De volta ao poder

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Por um momento eu pensei nisso e sabia que era o certo. Me entregar e ele não machucaria mais ninguém. Por outro lado, eu não teria garantia dele cumprir. Segurei forte meu cordão e me lembrei do frasco em meus dedos. Tirei ele do cordão olhando bem. Uma luz espectral brilhava dentro dele mais forte do que antes. Me concentrei na minha raiva pela morte da Jessica e a luz brilhou mais ainda. Era isso! Meus poderes! Olhei com raiva para o Victor e recuei.
- Já que é assim... - começou mas eu bati o pé no chão alto.
- Cala a boca, Victor! - gritei. - Todos estão cansados da sua tirania. Hoje, eu me coloco a disposição de acabar com seu reinado de terror. Estão me ouvindo? Eu vou acabar com você!
- Você acha que você, uma humana, vai me deter? - riu ele histericamente.
- Não, eu tenho certeza!
  Mostrei a todos o frasco e o quebrei no chão. A luz flutuou afastando todos de mim e me rondou. Começou a girar mais rápido, cada vez mais, até atingir meu coração. Arqueei meu pescoço e fechei os olhos, sentindo meu corpo estar crepitando de poder. Senti uma mão forte no meu pulso e quando abri os olhos, encarei o rosto do Victor no meu elemento: fúria.
  Ataquei-o com um raio certeiro no peito e ele voou para longe. Rosnei uma série de xingamentos a ele e mais raios caíram, destruindo o salão. Victor se ergueu um pouco surpreso, mas satisfeito. Ele me queria viva? Bem.. vem me pegar! Dei um impulso e o soquei com todas as minhas forças, fazendo-o atravessar a parede. Corri de volta até o corpo de Jessica e olhei.
- Isabelly, traga a de volta, por favor. - implorou Sara chorando.
- Não.. posso. - sussurrei chateada também.
- Você trouxe a Samantha, você...
- Não, Sara. Eu só entendi depois. Quando eu trago alguém que eu quero do Outro Lado, consequentemente outra pessoa vem também. Por isso a Chloe está viva. - expliquei.
- Não! Ela não pode estar morta! - gritou Sara em desespero.
- Se eu trazer, alguém pior volta. Não posso correr esse risco.
- Sara, querida, pare. Eu não quero que traga a Jessica de volta se for trazer alguém também. - murmurou Sheila em seu ouvido.
- A culpa é minha, Sheila. - repliquei me erguendo e botando a mão na minha testa frustrada.
- A culpa é totalmente sua, Isabelly! Se quiser que alguém a conforte, está totalmente errada. Ela está morta porque você existe! Você que devia estar morta desde o início! - urrou Sara se erguendo. Leah e Seth se aproximaram e agarraram ela para impedi-la de avançar.
- Eu sei. - respondi de coração partido mas firme.
- Você nos colocou em risco! Agora nos tire e suma da minha vista! - gritou ameaçando.
- Não fale assim com ela. - murmurou Leah.
- Cala a boca! - retrucou furiosa. - O que está esperando? - vociferou.
- Sara, pare. - pediu Nic se aproximando até onde eu estava e tocando no meu ombro levemente.
- Ela tá certa, sou culpada de muita coisa... - comecei mas olhei pra trás rapidamente.
Victor voltou e eu criei uma barreira impedindo ele de se aproximar de todas as criaturas. Forcei mais ainda, destruída por dentro. Com minha outra mão, lancei um raio na direção da barreira em volta do local que se quebrou.
- Vão! Saiam daqui! - gritei para todos. Milhares deles fugiram, inclusive o clã das bruxas e dos lobos.
Ataquei Victor mais três vezes e comecei a correr. James me puxou e magnetizada a ele vinha Lizabeth sorrindo maliciosamente. Olhei pro lado e Drogo carregava o corpo da Jessica e Peter segurava Kitty no colo. Nicolae corria depressa pro carro e partimos pra mansão em uma correria sem fim.
