Os diários de uma híbrida (Vol.2)

O Irmão Mikaelson

O dia passou rápido demais. Voltei para a mansão e fui me divertir com Katherine, fazia séculos que eu não me divertia com ela.
- Mas o Sr. Sem-cabeça cortou a garganta da Sr. Psicopata. - terminou a história.
- Bom.. pelo menos os dois tiveram um final que gostaram. - falei ainda chocada por tanto terror e drama em uma história que ela criou.
- Que entediante. - exclamou uma voz igual a minha.
Me ergui do chão e puxei Kitty para trás de mim. Lizabeth estava debruçada na janela do quarto da Kitty, entediada e ao mesmo tempo rindo da minha careta apavorada.
- Diga para o Peter e o James me darem a pedra ou eu vou acabar com essa cidade até chover sangue. - ameaçou.
- Nos deixe em paz, ou vai acabar pior que o Elijah. - rosnou Kitty semicerrando os olhos.
- Você quer um recomeço. Que pena. Não pode tê-lo. - riu ela andando até encostar na parede, cruzando os braços. - Todos que você ama sempre correm riscos por sua causa, dopplegänger. Não sei como você aguenta ainda estar por aqui. - acrescentou olhando as unhas. Senti meu coração apertar pela verdade em suas palavras.
- Lizabeth... - comecei me irritando mas ouvi um baque alto.
Nós três os viramos para ouvir de onde o som estava vindo e fomos até a janela olhar. A mão do Nicolae pegava fogo e estava aumentando e indo pelo seu corpo. Kitty berrou e pulou janela afora. Lizabeth olhou pra cima e se assustou.
- Eu sempre vou proteger a mim mesma. Se você for esperta, vai fazer o mesmo. - retrucou passando por mim e saindo por outro lugar.
Corri escada abaixo atrás do Nicolae. Peguei um extintor de incêndio que estava no Hall de entrada e usei no Nicolae que estava com fogo até o pescoço. Apaguei tudo mas tinhas queimaduras sérias que iam sumindo aos poucos. Me ajoelhei ao seu lado, segurando sua mão vermelha.
- Nic... - chamei tocando em sua bochecha chamuscada.
- Isabelly.. fuja. - mandou com a voz falhando.
- Nic, quem fez isso com você? - perguntei sufocada de terror em ver medo em seus olhos.
- O Original Híbrido, Niklaus Mikaelson. Metade vampiro e metade lobisomem, se conseguir realizar o ritual. Pra isso, ele precisa de você, da pedra, de um vampiro e de uma bruxa. Ele é irmão do Elijah, você tem que fugir agora. - explicou urgentemente.
- Não vou abandoná-lós! - sussurrei olhando para a porta do hall de entrada, onde se ouvia os rosnados dos irmãos lutando contra um vampiro mil vezes mais forte do que qualquer outra coisa.
- Isabelly, vá... - implorou respirando pesadamente.
Olhei em volta, em pânico. Vi um pedaço de madeira e agarrei ele com toda a minha força, apertando-o. Senti ele rasgar a pele da minha mão e sangue escorreu, pingando nos lábios do Nicolae. Ele que estava fraco demais e de olhos fechados, respirou fundo e parou. O sangue pingou uma última gota em sua boca e quando ele abriu os olhos, estavam vermelhos sangue completamente selvagens. Me afastei quando ele se ergueu e sumiu de vista. Ouvi um baque alto e um símbolo de frustração, provavelmente do tal Niklaus por ver um dos seus inimigos ainda vivos.
Corri para a soleira da porta para ver a cena.
- Qual a melhor forma de estragar um dia de paz... Do que matando alguém? - perguntou um homem entrando na minha linha de visão.
Era tinha cabelos meio castanhos e meio ruivos, olhos claros e um sorriso malicioso. Dava pra ver seus músculos por baixo da sua roupa e eu recuei com medo.
- Olá, duplicata. - cumprimentou rindo.
- Klaus, se afaste dela! - rosnou Peter pulando em cima dele.
Ele com um único golpe, tacou os quatro irmãos longe que caíram com um baque alto no chão. Arfei quando Kitty avançou nele.
- Não, ela também não! - gritei saindo do limite da porta da mansão e puxando-a para trás de mim.
- Você é igualzinha a Elizabeth. Seu sangue deve ser muito bom, principalmente se for usado para meus fins. - comentou andando lentamente até mim.
- Afaste-se Klaus. - ameacei nervosa, tentando ir até o limite da porta da mansão o mais rápido possível.
- Onde está a pedra da lua?
