CAPÍTULO 5

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Aquela semana tinha sido intensa! Thorment dirigia para sua cabana bem devagar, esperando sua mente parar de sair fumaça. Puta merda!
Havia algo que não fazia sentido, algo muito estranho nessa semana que se passou. E Candid estava envolvido, só podia estar!
Ele não viu a cara dele toda a semana, mas essa semana foi a mais esquisita de sua vida e ele deveria estar metido nisso, tinha de estar!
A doutora foi duas vezes na fábrica, sem motivo aparente. E a tal Cassandra ia todos os dias. Bells e ela conversaram. Bells tinha um coração de manteiga, a chamou para jantar e tudo. Jewel, porém não foi muito hospitaleira, o amigo contou que quando Jewel bateu os olhinhos em Cassandra, ela rosnou, mostrando os dentinhos. Abriu o berreiro e só calou quando Cassandra foi embora.
Essa manhã, ela chegou na fábrica e se sentou perto de Thorment, enquanto ele lixava uma peça. Ele quase lixou foi seus dedos. O cheiro gostoso dela o entorpecendo como uma droga.
"Thorment?" Ela tinha dito. Ele olhou para os lados, o único ali era Oaks, era como se estivessem sozinhos.
Ele levantou os olhos para ela, os dela estavam tristes e ele teve um arroubo por beijá-la até que a tristeza passasse.
"Jewel gosta de você?" Ela perguntou.
Ele deu de ombros.
"As vezes. Ela é mau humorada." Ela se aproximou, Thorment se afastou. Ela percebeu e baixou a cabeça.
"Eu acho que meio que me apaixonei por Simple, sabia? Ele conseguiu que eu fosse curada de uma doença mortal. Ele parecia gostar de mim, mas num dia estava todo sorridente, no outro, seu sorriso não alcançava seus olhos. Me chamou para vir aqui, eu gostei da idéia de investir, mas ele não apareceu no hotel." Coitada. Logo Simple, o mais desgraçado dos três!
Ela pegou em sua mão, ele quase a machucou.
"Que porra, Cassandra! Quer perder os dedos?" Ela se assustou.
Ele desligou a lixa.
"Eu sinto muito. Eu não sou muito indicado para conversas." Ele disse e ligou a lixa de novo encerrando a tal conversa.
Ela saiu. Thorment deu de ombros. Fêmeas eram isso. Irritantes, emotivas. E o faziam se sentir mal quando não conseguia ser bom para elas.
"Sempre podemos contar com sua delicadeza quando o assunto são as fêmeas, T." Oaks disse.
Ele desligou novamente a lixa e saiu. era dia de trocar os livros. Thorment sempre doava os livros e pagava o valor integral pelos novos. Ela, porém, tinha lhe dado um desconto no preço dos livros novos.
Ele chegou a livraria e ela estava numa escada mexendo numa alta prateleira. Thorment fingiu que não viu a escada, ou que ela usava uma saia que lhe permitia ver suas pernas, e bateu o ombro nela. A fêmea deu um grito,  tentou se segurar na prateleira, mas caiu nos braços de Thorment.
Não foi problema nenhum segurá-la, ela era pequena. Seu corpo era curvilíneo, macio. Thorment devia estar louco, não entendia o que estava acontecendo com ele.
Ele a colocou sobre seus pés e sorriu, mas ela não retribuiu o sorriso.
"De nada?" Ele disse.
"Não vou agradecer, você me derrubou." Ela era um tanto azeda.
"Na verdade, você colocou essa escada no lugar errado. Eu só a percebi quando era tarde demais." Ele disse e ela olhou para baixo.
"Que seja!" Ela foi para trás do balcão.
"Gostei do cheiro do seu xampoo. Aliás, gostei do seu cheiro. " Ela não respondeu.
"É quase como se soubesse que meu nariz não suportaria se o cheiro fosse forte." Ele falou se aproximando do balcão, ficando bem pertinho dela.
