Os diários de uma híbrida (Vol.2)

Um feitiço, vários sacrifícios

Olhei e vi Sara presa com dois vampiros e Kitty cercada com uns dez de uma vez. Discretamente, troquei os frascos e bebi a verbena, botando um líquido diferente no frasquinho. Eu faria uma distração maravilhosa que nem o Victor fez comigo. Engoli a verbena e comecei a tossir forte, mas podia ser pela fumaça de fogo que estava bem escondida lá trás. Eles achavam que eu ainda não havia tomado verbena, mas estavam enganados. Me segurei para não rir e ao mesmo tempo, estava tossindo muito.
Depois que controlei a crise de tosse, procurei Victor e o vi mais sombrio que antes. Um vampiro aliado dele foi consultá-lo e ele quebrou o pescoço dele e logo depois, tacou-o no fogo. Com certeza não tinha volta pro vampiro. Victor foi sanguinário. Queria intimidar, mas eu já estava cansada. Olhei pra trás e vi centenas de fantasmas reunidos atrás de mim. Ao lado do Victor, desvia um mulher que assim que chegou ao olhar do Peter, ele rosnou.
- Penélope, a ex do Drogo. A que o traiu para alcançar a imortalidade. - sussurrou em meu ouvido. Segurei um sibilo que ia escapar automático pelos meus dentes. Pobre Drogo.
- Essa é a sua duplicata, Lizabeth? - riu Penélope.
- Bruxas e seus feitiços. Tantas pessoas para sacrificar. E ainda assim, as bizarrices da natureza como a duplicata. - suspirou Lizabeth entediada por me ver.
- Lizabeth... - sibilaram Peter e James.
- Nós três juntos, como nos velhos tempos. O irmão que me amou demais e um que não me amou o suficiente. - riu ela mordendo o lábio.
- E a vampira vadia do meu que só amava a si mesma. - rebateu Peter. Sorri ironicamente, era a mesma frase que eu tinha dito pro James naquele dia na cabana. James sorriu também.
-  Estamos realmente fazendo isso de novo? Nós dois sabemos que eu iria rasga-lo em pedaços e fazer minhas unhas ao mesmo tempo. - replicou mostrando os caninos para fora, suas veias a mostra.
- E eu iria levar sua cabeça para o bufê de domingo. - completou Samantha irritada.
- Você é mesmo tão burra ou é só naturalmente loira? - perguntou para Samantha. Lancei um raio na direção dela e ela escapou por pouco. - Não me irrite, duplicata.
- Faz um favor, cala a boca e deixe de ser covarde. Protegendo o Caçador? Chega a ser ridículo! - exclamei rindo histericamente. Ela grunhiu baixo. - Quer saber o que eu penso? Meus pais humanos, tiveram a coragem de tentar acabar com você, um fracasso. - acrescentei furiosa para Victor.
Avançamos ao mesmo tempo. Ele tentou me pegar, mas desviei e invoquei a mais fria como James chamava. Meus cabelos escureceram novamente, meus olhos ficaram vermelhos escuros e eu sorri para ele. Avancei de novo e de novo, mas ele ordenou a todos os vampiros atacarem. Começou a luta.
Peter, James, Leah e Samantha pareciam dar conta, mas eu estava preocupada com Lizabeth trazendo Kitty até o Victor. Ela se debatia frustrada, enquanto Penélope andava graciosamente do lado das duas.
- Está vendo ela? Quer que ela morra? Ela não está mais ligada a mim. - riu ele.
- Solte ela! - sibilei.
- O feitiço ou acabo com ela e com todos eles agora. - falou estalando os dedos. Meus amigos pressionaram a cabeça cheios de dor e os vampiros os prenderam.
  Os vampiros arrastaram meus amigos e os aproximaram do fogo. Tacaram o Drogo no fogo e ele começou a gritar de dor. Meu coração se apertou com essa cena.
- Tá bom! Eu farei. - concordei em pânico.
  Eles apagaram o fogo e o Drogo se curaca lentamente. Ele estava de olhos fechados, suado e com a testa fincada. Olhei pra ele preocupada. Nicolae mesmo preso se agachou e cuidou do Drogo que tinha ainda queimaduras grandes.
Mas para meu azar, Penélope e Lizabeth me pegaram cada uma segurando um braço e me levaram até o Victor. Ele amarrou Kitty e a botou em cima de um cálice. Ah, não. Kitty fazia parte do sacrifício. Sara se aproximou trêmula, em pânico. Se não fizesse ia morrer, se fizesse ia morrer depois.
- Está esperando o que Osborne? - perguntou Victor.
Sara se aproximou e começou a murmurar umas palavras estranhas, sem sentido para mim. Tentei resistir mas não consegui. Ela tacou uns líquidos no cálice gigantesco. Por último, chorando baixo me encarou em súplica. Sorri discretamente para ela, tranquilizando-a.
- O sangue da duplicata. - terminou ela mais firme vendo que eu tinha um plano.
Victor bebeu o cálice e por último, me pegou pelo pulso. Ele mordeu meu pescoço forte e eu me concentrei pra não reclamar da dor forte e agonizante que surgiu. Ouvi os gritos dos meus amigos quando me viram presa, com Victor sob meu pescoço, sugando e me matando lentamente. Ele sugou uma quantidade gigantesca e depois me jogou longe, onde consegui libertar Kitty e ao mesmo tempo, cair no chão. Fiquei deitada respirando lentamente por um tempinho, a mordida ardendo. Depois, Kitty me puxou com uma força bizarra para longe do Victor. Sara correu até nós e fez a cabeça de todos os vampiros do lado do Victor caírem no chão de dor, libertando todos.
