Recém-criados

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Eu não tinha um pingo da humanidade que tive a três dias atrás. Eu sabia o que pensar. Mas a raiva era o que me dominava. Vazei em disparada até onde quer que a avó dela morasse.
Peter e Drogo tentaram em impedir mas quebrei o pescoço dos dois, fazendo-os desmaiar. Durmam com os anjos por um tempinho. Sebastian se transformou em lobo e pulou em cima de mim mas quebrei seu ombro e ele tombou. Sara tacou três poções que fizeram levar fogo ao meu redor. Encarei-a com uma fúria que nunca tive.
- Respira! - mandou trêmula. Pulei alto e cai atrás dela. Peguei seu pescoço e a afastei do fogo.
- Se afaste da minha neta. - mandou uma voz rouca. Logo depois, minhas veias estouraram é minha cabeça ardeu.
- Vó, pare! Vai machucá-la! - mandou Sara. Afastei ela da sua vó e mandei ela correr discretamente.
- Vá. - sussurrei encarando sua avó. Ela me olhou com súplica nos olhos e foi pra perto dos Bartholy desmaiados.
- Você devia estar morta.
- Devia, mas não estou. Se sente surpresa pelo seu feitiço não ter dado certo? - perguntei virando minha cabeça de lado.
Avancei e ela fez uma barreira impedindo eu de toca-lá. Sorri maliciosamente e fiquei cara a cara com a velha.
- Lizabeth, você não vai machucar mais ninguém. - comentou.
- Eu não sou a Lizabeth, minha cara senhora. - ri de sua insinuação.
- Vai mentir pra outra pessoa, sua sanguessuga. - indultou irritada.
- Desculpe, mas vampira eu não sou. Muito menos a idiota da Lizabeth. - ri mais ainda.
- Quem é você? O que é você?
- Sou uma Médium. - respondi batendo na barreira e quebrando-a.
Avancei na velha e bloqueei três das suas poções. Fiz dois raios caírem perto dela e ela parece que entrou em transe. Tudo ao meu redor ganhou vida. As árvores começaram a me bater mas desviei e quebrei-as ao meio. Depois de tanto esforço vindo de nós duas paramos de lutar. Sorri com sua fraqueza.
- A senhora parece cansada.. quer descansar? - perguntei me aproximando.
- Não a machuque, Isabelly! - gritou Sara. Minhas veias estouraram de novo e eu me encolhi.
Logo depois, senti algo sendo enfiado nas minhas costas enquanto eu estava encolhida. Olhei pra trás e vi a Sra.Osborne enfiando uma estaca em mim. Me ergui desconfortavelmente e tirei como se fosse uma coisa insignificante.
- Te ajudou a enxergar que não sou vampira? - exclamei irritada.
- Você não é a Pirce. - notou.
- Óbvio que não. Não existe duas de mim. - falei sarcasticamente.
- Mas mesmo assim tentou me matar. - irritou-se.
- A senhora que começou. - discordei rindo.
Pulei e segurei seu pulso controlando a minha força para não machuca-lá. Impedi de pegar uma poção e eu estava com uma força e resistência incrível, então nada de ataques psíquicos.
- Você nunca mais toque ou me ataque. Não quero ser sua inimiga. - avisei.
- Se não quer, porque está me segurando desta forma. - indagou a senhora ironicamente.
- Porque você vai me trair na primeira oportunidade que tiver. Não sou tola.
- Isso só mostra a sua incompetência e como você quer ser uma inimiga. Nós, Osborne, não temos medo de vampiro, lobisomem e muito menos uma médium falsa. - replicou.
Soltei-a provando não atacá-la. Seus olhos ficaram um verde neon e sua mão estava na bolsa para pegar uma poção. Sorri ironicamente para ela, esperando o golpe.
- Não vou ataca-lá. - prometi.
Botei as mãos pro alto e semicerrei os olhos. Ela tacou uma poção em mim que soltou um ar horrível. Tossi e cai pra trás, incapaz de focar.
- Primeira lição, nunca abaixe a guarda.
Continuei tossindo e engatinhei para longe. Ouvi um estalão e o isso da minha perna quebrou e eu gritei de dor. A Osborne tinha uma mão virada para mim e seu rosto estava concentrado.
- Vai fazer o que? - gani me rastejando para longe dela. - Me matar?
- Prefiro torturar e depois matar. - respondeu sorrindo sinistramente.
Ela mexeu a mão dela para a direita e meu pulso virou junto com ela. Gritei de agonia novamente e tentei me rastejar mais ainda. Ela começou a fechar a mão dela e minha cabeça estava queimando.
