Unagui-parte 2

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—Como...?— Tanjirou piscou duas vezes tentando assimilar o que tinha acabado de ouvir. Até pensou se não tinha ouvido errado.

—É uma longa história...

—Você... Quer falar sobre isso...?— Tanjirou estava cheio de perguntas, mas não insistiria no assunto se fosse desconfortável para Zenitsu falar sobre aquilo.

—A–Acho que é justo agora que eu já comecei...

—Não não— Tanjirou negou com a cabeça— Eu quero forçar você a falar nada...— Zenitsu sorriu um pouco olhando para baixo.

—Tá tudo bem... Eu me sinto confortável pra falar sobre isso agora...— Houve um curto momento de silêncio antes do guarda–roupa fazer um barulho de "creck" que fez Zenitsu gelar por um momento achando que ele iria quebrar— Mas acho que é melhor a gente sair de dentro do armário primeiro...

—Er... Eu acho que sim...

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O casal agora se encontrava sentado no sofá do quarto do mais velho um de frente pro outro, Zenitsu mantinha seu olhar meio baixo enquanto Tanjirou segurava sua mão boa tentando lhe passar uma sensação de conforto.

—Aí... Por onde eu começo...? É uma história bem longa...— O loiro riu de nervoso.

—Pode demorar o tempo que precisar, eu estou aqui pra te ouvir— Tanjirou suspirou.

—Obrigado meu bem...— Zenitsu sorriu— Tudo bem... Você... Lembra que eu sou adotado né...?

—Sim, eu lembro.

—Bem, eu ainda tenho algumas memórias da minha família biológica elas... Não são nada boas... A minha mãe me odiava e eu não lembro por que... Acho que era por que eu chorava demais...

—Que? Mas isso é um absurdo! Toda criança chora!— Não tinham se passado nem dois minutos e Tanjirou já estava indignado com a história.

—Você não entende... Eu... Eu chorava o tempo todo... A minha audição sempre foi muito sensível, aí qualquer som me assustava e...

—Isso deixa a situação pior ainda! Você era uma criança que estava sofrendo por algo que não podia controlar! Ela deveria ter cuidado de você!— Tanjirou ficava cada vez mais indignado. Para ele a família era tudo, então ele ficava extremamente indignado ao ouvir casos de um membro da família sendo tão horrível com o outro, especialmente sendo um caso de uma mãe destratando o próprio filho.

—Ah eu... Não tinha pensado nisso...— Zenitsu suspirou antes de continuar— Bem... Ela nunca me bateu, mas vivia gritando comigo por eu estar "atrapalhando" a vida dela... até que ela me abandonou quando eu tinha três anos...

—O que?!?

—É... Eu não... Lembro do dia exatamente... As minhas memórias são muito vagas e sinceramente... Quanto menos eu me lembrar melhor...— Fez uma pausa maior antes de continuar— Eu dei até que uma sorte... Dois meses depois eu fui adotado por um casal...

—Um casal...? Mas você... Não tem só o seu avô e o seu irmão...?— O ruivo estava genuinamente confuso agora, talvez fosse indelicadeza perguntar aquilo, Zenitsu nunca sequer tinha falado de qualquer figura paterna ou materna que ele tivesse desde que os dois tinham se conhecido.

—É por que eles não ficaram comigo...— Apertou um pouco mais a mão do namorado, o assunto parecia estar ficando cada vez mais e mais doloroso— seis meses depois eles... Me devolveram...

—Como?!?!?— Tanjirou não acreditou que fosse ficar mais indignado do que já estava, mas a medida que aquela história ia passando ele ia ficando mais e mais revoltado!

Padaria KamadoOnde histórias criam vida. Descubra agora