A neve caia tranquilamente do lado de fora da janela. Observava os dias se arrastarem em dezembro. Tudo estava com um ar novo. Ser considerada uma Bartholy agora era.. surreal.
- O que você tanto pensa? - perguntou cética uma vozinha.
Katherine, que prefere ser chamada de Kitty, estava deitada em meus joelhos olhando pro teto. Desviei o olhar da neve e olhei em seus olhos âmbar me olhando impacientemente. Fiz carinho em seus cabelos rosados e suspirei.
- Eu penso na vida, praguinha. As vezes, é preciso. - expliquei suspirando novamente.
- É tão entediante! Vamos fazer algo? - pediu desinteressada.
- Claro. Vamos patinar daqui a pouco. Vai se trocando. - avisei. Ela pulou do meu colo e foi pro seu quarto em menos de cinco segundos.
Me ergui da janela e fui procurar roupas de frio. Peguei uma calça, blusa comprida, casaco de pele, meias, luvas e um gorro. Até peguei o meu protetor de ouvido e botei na cabeça. Peguei meu cachecol vermelho e o botei firmemente em meu pescoço. Peguei minha bolsa e parto para fora do quarto.
Na minha frente, saiu meu irmão Drogo, com roupas de frio mas sem luvas e roupas pra proteger seu rosto. Ele eram um vampiro como os outros. O frio não era um incômodo.
- Está pronta, coitadinha? - perguntou estendendo o braço educadamente.
- Sim. - respondi sorrindo pegando seu braço e descendo as escadas.
Antes de ir, bebi um café bem quente e parti. Kitty segurava minha mão e pulava alegre. Drogo caminhava ao meu lado tranquilamente. Meu irmão mais velho Nicolae, estava de plantão por dois dias e não o veríamos por umas linhas horas. Ja meu namorado vampiro Peter, estava caçando nas florestas mais pro norte. Ele gostava de caçar os animais nessa época do ano e eu gostava de vê-lo feliz em sua condição. Caminhamos até a cachoeira e pelo canto olhei em volta procurando fragmentos de alma. Nessa época, a maioria estava reunida para o Natal que estava chegando. E logo a seguir, o ano novo obviamente.
Invoquei uns fragmentos e comecei a flutuar um pouco. Eu cansava ainda depois de usar meus dons, mas com um toque de concentração, eu estava um pouco melhor. Segurei Kitty no colo enquanto o Drogo descia escalando como uma aranha pelas pedras. Senti cheiro de sangue e vi ele abandando a mão. Me concentrei em não ficar tonta e toquei na água congelada. Olhei e sua mão estava curada e ele estava despreocupado. Nos dois últimos meses depois das dificuldades que passamos, nos tornamos próximos além de irmãos, éramos amigos bons.
- Nossa, que escorregadio! - riu Kitty tentando patinar mas caindo.
- Tome cuidado, Kitty. Não queremos que você se machuque. - falei meio apreensiva. Nunca patinei ou estive em um lago congelado e eu estava um pouco insegura.
- Calma, não vai acontecer nada. - tranquilizou Drogo, patinando.
Inspirei fundo e me sentei. Nevava um pouco e eu olhava em volta. Minha agitação não parou depois que acabei com o Riddle. Alguns descendentes fugiram e não apareceram mais. Até agora, estava tudo bem...
- Opa! - resmungou Kitty caindo. Ouvi algo quebrando e me ergui me desequilibrando.
- Está tudo bem?
- Acho que só quebrei meu braço. Mas já vai curar de volta. - replicou Kitty se erguendo.
Suspirei e comecei a tentar patinar mas sem sucesso. Quando eu ia cair de costas, mãos frias me pegaram e depois recebi um beijinho.
- Está fofa com tantas roupas de frio. - elogiou Peter sorrindo torto.
- Obrigada. - ri abraçando-o. Kitty revirou os olhos e bufou indo na direção contrária. - Como foi a caça?
- Cacei um leão da montanha. - respondeu vago patinando e me puxando.
- Ah, legal. - falei indiferente.
Kitty bufou de novo e cruzou os braços. Olhei para ela e vi Peter suspirar ao meu lado.
- Você e meu irmão namoram, mas ele continua sendo meu irmão! - falou irritada batendo o pé fortemente no gelo.
Ouve um tremor e todos nós nos desequilibramos caindo no gelo. Tremeu fortemente e quando olhei, o gelo quebrou me separando dos três vampiros. Aconteceu o mesmo com Kitty e ela apareceu num gelo do meu lado chocada com o que ela fez. A água devia estar congelante e o gelo devia derreter apenas no início de março.
- Kitty, Isabelly.. se acalmem. - pediu Drogo tentando se equilibrar.
- Kitty, pule até mim. - mandei oferecendo minhas mãos.
Ela respirou trêmula e pulou até mim. Agarrei ela, antes que ela caísse na água e a abracei forte. O gelo onde ela está tinha caído e se quebrado em três partes pequenas. Ainda bem que ela pulou, mas então..