"Isso iria significar que eu tenho algum interesse em você. E acredite, eu não tenho." Ela disse, mas seus olhos estavam quentes, como se desmentissem suas palavras. Os lábios dela eram vermelhos, cheios.
Thorment piscou. Pegou os livros e saiu sem se despedir.
Ele tinha voltado para a fábrica, só para mais tarde a doutora procurá-lo.
Ela entrou na fábrica e foi logo invadindo seu espaço pessoal.
"Posso ajudar?" Thorment queria se afastar, mas seus pés o colavam no chão.
Ela parecia confusa.
"Móveis. Eu preciso de móveis. Ela se aproximou mais. Uma cômoda, ou uma cama." Os olhos dela pararam na boca dele. E ele olhou para a boca dela. Oaks e os outros estavam já se limpando no vestiário, do lado de fora, Silent já tinha ido, Bells não foi trabalhar.
"Uma cômoda? Pensei que estivesse no hotel." Ele não falaria a palavra 'cama', nem por sua vida.
"Sim, mas talvez eu vou ficar numa casa, se eu gostar daqui." Ela passou os olhos pelo corpo dele.
"Talvez? Resolva se vai ficar e aí encomende os móveis. Com licença."
Thorment tinha corrido para o jipe e saído sem nem trocar a camisa suada que usava.
Ele parou o jipe. A fêmea da livraria o tentava, A doutora o tentava, e Cassandra...
Bom, pelo menos não trabalharia esse sábado, nem no domingo. A fábrica abriria no sábado, mas ele não estava trabalhando em nenhum móvel, então, ficaria em casa, sozinho com Chelsea. Esses dois dias iriam limpar sua cabeça, na segunda o Thorment de sempre, impassível e indiferente colocaria um fim na presença dessas fêmeas na fábrica.
Ele ligou o jipe. As vezes tinha vontade de morar mais perto da fábrica. Hills, por exemplo, que morava numa cabana praticamente ao lado da dele, morreu e ninguém estava lá para socorrê-lo. Foi na  invasão. Thorment foi um dos que foram atingidos por aquela munição estranha e ficou um bom tempo no hospital. Hills foi atingido, mas voltou pra casa confiando em sua cura acelerada. Mas não se curou. Morreu.
Thorment tinha vontade de demolir aquela cabana as vezes. Eles eram amigos, tudo o que um precisava, o outro ajudava. Thorment construiu sua cabana primeiro, Hills começou a dele, mas não era um bom construtor, então, Thorment o ajudou. As cabanas ficaram quase coladas, por causa das pedras pesadas que os idiotas dos humanos descarregaram bem ao lado da cabana de Thorment.
Thorment sorriu, se lembrando que as vezes eles conversavam tarde da noite, cada um em sua cama. Hills era meio devagar, sua mente não funcionava bem. Ele era parecido com Silent, embora Silent acabou arrumando Emma. Hills deve ter morrido virgem.
Thorment balançou a cabeça, tentando afastar esses pensamentos tristes. A última curva a direita estava quase chegando. Daí só mais cinco minutos e ele...
O cheiro de comida o atingiu em cheio e ele pisou mais forte no acelerador. Não havia nenhuma cabana por perto, alguém estava na cabana dele.
Ele dirigiu a uma velocidade insana e quando chegou a sua cabana, sentiu que havia uma fêmea desconhecida na cabana de Hills e o cheiro vinha de lá.
Ele desceu do jipe, abriu a porta com violência e assustou a fêmea mais bonita que ele jamais viu.
Ela deu um grito e a vasilha que ela lavava caiu no chão e se quebrou. O barulho o fez piscar e tirar os olhos dos olhos castanhos claros dela. Ela fechou a boca e respirou fundo.
"Madre de Diós! Quase me mata do coração." Ela colocou a mão no peito, sobre os seios que subiam e desciam. Seios generosos, ela usava uma camiseta de alcinhas e estava sem aquela coisa que as fêmeas usavam para cobrir os bicos dos seios. Os dela quase furavam o tecido.
