Ele me soltou com seus braços ainda na minha nuca.
- Eu preciso tratar dessa mordida o quanto antes, tenho coisas a contar a vocês. - murmurei me afastando um pouco e indo até o Nicolae.
- Vamos pro quarto de recuperação. - sugeriu me puxando e me fazendo subir todos os degraus.
Entrei no quarto e me deitei na maca. Ele passou algo que fez meu pescoço arder e depois relaxar. Colocou um enorme curativo e suspirou relaxado.
- Nem pense em sair novamente, Isabelly. - grunhiu Alice sentada na parede quieta.
- Alice! - gemi.
- Você não vai sair, Bella. Por favor, mal chegou e está a semanas sem nos ver. - falou Peter sentando em uma cadeira do meu lado.
- Tá bom, eu fico! - bufei irritada com tanta pressão. Eles sorriram animados. - Mas é por conta e risco se o Klaus ou alguém aparecer. - avisei entredentes.
Eles afirmaram felizes e eu soltei um suspiro leve. Eu não queria admitir mas eu estava muito aliviada deles insistirem pra eu ficar. Ir de um lugar pro outro é muito cansativo. Alem de solitário.
- Ficou linda de cabelo curto. - comentou Peter quebrando o silêncio.
- Obrigada. - agradeci sorrindo levemente. - Acho que teremos menos dificuldades para saber diferenciar as duplicatas. Lizabeth tem cabelos cacheados e longos, eu não. - acrescentei satisfeita.
- Nem tinha pensado nisso. - riu Nicolae. - Mas é uma boa.
- E aí? Vai nos contar o que aconteceu? - perguntou Drogo se sentando do meu outro lado.
Nesse momento, Alice e Jasper saíram do quarto sorrindo. Me ajeitei na cama, me sentando e suspirei.
Comecei a contar detalhadamente o meu mês. Expliquei que fui pra vila da Cataliste e fiquei por uma semana, depois foi pra um hotel e contei sobre minha noite e a interrupção do Jasper. Falei da segunda vila que fiquei vários dias, caçando comida pela floresta. Drogo achou hilário eu contar que fui atrás de um esquilo. James quase deu um coice nele por zoar a comida dele e gerou uma discussão sem sentido por uns minutos. Voltei a falar depois que consegui parar de rir da careta dos dois. Falei que fui para Forks e eles se surpreenderam por eu ter ficado lá em paz. Tive que insistir que eu mudei minha maneira de ver aquela casa. Falei que fiquei longos dez dias lá até a chegada da Alice.
- Sim, eu soube dela antes de você. - comentou Peter. Ergui as sobrancelhas surpresa.
- Como?
- Uma vampira que chega e fala tudo da minha vida como se me conhecesse a décadas é meio bizarro. Além disso, eu via as visões dela.
- Nossa, mas como você consegue ver?
- Porque as visões dela são os pensamentos dela também. Eu consigo ler no automático, então eu vejo as visões que passam pela cabeça dela. E eu vi as minhas futuras reações, o que eu realmente ia fazer, não pude duvidar da verdade na sua cabeça. Confiei nela.
- Confiou depois de quase pular no pescoço dela assim que ela tocou no nome da Isabelly, esqueceu? - perguntou James irônico.
- Ah, cala a boca. - resmungou.
Ri baixinho e voltei a contar. Falei que achei um pó que eu nem sabia da existência que me teletransportou para L.A. onde eu fui pro meu antigo apartamento. Falei que não demorou tanto tempo e tinha aparecido o Jasper e a Alice. Falei que fiquei meio doente por tantas mudanças e estresses e fiquei apagada por quatro dias. No fim, um mês longe deles. Aí tive que destacar o meu pânico quando Alice teve uma visão do meu vampiro desligando a humanidade.
- Pelo menos você voltou. - murmurou.
- E eu não sabia que o meu sangue ia dar certo. Se o meu cheiro que é forte não deu certo, a única esperança era meu sangue. Algo físico. - retruquei.
- Você arriscar sua vida pra trazer minha humanidade de volta foi algo irresponsável.
Respirei fundo tentando me controlar. Eles não entendiam o meu lado?
- Você pode falar o que quiser! Não é você que se culpa todos os dias por colocar a única família que achou em risco! Não é você que tem medo de perdê-los, de ser o perigo! - explodi. Eles ficaram mudos me ouvindo espernear, eu precisava por pra fora. - Eu não sou uma humana frágil, eu enfrentei coisas piores e vocês me tratam como se eu fosse feita de vidro!
