Vingança

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- Eu achei!! - gritou Sara arrombando a porta.
O susto fez eu ter falta de ar e depois eu vomitei sangue. Peter que prendia a respiração, me ajudava um pouco tenso. Depois se afastou e ficou quieto.
- Desculpa. - falou Sara fechando a porta delicadamente. - Mas eu achei um jeito!
- O que? - falei com a voz falha e rouca.
- Bom.. eu roubei da sala que minha avó me proibiu de entrar, um grimório. Eu comecei a ler e achei algo muito parecido com seus sintomas. Realmente ele não tem cura escrita, mas há uma chance de funcionar. - explicou.
- Você roubou? - gaguejei.
- Sim. Eu posso estar traindo o meu clã, mas só porque vocês não são bruxos, uns vampiros e outros lobisomens, não quer dizer que eu não vou colocar vocês na frente. Eu vou ajudar minha segunda família, sim! - exclamou como se fosse o óbvio.
- Sua avó vai te matar quando descobrir...
- Bom, não estou ligando. Ela esta tentando te matar e vou garantir que falhe. - cantarolou abrindo sua bolsa e tirando um livro enorme.
- Agradeço de verdade a ajuda, Sara. Não sei o que faríamos sem você. - agradeceu Peter.
- Claro. Foi nada isso. - riu dispensando agradecimentos.
- Então...? - perguntei me erguendo um pouco para ver.
- Todos os grimorios são escritos por uma única bruxa. Eles são antigos e tem registros das magias que foram conhecidas antigamente. Isso não é só passado de geração a geração, pode ser de livre uso.
"De acordo com esse grimório que foi escrito em 1864, a bruxa se apaixonou por um humano, que estava com os mesmos sintomas. Ela tentou magias e nada deu certo. Então, na última lua, ela juntou todo o seu conhecimento e reuniu um lobisomem e um vampiro. Além disso, ela amaldiçoou um humano comum para ser um médium ilusionista. Ao todo, quatro seres sobrenaturais reunidos. Ela se cortou e cortou a palma da mão do médium. O sangue, ela botou em um frasco. O vampiro e o lobisomem morderam o pobre humano. Depois ele bebeu o sangue do frasco. E fizeram isso de novo, quando a lua tocava seu corpo inteiro. Ele melhorou instantaneamente."
- Então.. quando o Sol estiver bem no centro, eu bebo o sangue de uma bruxa e um médium.. e logo depois, um vampiro e um lobisomem me mordem? - perguntei. - Isso de dia e a noite...
- Está correta. - afirmou Sara.
- Por sorte nossa e azar da bruxa, temos todos aqui. - comentou Peter.
- Digamos que sim. - concordou Sara.
- Eu, Sebastian, Natan e Sara. Nós quatro vamos ser a cura. - declarou Peter saindo do quarto para avisa-los.
- Isso é ótimo. - falei rouca.
- Sim. - concordou Sara pegando minha mão.
- Essa bruxa.. é de 1864. Qual é o nome dela... é Emily? - perguntei.
- Sim, é Emily. No caso, minha antepassada. - respondeu surpresa por eu saber.
- Ah.. era só por curiosidade eu saber. - garanti.
- Ah, entendi. - respondeu Sara com um toque de desconfiança.
Emily era amiga íntima da Lizabeth. Aposto que a Lizabeth foi a vampira que participou do feitiço.
- Se for para fazer isso, temos que ir para o meio da floresta agora. O Sol vai bater lá forte em uns quinze minutos. - avisou Peter me pegando no colo. Gemi quando senti uma linha de dor diferente e eu senti meu rosto ficar pálido com o esforço. - Respira. - acrescentou quando me viu ficar branca. Confirmei com a cabeça.
- Vamos. - confirmou Sara pegando a bolsa e o grimório.
Peter começou a correr rápido para o centro da floresta. Sebastian estava correndo em forma de lobo e a Sara e o Natan estavam em cima dele. Drogo nos acompanhava por segurança. Vi a mansão sumir e eu torcia pra dar certo.
Chegamos lá e o Peter me deitou na grama. Não me mexi e observei eles fazerem as coisas.
- Peter e Sebastian, vão morder delicadamente o pescoço. Ela está bem sensível e fraca, então vai doer. - instruiu Sara pegando uma faca e cortando sua mão e a mão do Natan.