- Você não vai fazer isso! - gritei arqueando meu pescoço.
- Eu já estou fazendo. Não sou amiga de vampiro.
- Vó, pare! - mandou Sara ficando na minha frente.
- Você já está errada em trair seu clã e a mim, vai piorar sua situação minha neta?
- Cale a boca e me escute! - gritou criando um círculo de fogo entre nós três.
- Sara.. - gemi tentando avisa-la. A avó dela tinha uma poção vermelha sangue e estava se preparando pra tacar e ela nem viu.
- Você não tem direito de machucar a Isabelly!
- Ela não é quem você pensa. - explicou sua avó.
- Não vó, você quem está enganada! Ela não é a Lizabeth Pirce! Ela é uma garota órfã que veio para Mystery Spell sem família e começou a trabalhar pelos Bartholy. Ela descobriu mais sobre ela mesma, uma Médium verdadeira! É a única da espécie dela que vimos! Ela vê fantasmas desde pequena, vó. Perdeu os pais em um acidente de carro faz quase 2 anos daqui a pouco. - falou Sara se empondo.
- Sara. Você está em transe como os outros seres ficaram. Lizabeth é boa em mentir. Não ouça-a.
- Sara... sai! - mandei fraca. Minha cabeça latejava pela pressão que a sua avó fazia.
- Quem está em transe por uma vampira sádica é você! - rebateu.
Vi em câmera lenta a poção voar para o peito da Sara. Me ergui ignorando meus ossos quebrados e a empurrei para longe. A avó dela não é assim. A Sara sempre come contou sobre ela. Lizabeth a controlava.
- Usando fantoches para chegar a mim, Lizabeth? Apareça!
- Olha, não é que você aprendeu mesmo? - riu a fantasma aparecendo. Eu vou acabar com a bruxa que estava ajudando ela a nos ver.
Minha visão escureceu e eu me concentrei em fazer Lizabeth sumir. Depois de muito esforço, vi ela desaparecer. A avó da Sara piscou e mexeu a cabeça olhando ao redor surpresa. Antes que eu fizesse algo, virei de costas e uma agulha perfurou minha barriga. Peter tinha uma agulha nas mãos com um líquido que entrou nas minhas veias. Senti uma sonolência e não sei o que aconteceu...
Acordei deitada em um local pouco iluminado. Parecia.. um outro tipo de porão dos Bartholy. Só que como se fosse uma cadeia. Olhei e mexi meu pescoço devagar.
- Aí.. o que aconteceu? - perguntei confusa com a cena e a situação.
- Bom.. digamos que você teve um efeito colateral a nossa cura e meio que juntou os quatro seres sobrenaturais em um. Você meio que perdeu o controle e ativou seu lado "vampiro sem humanidade". Você meio que quis vingança com a avó da Sara. Tentamos impedir mas meio que você quebrou nossos pescoços.
- Ah, meu Deus! - gemi aterrorizada pelos meus atos.
- Por outro lado, descobriu que Lizabeth controlava a Osborne. Já foi um avanço. - contornou.
- Me desculpa por ter quebrado seu pescoço. - falei enterrando minha cara no travesseiro.
- Bom, a culpa foi da Lizabeth. Então relaxe, querida. - discordou fazendo carinho em minha bochecha.
Tentei me erguer mas uma corrente estava presa no meu tornozelo. Tentei tirá-la mas minha mão queimou e eu larguei.
- O que é isso, Peter? - perguntei.
- Tem que esperar o efeito passar, ou seja, esperar segura aqui dentro por umas 21h. - explicou.
- Você não vai me trancar aqui. - falei ultrajada.
- Não era o que eu queria, mas a Sra.Osborne achou melhor.
- O que aquela bruxa tem haver?
- Ela quer falar com você quando voltar ao seu elemento normal. Eu também odeio que você fique aí, mas...
- Sério? Quando eu sair daqui eu vou...
- Você não vai fazer nada. Porque essa não é você falando e quando sair, vai estar bem e normal. - interrompeu.
- Eu juro que acabo com a raça da Lizabeth e de quem teve a ideia com a bruxa de me enfiar aqui.
- Tem verbena e o famoso "mata-lobo" na corrente. Desvantagens do seu efeito colateral é você ganhar as habilidades e fraquezas dos seres. - explicou.
- Existe um "mata-lobo"?
- É como a verbena. Uma planta onde tem isso. É tão difícil achar quanto a verbena. Mas é a última do estoque do clã da Osborne. Agradeça por estar usando.