Fiquei falando umas verdades na cara deles e quando terminei, senti um alívio enorme nós meus ombros. Eu não sabia que estava tão tensa.
- Acabou? - perguntou Peter.
- Acho que sim.
- Eu comecei a entender o seu lado, eu tive que compreender. - começou impaciente. - Eu me imaginei no seu lugar, todos da minha família feridos por conta de inimigos que eu não conseguiria enfrenta.. porque estava frágil.
- Não tente me reconfortar. - repliquei friamente. - E eu já disse que não sou frágil.
- Eu não vou me dar ao trabalho. - retrucou.
Me ergui da maca, ignorando os avisos e alertas dos olhares do Drogo e do James. Nic ficou olhando para mim e para o Peter. Fiquei cara a cara com ele, um pouco lívida. Minha atitude irresponsável? A dele que foi, querer aliviar a dor da pior maneira possível!
- Você acha as minhas decisões irresponsáveis? Não me faça rir. - repeti irônica. - Não fui eu que desliguei as emoções, uma das opções mais ridículas para tirar a dor. Me mandava uma mensagem, me ligava ou uma carta, qualquer coisa! Eu sempre estive...
- Se estivesse não teria me abandonado. Você não estava disponível como quis falar. Não sei de onde tirou essa disponibilidade toda.
- Peter, cale essa boca e me ouça! - grunhi áspera. Ele parou por um segundo. - Klaus tinha tudo o que queria se eu continuasse com você! Ele tinha a Sara que é uma bruxa, vários vampiros para usar, um lobisomem, a pedra e a mim! Eu só tirei parte do plano dele, de nada!
Do nada, o chão tremeu e todos nós perdemos o equilíbrio. Antes que eu pudesse cair e me machucar, Peter me agarrou e me abraçou protetoramente.
- Ainda tenho muitos momentos com você para vivenciar, não vai ser essa briga ou esse ataque que vai me impedir. - sibilou.
- Se a gente não estivesse sob ataque, eu acabaria com vocês dois. Não sabem se decidir se discute ou beija. - grunhiu James correndo porta afora.
Corri rápido até o Hall e eu vi vários vampiros tacando galhos em forma de estaca. Do nada na minha frente, todos os quatro irmãos deram as mãos e formaram uma barreira na minha frente. Kitty por sorte estava no quarto, mas eu estava apenas uns degraus acima deles. Um galho veio em câmera lenta na minha direção.
- Algumas lendas são contadas. Algumas se tornam pó e outras ouro, mas você vai lembrar de mim. Lembrar de nós por séculos! - murmuram os irmãos em união.
As vozes deles ecoaram e uma barreira protetora se criou na minha frente, bloqueando o galho. As vozes deles estavam fortes e calmas. Pareciam mais uma canção de batalha. Um aviso. Morte.
- E apenas um erro, é tudo o que vai precisar. Nós vamos ficar na história. Lembrar de nós por séculos! - gritaram fazendo uma explosão surgir e tacar os vampiros longe.
Alice e Jasper surgiram aproveitando a deixa que os vampiros estavam distraídos. Eles quebraram os pescoços dos vampiros e eu contei uns oito corpos no chão. Jasper correu e tacou fogo neles, matando-os. Ele foi frio, mas tinha habilidades de luta melhores do que todas as pessoas que eu já vi na minha vida. Alice tinha seu elemento surpresa, ela via os futuros golpes deles e ganhava fácil.
Os irmãos soltaram as mãos se entreolhando e eu desci lentamente até eles.
- Como vocês conseguiram fazer isso? - perguntei curiosa e animada por ver algo novo.
- Seu dom foi tirado de você, mas parte dele manteve-se em nós. Por um ano teremos parte de você entre nós. - explicou Peter.
- Isso é demais! - exclamei.
- Sim. Não se pode tirar contra vontade o que lhe foi dado por nascimento. Apenas se a sua mente ou coração disser.
- Pelo menos vocês estão protegidos.
- E como, coitadinha. - riu Drogo passando o braço pela minha cintura. Abracei-o de volta.
Peter sorriu para mim e fez um sinal que mais tarde eu estaria com ele. Nossa briga recente já foi esquecida e eu estava aliviada, senti tanta saudade deles. Nic e James começaram a bater papo com Alice e Jasper na sala e só sobrou Drogo e eu.
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Os diários de uma híbrida (Vol.2)
ParanormalA continuação da história da nossa Médium🥰💗 *** Isabelly em um ano venceu batalhas avassaladoras, conquistou a confiança de várias pessoas e mostrou a si mesma que merece um recomeço. Ela está em seu segundo ano na universidade e continua como au...