  Eu não esperava por isso, mas eu fiquei tonta. Ele pegou quase meu sangue todo e eu não sabia como estava em pé ainda.
- Verbena! - rosnou Victor arranhando a própria garganta.
- Meu sangue não é bom, não? - perguntei ironicamente, vendo  meus amigos avançarem até mim.
- Me desculpe, Pierce, mas pelo Caçador, eu devo salvá-lo. - falou Penélope chutando a canela da Lizabeth, que uivou de dor.
Automaticamente, minha canela quebrou e eu cai no chão, segurando minha perna fortemente. Ardia e eu me contorcia. Idiota de Lizabeth que foi me ligar a ela...
- Sai, Penélope! - rosnou Lizabeth se erguendo e correndo porta afora.
- Sempre soube que eu usaria a própria duplicata contra a duplicata. Meio interessante da minha parte, mas... - começou a dizer só que James quebrou o pescoço dela.
  Victor sibilou por se ver sozinho. Peter me ergueu do chão e me sustentou. Apoiei minha cabeça em seu ombro respirando fundo. James começou a bater as mãos como se não tivesse feito grandes esforços. Vi Drogo e Sebastian segurarem o riso por verem Penélope desmaiada aos pés do James. Ele ainda por cima pisou em cima dela antes de voltar até nós.
- Nossa, ela fala demais. - suspirou fingindo estar entediado.
- Vocês agem como se pudessem me deter. Eu conheço a fraqueza de todos vocês: duplicata, nem preciso dizer, sua fraqueza é a sua nova família. Nicolae, sua fraqueza são seus irmãos, não ver sua tão adorável noiva morta. Drogo, sua fraqueza é perder quem ama por andar com essa faixa de durão, por não ter dado orgulho a sua adorável mamãe. Katherine, por ter me chamado a muito tempo de papai e ter esquecido dos dela, perder seus irmãos e sua nova irmã. Você, irmão biológico do Peter, um passado onde apagou memórias para proteger quem ama de dor, mas nunca deixou de amar essas pessoas, tem medo delas descobrirem e culpa-ló. E por último o Peter, que sua fraqueza é perder o amor da vida inútil dele, a razão dele ser mais humano, perder os irmãos e nunca ter tido tempo com seu irmão biológico por sempre brigarem entre si. - comentou tão rapidamente que sobressaltou todos nós.
Abri e fechei a boca surpresa. Pelo visto, ele leu nossas franquezas muito bem. Me surpreendi pela do Peter da parte do James. Quer dizer que mesmo brigando, ele ainda amava o irmão. E James, tinha medo de decepcionar as pessoas ao redor dele. Drogo, não sei o que fez enquanto era humano, mas queria sua mãe orgulhosa. Nic, finalmente vendo a noiva e não vê lá mais.. seria horrível. Kitty odiaria nos perder. Sim, ele sabia mas não muda absolutamente nada.
- Não importa. - murmurei.
- Claro que sim, por exemplo... - começou lançando um frasco que ia explodir na cara do Nicolae. Lancei um raio e explodiu antes, depois que vi que era verbena.
- Ele é forte demais, mentalmente. - exclamei tentando me sustentar apesar da canela.
Vi os vampiros e a Sara avançaram no Victor e na Penélope que tinha acordado e se preparava para avançar no James.. Fechei os olhos e me concentrei pra entrar na mente dele. Vi uma multidão de pensamentos brilhantes. Poderes de pessoas que ele matou. Como fiz a meses atrás com o Peter, cortei a ligação. Fui cortando e ele nem perceberia. Achei algo interessante na mente dele, algo que eu sabia que era por isso que ele não morria fácil. Depois de matar vários vampiros seguidamente, sua imortalidade estava alta demais. Nem estaca podia matá-lo. Cortei essa ligação e quando abri os olhos fraca, vi o rosto dele furioso.
- O que você fez? - vociferou para mim, com os dentes a mostra.
- Cortei uns poderes que não são seus. - falei com simplicidade.
Ele avançou até o Peter e eu fiz uma barreira impedindo ele de nos alcançar. Segurei mas a canela estava doendo e me desconcentrava. Vi atrás de mim todos os fantasmas. Todos contavam comigo. Comecei a respirar entrecortada. Eu não ia conseguir.
- Isabelly, você consegue. - falou Ester confiante.
- Você consegue fazer isso. - confirmou Jess.
- Não da. - gani quando Victor forçou mais ainda.
- Filha, você é forte. - comentou uma voz que eu reconheceria a quilômetros de distância.
- Mãe..
- Lembre-se. Seu poder aumenta quando você está protegendo quem ama. Você está aqui protegendo sua família. Esta vingando todos nós. Lembre-se. - falou em meu ouvido.
Pisquei e todos os fantasmas sumiram. Fechei os olhos. Victor não ia machucar minha família. Era uma certeza que eu nunca tive em minha vida inteira.
  Abri os olhos e avancei nele de surpresa, quebrando a barreira. Agarrei-me a ele e um raio caiu em cima de mim que explodiu nele. Quebrei a perna de madeira da mesa e antes que ele percebesse, lancei certeiro em seu coração. Estaca no coração, ele morreria como qualquer vampiro já que cortei a ligação. Mas quando olhei pro meu peito, vi a o sangue aparecendo. Como não notei?
  Victor caiu de costas e ficou com uma cor cinza. Os olhos arregalados e ele não se mexeu mais. Um silêncio surgiu, tirando pela parte em que vi Penélope fugir porta afora.
- Eu consegui. - falei entrecortada.
Eu sorri para mim mesma e cai no chão. A dor no peito, na canela, em tudo só intensificou. Mas o meu alívio era maior. Fechei os olhos e não senti nada. Que bom. Estou em paz finalmente.