Chegamos lá e eu entrei em desespero. Eu sou uma péssima amiga! A matilha do Sebastian e os três humanos estavam conosco na mansão e eu olhei em desespero para todos. Peter veio colocar a mão no meu ombro mas tirei rapidamente. Não mereço reconforto. Olhei pra Jessica e trinquei os dentes. Fechei os olhos e apontei minhas mãos para ela e me concentrei. Raios caíram fortes em mim e nela e uma dor penetrou minhas veias. Ouvi um outro estalão e quando abri os olhos, Jessica respirava e seu pescoço estava normal. Seu peito estava normal. Respirei fundo e continuei. Suas mãos do nada se moveram e aumentaram a pressão da estaca e ela não se moveu de novo. Arfei e quase caí se não fosse pelo Drogo. Ela se auto matou?
Eu a vi como fantasma. Espectral. Ela negou com a cabeça e eu não entendi. Se aproximou e disse baixo, como um sopro de vento.
- Não pode me trazer. Se trazer, alguém muito ruim vai voltar comigo e eu não quero isso. - falou.
- Eu enfrento. - garanti.
- Não, Isabelly. As coisas não deviam ser assim. A Samantha voltar foi algo fora das regras. Você conheceu a sua existência dois meses atrás, lembra?
- Você que me entregou os livros?
- Foi. Em uma das minhas viagens ano passado, achei esses livros e sabia que seria importante pra você. Mantive comigo e sabia que a hora de você sabe havia chegado.
- Eu não posso conviver com sua morte. - neguei.
- Não era pra eu estar viva pra começo de conversa. Quero que você, Sara e Samantha se unam mais. Precisam disso. Eu não sou uma bruxa normal, Isabelly.
- Como assim?
- Fui criada pela Emily. Ela sabia que teria logo uma duplicata. Meu dever era achar e proteger a todo custo e eu consegui. Não sou real.
- Mas pra mim sempre será. - murmurei.
- Eu sei. Saiba que muita gente conta com você. Eu sei que Sara não vai te ouvir de início, mas ela vai entender. Realmente não era pra eu voltar. Eu consegui. - comemorou feliz.
- Me.. visita mais vezes?
- Claro. Eu estou feliz, Isabelly. Consegui amizades que nem pensava que poderia ter. Foi o suficiente nesses longos 500 anos. - garantiu indo embora.
Samantha que estava vendo tudo, se aproximou e me abraçou. Abracei de volta, aliviada. Ela se afastou e sorriu solitária para mim, botando a mão em meu ombro. Segurei sua mão e dei um meio sorriso. Encarei todos os presentes na sala firme. Eu tinha que ser forte.
- Victor tirou de nós uma amiga boa. Ela salvou a minha vida e a da Katherine. E por isso, mesmo ela não sendo real como nós, quero enterra-la da maneira certa. - falei.
- Vocês são tão patéticos. - riu Lizabeth.
- Não foi você que sumiu e quando voltou, sua família foi massacrada? - perguntei encarando-a cara a cara.
Vi um monte de emoções passarem pelos seus olhos frios. Raiva, fúria, dor, angústia e cética novamente. Ela riu e ficou muda. Quando me virei de volta, fui tacada no chão e quando olhei, o corpo da Jessica sumiu, sobrando cinzas. Lizabeth tacou fogo. Samantha tampou a boca e quando foi tentar apagar o fogo antes de mais estrago, foi tacada longe e caiu com um baque alto. Os irmãos foram tentar impedi-la mas ela se foi. Pelo visto, o feitiço da pulseira não tinha mais resultado. Minha cabeça latejava um pouco pela força que bati no chão. Encarei o lugar onde devia estar o corpo da minha falecida protetora-amiga Jess.

Os diários de uma híbrida (Vol.2)Onde histórias criam vida. Descubra agora