- Vou agradecer porcaria nenhuma. - retruquei irritada.
- Vou ter que subir, eles disseram para não ficar muito perto. Embora eu queira mesmo que eu esteja desobedecendo todos.
- Está descomprimido ordens só para ver uma 'não eu'? - perguntei menos irritada.
- Óbvio. Você nunca desistiu de mim, até nas minhas horas sombrias. Agora é a minha vez. - respondeu como se fosse o óbvio.
- Ah.. é muito gentil da sua parte. - notei um pouco constrangida.
- Não posso ficar muito mais.. mas eu logo volto, tá bom? Te amo. - prometeu soltando minha mão e indo embora.
Lutei contra a minha vontade de gritar com ele, por conta do efeito e dei um meio sorriso torto. Mas a raiva estava contaminando a minha mente. Eu queria acabar com a vampira que fez isso comigo. Porque ela não para de se intrometer na minha vida?!
Avancei tentando sair atrás do Peter que ainda ia fechar a porta mas a corrente me segurou. Fiz força mas parecia que meu corpo ardia quanto mais eu tentava.
- O líquido que injetamos em você.. é verbena. - sussurrou fechando a porta e trancando.
- Me soltem! - sibilei frustrada.
- Eu volto, Bella. Eu prometo.
- Peter! - falei tentando pegar seu braço pela grande da janelinha da porta.
- Eu volto Isabelly. Eu volto. - falou indo embora.
Comecei a me tacar nas paredes com força. Empurrei e só senti uns arranhões em meu braço, mas ainda estava presa. Agarrei a corrente em meu pé e puxei. Queimou minha pele e eu gritei de dor. Algo imobilizou as minhas mãos e me fez tirar da corrente. Olhei pra cima e vi Jessica parada na porta.
- Posso entrar? - perguntou. Metade de mim queria usá-la para fugir mas a outra queria conversar.
- Não.. quer dizer, claro. Entre. - murmurei.
Ela entrou e ficou um pouco afastada de mim. Ela estava segura do meu alcance e não demonstrava medo por eu estar como uma selvagem.
- Gostando da cena? Estou parecendo uma selvagem completa. - ri sem achar graça alguma.
- Não acho que esteja selvagem. Só acho que pra salvar sua vida teve uma consequência pequena. Vai acabar em algumas horas. - discordou sorrindo.
- Mais uma desobedecendo ordens. Coisa feia, Jess. - falei maliciosamente. Essa não era eu, mas eu não conseguia controlar o sarcasmo e a impulsividade dentro de mim!
- Eu desobedeci mesmo. E com firmeza. Você não desistiu da minha vida quando me viu presa naquele inferno de lugar. Não vai ser agora que vou desistir do que eu sei que vale a pena. - rebateu. Ela usou palavras fortes prendendo minha atenção, saco.
- Eu valho a pena? Deixa eu te contar um segredo. - sussurrei chamando ela.
Ela veio até mim e eu fiz menção de agarra-lá quando minhas veias explodiram de novo. Parecia que a minha pele estava queimando toda. Gritei e segurei minha cabeça com força.
- Você não é a Lizabeth. Vai voltar ao normal, logo. - avisou dando as costas e trancando a porta.
Peguei o cobertor que tinha e o travesseiro e encostei na parede. Me enrolei nele e virei de costas para a porta. Meu 'eu' descontrolado era perigoso. Eu ia ficar aqui quieta, até passar um dia inteiro. Simples. Fechei os olhos e dormi.
Acordei com torcicolo. Me estiquei e minha garganta estava seca. Eu queria água. É um pouco de comida cairia bem. Eles esqueceram que eu ainda era humana apesar de tudo?
- Oi? Eu tô com fome e com sede! - falei rouca.
Nada em resposta. Virei de costas e olhei o relógio no meu pulso. Faltavam apenas uma hora pelo menos. Era só aguardar na paz...
Ouvi um baque alto lá em cima e apurei meus ouvidos melhor. Parecia que havia uma guerra lá em cima. Meu Deus... os Bartholy, o Sebastian e as bruxas!
Forcei com toda a minha concentração a corrente sair e deu certo queimando minha mão dolorosamente. Arrombei a porta do portão quatro vezes e depois taquei dois raios. Só consegui destranca-la. Depois eu ia perguntar que material era feito a porta pra ser tão forte...
Cheguei lá em cima e me surpreendi com a cena. Pessoas desconhecidas estavam paradas em pé observando a cena. Para o meu completo horror, todos os meus amigos estavam a mercê deles. Até a Sra.Osborne que é extremamente poderosa. Me escondi atrás da pilastra ouvindo com atenção.