Fiquei muda e ameacei correr com a Katherine para a mansão onde ele não entraria. Quando me virei de costas ele agarrou meu pescoço e me jogou alto. Eu caí no chão, rolando. Ele estava segurando a Kitty pelo pescoço.
- Não! - gritei com raiva dele usar uma criança para me atingir.
- Onde está a pedra, duplicata? - perguntou.
Mordi o lábio frustrada e me ergui, colocando as mãos para cima. Fui até o James, que estava no chão com um enorme galho na costela. Arranquei dele e ele soltou um grunhido de dor. Peguei a pedra da lua em seu bolso e a mostrei ao Klaus.
- Deixe-a ir, me permita entrar na mansão e eu te dou essa pedra. - falei.
- Como vou saber que não está mentindo? - riu sinistramente.
- Porque minha família está aqui, em sua mercê. Não vou arriscar a vida deles.
- Família em primeiro lugar... - sussurrou baixinho rindo. - Pois bem, faça isso. Mas se não fizer...
- É claro.
Corri até ele, trêmula por chegar perto do Híbrido Original, o primeiro ser duplo da história do mundo sobrenatural. Segurei Kitty no meu colo, forte. Ela me abraçou, com lágrimas nos olhos, cheia de medo.
- Está segura, praguinha. - garanti, beijando o topo da sua cabeça.
Caminhei lentamente até a porta e assim que entrei no limite da mansão, relaxei um pouco. Me virei para me preparar para tacar pro Klaus mas ele estava no outro limite do lado de fora. Nossos rostos estavam a centímetros de distância, mas sem ele poder sequer passar da barreira. Dei um passo para trás, me protegendo.
- Como prometido... - murmurei tacando a pedra levemente em sua mão.
- Finalmente, a Pedra da Lua. - exclamou.
- Agora, nos deixe em paz.
- Deixarei, por enquanto. Até eu caçá-la, aproveite o tempo que ainda lhe resta. Vou caçar algum vampiro e um lobisomem por ritual. - avisou rindo e desapareceu.
Cai de joelhos no chão, aturdida com o que aconteceu. Kitty estava encolhida no chão, com a mão no pescoço. Fui até ela e a abracei, pouco me importando com a bagunça, minha mão machucada e os irmãos que ainda estavam lá fora.
- A culpa é minha, sinto muito. - sussurrei.
- Ele veio por sua causa? - perguntou lentamente.
- Sim. - respondi segurando o suspiro por vê-la tão frágil e sensível.
- Se eu fosse você, pediria um feitiço da sua amiga bruxa. A caçada deles em você, está nos colocando em risco. - sugeriu se erguendo e indo pra sala.
  Segurei seu pulso impedindo-a de sair dramaticamente.
- Me solta! A culpa disso tudo é sua! Eu estou cansada de tantos ataques, me deixa em paz!
- A culpa não é minha, Katherine... - tentei dizer.
- Cala a boca, você é a pior babá que eu já conheci. Você devia estar morta desde quando os descendentes apareceram. Eles só apareceram por sua culpa, todos sentiram sua magia assim que você pisou em Mystery Spell. Você merece estar sozinha! - gritou.
- Katherine! - protestei chateada. - Eu...
- Me deixa em paz. - rosnou de olhos vermelhos me empurrando para longe, tanto que cai de costas.
Tampei minha boca, evitando rosnar. Eu causei tudo isso, Katherine sabia mas não comentou comigo pra não me magoar. Ela queria dizer isso faz muito tempo, mas...
Fui correndo ver os irmãos e me ajoelhei ao lado deles tirando os galhos dos seus corpos.
- Me desculpem. - pedi assim que tirei o último galho do Drogo.
- Vamos entrar antes que o Klaus apareça de novo. - sugeriu me erguendo e me puxando para dentro.
Entramos e fomos para a sala. Sentei-me no sofá e olhei fixamente para a parede. Nicolae estava mexendo na minha mão e os outros estavam conversando sobre estratégias que eu nem ligava. Eu não tinha um dia de paz. Eu trouxe o Elijah pra cá e agora o Klaus, o que foi muito pior. Eu tenho que afastá-los, até meus poderes voltarem pelo menos. Katherine estava certa, eu devia estar morta a muito tempo. Desde o acidente na ponte. Agora o mínimo que eu devia fazer é salvá-los de mim.
- Ela vai se desculpar. - garantiu Nicolae. Eu sabia que ele falava da Katherine.
- Eu sei. - respondi indiferente e fria.
  E depois disso ele não quis falar mais nada diretamente para mim. Voltaram a conversar mas não me incluíram na conversa pela minha frieza.
Segurei o peso no meu coração. Eu ia me afastar deles por um longo tempo.