, a dor explodiu tão cortante que seus olhos marejaram.
"Não se atreva a me tocar, seu filhote metido a besta!" Ela disse e saiu. Honest se deitou na cama e gemeu segurando as bolas. Foi uma joelhada muito bem dada.
"Sabe, deu pra ouvir o barulho das suas bolas estourando de lá de fora."
Candid disse entrando no quarto.
Honest se sentou.
"Eu fiquei curioso e... Eu serei Honest mês que vem, queria saber o que você estava usando contra ela." Candid riu.
"Acho que precisamos de uma reunião. Simple apagou a mente de James, Joe e Honor, mas eu ouvi os gritos de Cassie lá do zoológico. E você está aqui agindo como Honest. Se metendo nos meus assuntos."
"Como você pode ter ouvido os gritos de Cassie?" Ele estava mentindo. Eles podiam sentir o cheiro dela mas ouví-la, não.
Candid ligou um gravador e a voz de Cassie gemendo se ouviu por um instante. Ele desligou.
"Precisamos de uma reunião. A menos que você tenha de passar a noite aqui." Candid olhou para a virilha dele.
"Vai tomar no cu." Honest se levantou e respirou fundo. A dor estava passando.
"Meia noite?" Candid mais afirmou que perguntou. Honest acenou, ele saiu.
A doutora Mônica Bishop era uma Nova Espécie de segunda geração e escondia isso, assim como escondeu que era Nova Espécie quando foi trabalhar em Homeland. Honest não tinha os detalhes de como ela se explicou e parou de mudar a sua aparência. Mas conhecendo o tio Justice como o conhecia, Honest sabia que bastou uma história triste e ele e os idiotas de Homeland a aceitaram de braços abertos.
Mas como reagiriam se soubessem que ela continuava mentindo? Honest porém não queria usar de chantagem com ela. Não, forçá-la não era nem um pouco divertido, não para levá-la para a cama, pelo menos.
Ela era deliciosa e ele iria desfrutar dela até se cansar, mas primeiro, a faria implorar por ele.

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