"Quem é você? O que faz aqui? Quem autorizou a..."
Thorment olhou em volta. De onde saiu aquela cama? A cômoda, os criados mudos, a mesa com quatro cadeiras? Ele passou a mão pelo tampo da mesa. Ele fez aquele conjunto. Que porra era aquela? A cabana estava limpa, arrumada, quando isso aconteceu?
"Eu estou de férias, senhor. Candid me trouxe. Ele disse que havia um morador ao lado. Ele me colocou na cabana errada? Essa cabana é sua?" A voz dela era doce, cantante. E ela falava diferente, como alguns humanos que trabalhavam na Reserva falavam.
"Não. Essa cabana era de um amigo. Ele morreu." Ela se aproximou dele e lhe tocou o braço. Um choque o percorreu, ele deu passo para trás.
"Eu sinto muito." Ele olhou nos olhos dela e viu que ela realmente sentia.
Ele saiu da cabana. Lá fora respirou fundo e pôs os cabelos pra trás.
Candid! Ele finalmente se meteu na história! Thorment quase sentiu alívio. Agora sabia que ele estava aprontando. Agora podia...
O quê? Mandar a fêmea linda embora? A cabana não era dele. E o que Candid ganharia colocando uma fêmea, ainda que ela fosse linda do lado de sua cabana? Nada.
Thorment pensou se não estaria ficando louco. Candid queria dirigir a fábrica, Thorment tinha certeza disso. Mas aproximar  Thorment de uma fêmea não o ajudaria em nada.
Thorment resolveu jogar o seu jogo. Aquela fêmea deveria ser uma prostituta. Deveria estar sendo paga para provocá-lo. A roupa dela, uma simples camiseta e um short que mostrava as pernas bem torneadas e morenas, deviam ter sido calculadas para o deixar excitado.
Funcionou, mas ela não conseguiria o pagamento. Thorment estava a anos, muitos anos sem compartilhar sexo. Ela não era irresistível.
Ele foi para a sua cabana e Chelsea estava na sua caminha. Limpa e alimentada. Ela esteve ali. Era muita audácia!
"Oi, querida!" Chelsea abanou o rabo com força, mas não tentou se levantar. Ele foi pro banheiro e ficou um longo tempo debaixo da água fria. Essa semana foi cansativa, as fêmeas, o trabalho, tudo o esgotou. Ele se Ensaboou e lavou os cabelos. Estavam compridos demais, na segunda,  quando fosse devolver os livros, iria cortá-los. Apararia a barba também. E veria a fêmea. Ela estava interessada nele, seus instintos diziam isso. Talvez... Porra! Ele não conseguia esquecer os olhos claros da prostituta. Ou os seios. Ou as pernas. Thorment se tocou. Seu pau nunca esteve tão sensível, tão em riste, desde a muito tempo. Ele o apertou. Fechou os olhos, era bom. Desceu a mão e subiu. Rosnou. E respirou fundo.
Não. Se ele gozasse, iria querer mais. E a prostituta o excitou tanto que poderia passar a noite ali. Ele tinha de resistir. Mas seu pau estava tão duro! E fazia tanto tempo desde a última vez!
Que se foda! Ele pensou e continuou com a subida e descida. Ele rosnou, era bom! Subindo e descendo com força agora. Ele tocou suas bolas com a outra mão. A boca dela! Thorment imaginou aqueles lábios grossos o chupando e rosnou mais alto. Sim, ele a pegaria pelos cabelos e foderia sua boca. Ela devia estar acostumada a isso. Ele foderia com força, ele...
Batidas em sua porta. Era ela! Thorment gozou e uivou.
"Senhor?" Ela estava dentro de sua cabana, a poucos metros do banheiro. E a porta estava aberta! Thorment ainda se sentia zonzo do gozo e ainda segurava seu pau quando ela o viu. Ela arregalou os olhos e saiu da cabana.
Thorment uivou de novo, dessa vez de frustração.

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