- Temos que ser rápidos. - avisei em pânico.
- Vem, pula. - instruiu Peter dando a mão livre. A outra dele estava sendo segurada pelo Drogo pra ele não cair.
- Kitty, vai primeiro. - mandei.
- E você? - perguntou ela irritada e ansiosa.
O gelo tremeu levemente e eu sabia o que ia acontecer. Ignorei suas perguntas e gritei com ela. Ela pulou e eu a empurrei ao mesmo tempo. Peter a pegou e passou ela pra trás do Drogo.
- Vem logo, Isabelly! - chamou estendendo a mão.
Quando eu ia pular, o gelo tremeu e eu caí. Não tinha mais como eu pular. Peguei o colar que Kitty me devolveu assim que me viu naquela guerra a dois meses atrás e joguei até eles. No segundo seguinte, o gelo quebrou e eu caí na água fria.
Me debati e por incrível que pareça, estava com correnteza. Tentei me mexer, nadar, subir.. mas o frio estava demais. Minhas veias, meu cérebro.. tudo estava paralisado. Olhei para trás e vi que a correnteza ia me fazer parar longe da mansão, perto de umas casas solitárias. Perdi a consciência...
Comecei a sentir o calor do nada e eu olhei ao redor. Estava encharcada e tinha uma fogueira acessa ao meu lado. Tossi levemente e olhei ao redor. Do meu lado, tinha um bilhete. Abri curiosa.
- Adorável Bella, espero que não tenha se assustado ao ver meu vulto, mas talvez você não se lembre porque apaguei sua memória. Está sem seu colar e a verbena, lembra? Aguarde minha ligação, estou ansioso para conhecê-la. Você é idêntica a Lizabeth, principalmente cara a cara. - li confusa.
Quem me salvou, apagou minha memória e conhecia Lizabeth. Para mim, era um azar porque a maioria dos seres conhecia a Lizabeth. A idiota era a ex do Peter e eu tive o desprazer de vê-la a uns meses. Suspirei e apaguei o fogo indo embora.
Olhei e cheguei ao máximo que consegui, na floresta mais próxima da mansão. Vi a casa do Sebastian Jones, meu professor de mitos e lendas e um lobisomem. Bati na porta e ele abriu.
- P-Posso entrar? - pedi com frio.
- Claro, o que aconteceu? - falou ele me puxando e me abraçando. Sua pele quente era melhor que o fogo.
- Fomos patinar... resumindo, o gelo quebrou e sobrou pra m-mim. - expliquei vagamente.
- Até quando não tentam te matar você tem risco de morte. - suspirou.
Era estranho nossa ligação. Ele me entendia e eu gostava de sua presença mas era algo estranho. Depois que me senti aquecida o suficiente, me despedi dele mas ele insistiu em me levar na mansão para não acontecer nada.
Chegando lá, Peter me recebeu e parecia estar aliviado. Suspirei contente de estar em seus braços.
- Não sei como a encontrou, mas obrigado Jones. - agradeceu Peter.
- Não a encontrei. Ela apareceu na minha porta tremendo e mal andando. Só aqueci ela, porque sou meio.. quente demais. - explicou ele rindo um pouco.
- Ah, entendo. Mesmo assim, agradeço por trazê-la em segurança. Aposto que ela insistiu para vir sozinha. - sorriu Peter mexendo em meus cabelos embaraçados.
- Com certeza. - riu Sebastian.
- Como saiu da água, aliás? - perguntou Peter.
- Bom.. é uma pergunta interessante. - admiti.
- Pera.. você não sabe?
- Não. Alguém me salvou e meio que eu não estava com o colar. Ele tem verbena para hipnose vampírica. - expliquei rapidamente. - Ele ou ela me hipnotizou e eu não sei quem é. Só tinha uma fogueira ao meu lado depois que acordei. - continuei.
- Nada mais?
- Nada mais. - falei firme. Não ia preocupa-lo com um bilhete insignificante.
- Bom.. ainda bem que está viva. Eu já ia atrás de você com equipamentos e tal, estávamos prestes a ir quando você apareceu. Bem.. vamos entrar e tomar um banho quente. - falou Peter gentilmente. - Ah e por favor, devo lembrar de não contar só Nicolae, ele iria nos matar. - falou de repente estremecendo.
- Óbvio que não vou falar. - garanti rindo nervosa.
- Vou indo, qualquer coisa chamem. - falou Sebastian se despedindo.
Sorri para ele e acenei com a cabeça. Peter sorriu também e beijou minha bochecha levemente, me abraçando apertado. Nós vimos nosso amigo lobisomem andar até as árvores e depois desaparecer.
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Os diários de uma híbrida (Vol.2)
ParanormalA continuação da história da nossa Médium🥰💗 *** Isabelly em um ano venceu batalhas avassaladoras, conquistou a confiança de várias pessoas e mostrou a si mesma que merece um recomeço. Ela está em seu segundo ano na universidade e continua como au...