- ... Nossa, seguir ordens de duas pessoas diferentes cansa. - reclamou um.
- Não enche, vão dar sangue reserva e nossa liberdade depois. - rebateu o outro.
No total, tinham no mínimo umas treze pessoas. E provavelmente todas eram vampiros. Recém-criados, com certeza. Eles tinham mais força, rapidez e inteligência no primeiro ano de vida. Depois ia voltar ao normal como qualquer outro vampiro. Estávamos lidando com um grupo espertinho...
- Mas o que era pra gente lidar, não lidamos. Pelo visto, as defesas desta mansão são inúteis. Nem aquela bruxa velha conseguiu nos deter, só ameaçar alguém do bando dela e todos se entregam. - riu um terceiro.
- E aí? Não fomos apresentados. - falei aparecendo e fazendo uma reverência.
- Opa, quem é essa aí?
- Não nós apresentamos? Deixa que eu digo por mim mesma. - sorri maliciosamente.
Raios caíram e eu parti ligeira pra cima deles. Peguei um e o olhei nos olhos ainda sorrindo.
- Sou uma Médium. - falei simplesmente. Quebrei o pescoço do vampiro jovem.
- Uma Médium?! Parece mais uma vampira que qualquer outra coisa! - exclamaram rosnando.
- Híbrida, prazer. - cumprimentei com a visão vermelha.
Avançaram em cima de mim e eu ataquei todos ao mesmo tempo. Raios caíram empurrando os para longe. Quebrei o pescoço de mais dois e eles conseguiram acertar algo no meu braço de raspão que fez um arranhão pequeno. Uma gota de sangue caiu e eles olharam. Meu sangue e cheiro...
- Sangue! - sigilaram pulando em cima de mim.
Aproveitei a oportunidade e caiu um raio me fazendo explodir. Rapidamente, quebrei o pescoço de todos que se distraíram. A sala ficou quieta demais. Daqui a pouco eles iam acordar.
Fui até os meus amigos que me olhavam chocada por derrotar sozinha treze recém-criados. Soltei-os um por um e me afastei.
- Recém-criados. - apresentei.
- Notei, quebraram meu pescoço com mais força que o habitual. - reclamou Drogo.
- O que fazemos agora? - perguntou Sara olhando a pilha de vampiros.
- Queimamos. - falei como se fosse o óbvio.
- Vai matá-los? - perguntou Jessica.
- Eles vieram por ordens de alguém. Eles não são amigos. - falei acendendo um fósforo.
- Mas eram treze pessoas inocentes a pelos menos uns dias. Vai matar e deixar que percam a chance de viver?
- O que você quer que eu faça? Ou eu mato ou nos matam. Prefere o que? - retruquei.
- Que sua humanidade volte. Você não iria concordar com isso. - replicou Sara firme.
- Humanidade desligada. Estou no piloto automático por umas horas ainda.
- Pode fingir mas você está lutando com você por dentro. Quer ser você mesma mas não está tendo força para tirar essa nove 'você' do comando. - interrompeu Drogo cruzando os braços e ficando cara a cara comigo.
- Daqui a algumas horas eu vejo. - falei ironicamente.
De repente o fogo aumentou e queimou a mão. Larguei automaticamente reclamando de dor. A Sara e Jessica estavam apontando as mãos para o fósforo que foi parar na mão do Drogo.
- Ah.. vocês não fizeram isso. - falei entredentes. - Quer seu pescoço quebrado de novo? - perguntei para o Drogo estendendo as mãos.
- Se acalme. - mandou Sebastian me segurando e me prendendo em seus braços fortes.
- A culpa toda foi dessa bruxa. - rosnei com os olhos vermelhos presos na Sra.Osborne que só sorria levemente me observando.
- A culpa foi da Lizabeth. - corrigiu Nicolae de longe.
- Para a sua sorte, está acabando sua falta de humanidade. Falta apenas uns minutos. - comemorou Drogo.
- Tanto faz. - falei me afastando de todos irritada.
- O que vai fazer? - perguntaram.
- Queimar os corpos! - exclamei.
- Não vai, não. - responderam todos.
- Olha, vocês são muito burros há ponto de não entender que quando acordarem não vai ter essa 'eu' pra salvar não. Façam o que eu digo e queimem a droga de treze vampiros. Não custa nad... - expliquei mas depois apaguei.

Os diários de uma híbrida (Vol.2)Onde histórias criam vida. Descubra agora