- O pescoço? - repetiu Sebastian um pouco nervoso.
- É isso ou não vamos saber se vai dar certo. - retrucou botando o sangue no frasco.
- Tá. - respondeu Sebastian me olhando apreensivo. Dei um meio sorriso.
Vi a luz do Sol bater no meu rosto e eu senti que o ar mudou. Sara começou o feitiço. Peter se ajoelhou de um lado e Sebastian do outro. Inspirei fundo e aguardei. Peter fez carinho levemente e depois mordeu. Entreabri a boca surpresa pela dor estar mais alta que quando ele fazia isso. Sebastian que estava como humano, tinha os olhos âmbar brilhando e os dentes pareciam lâminas. Ele mordeu e eu senti o transe em meu corpo.
- Agora beba! - mandou Sara.
Forcei a me erguer e bebi o sangue deles. O gosto assim que tocou minha boca me fez querer vomitar mas me segurei. O Sol saiu do meu rosto e eu encarei os cinco na minha frente.
- Tá um pouquinho vermelha a região das mordidas mas nada demais. - garantiu Sara pegando o grimório de novo.
- Não é essa a questão. - falei pouco ligando pras mordidas.
- Meu Deus, o seu sangue é bom. - comentou Sebastian limpando a boca.
- Hã? - indaguei.
- Lobisomens não precisam necessariamente beber sangue, mas como lobos comem carne, para eles não é um incômodo. Pros vampiros é uma necessidade realmente. - explicou Drogo de longe. - E eu disse que era bom. - acrescentou rindo um pouco.
- Bom? É o melhor sangue que já provei. - retrucou Sebastian surpreso consigo mesmo.
- Agora é esperar a lua chegar. - suspirou Sara se sentando.
- Vamos esperar horas. Tem certeza que vai dar certo? - perguntou Natan olhando o próprio corte indiferente.
- Não sei. Espero que dê, só isso que eu posso contar. - respondeu Sara pegando o grimório e começando a ler.
- Emily gostava bastante de escrever. - comentei olhando a grossura do livro.
- Ela era uma bruxa bem poderosa mesmo. Alias, como você sabe dela? - perguntou curiosa.
- Digamos que ela era amiga da Lizabeth. - respondi vaga e distraída.
Vi Peter e Sara se entreolharem e não compreendi de início. Eles sabiam de algo que eu não sabia. Mas vou descobrir se eu sobreviver a essa noite...
A noite chegou e eu estava mais fraca. Se era assim que é morrer, prefiro que seja rápido. Eles repetiram o processo rápido e eu não sentia nada. Não deu certo...
Ou deu. Por incrível que pareça deu. Senti de novo tudo ao meu redor. Mas eu estava forte. Mais forte como nunca estive. Abri os olhos e fiquei de pé rapidamente. Algo dentro de mim estava errado. Eu queria vingança. Mas não sou assim. Eu estava com raiva acumulada e uma força que nunca tive.
- Caraca, não é que deu certo? - perguntou Sara para si mesma sorrindo.
- Ainda bem. - suspirou Drogo vindo me abraçar.
- Como se sente, Isabelly? - perguntou Peter aliviado.
- Preciso... quebrar. - murmurei entredentes.
- Quebrar? - perguntaram.
- Quebrar, estraçalhar ou matar. - respondi com a visão escura.
- Ah não, o efeito colateral. - gemeu Sara.
- Que efeito? - perguntou Drogo
- O que ela tem? - perguntou Sebastian se afastando de mim. Dei um passo pra trás por precaução mas a fúria dentro de mim aumentou.
- Por 24h, ela vai ter o que todos nós temos. Vampiros: desejo de vingança. Lobisomens: a raiva destacando cada aspecto do ser. Médium ela já tem. Bruxa: mais controle dos poderes.
- Você sabe que vampiro e lobo a especificação é a mesma? - perguntou Sebastian. Sem saber o porque, eu agachei em postura de caça como os vampiros.
- Eu dei exemplo! - gritou Sara quando me viu agachar.
Soltei um grunhido sobrenatural. A raiva destacava cada aspecto do meu ser é meu alvo era somente uma pessoa: Osborne.

Os diários de uma híbrida (Vol.2)Onde histórias criam vida. Descubra agora