Tréguas

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Entramos na mansão e eu marchei até a sala, sendo seguida pelos meus guardas-costas.
- Cadê a Sara?! - gritei com o Peter.
- Está morta.
Meu coração gelou e eu senti minha cabeça ferver.
- Você sabia que se ela usasse tanto poder ela morreria, não sabia?! - grunhi.
- Sabia. - respondeu frio.
Não me segurei. Eu esqueci que não tinha meus poderes pra me defender, esqueci que era frágil. Minha cabeça parecia que ia explodir de tanta raiva e dor. Encarei ele lívida e bati em seu rosto.
Ele me olhou com a mesma expressão, como se soubesse que mereceu. James encarava o teto, sem querer ganhar um tapa.
- Me escute, Isabelly. - pediu.
- Não vai me hipnotizar para ouvir você. - retruquei fria me afastando.
- Não vou, mas a escolha de saber da sua amiga é sua.
E então aguardou. Neste momento, Drogo e Nicolae apareceram surpresos com o corpo desmaiado no meio da sala e eu encarando o Peter com raiva. Não sabia como reagir. A escolha era minha. Valia a pena ouvir? Por outro lado, Peter não ia me machucar propositalmente, ele sabia o quanto eu gostava da Sara.
Sentei-me no sofá de braços cruzados. Encarei o chão e depois encarei os olhos dele. Inspirei fundo e fiz sinal com a cabeça.
- Eu sabia que Sara não teria força o suficiente por agora para deter o Klaus, mas ele tinha que acreditar que ela tinha morrido.
"Sara sabia das consequências de tanto poder e se preparou para isso. Ela fez um feitiço, teve que estudar várias noites ele, e o usou. Quando ela 'morreu', seu corpo se teletransportou para a casinha na floresta que te levei quando Lizabeth me controlava. Por mais que seu coração não bata por agora, o feitiço a resguardou. Natan está com ela neste momento, esperando-a acordar. Daqui a algumas horas você verá ela viva. De nada, a maior parte da ideia foi minha."
Todos os irmãos estavam de boca aberta para a inteligência do Peter. Encarei ele sem expressão por um tempo e relaxei os ombros.
- Porquê Klaus tinha que acreditar que ela morreu?
- Para ele achar que está na vantagem. Que não temos como te proteger do sacrifício que ele quer fazer. - explicou. - Sim, estávamos esse tempo todo preocupados que nem você.. sabíamos que ele não tinha sumido, ele está planejando a dias os próximos passos.
- E porquê você não me contou?
- Porque você é uma péssima atriz.
- Ah, sério?
- Não sei o quanto Klaus está na nossa frente, mas precisamos tomar cuidado. Ele quase pegou você hoje a noite, por outra pessoa. - continuou apontando para o lobisomem.
Afirmei com a cabeça concordando. Foi por pouco mesmo, o que custou a Sara na jogada.
- E o que faremos? - perguntou Nicolae por fim.
Todos nós ficamos mudos. Não tinha muito o que fazer.
Fui para meu quarto esfriar a cabeça e deixei eles lidarem com o meu amigo desmaiado, que agora não estava possuído óleo Klaus. Tirei os sapatos e olhei pela janela. Era tudo tão mais fácil quando era só os descendentes pra me irritar...
Então tive uma ideia. Uma péssima e boa ideia. Desci rapidamente até o sótão e abri a porta onde tinha o vampiro Original 'morto'. Olhei pros lados e retirei a adaga sem fazer barulho. Lentamente, sua pele voltou a ficar pálida em vez de cinza e ele abriu os olhos. Tranquei a porta e ele começou a arranhar o próprio pescoço.
- Eu não posso entrar! - grunhiu sem ar.
Demorei uns dez segundos para entender que ele não foi convidado para entrar. Ele estava ficando cinza de novo e rapidamente mas baixinho para os irmãos não ouvirem eu fui ajudá-lo.
- Entre.
E ele começou a respirar normalmente de novo.
- Burrice a sua vir aqui... - começou mas eu fiz sinal para ele fazer silêncio e apontei pra cima.
- Preciso da sua ajuda. - comecei baixinho me sentando e convidando-o para sentar.
Eu entendia a desconfiança dele e rapidamente taquei a adaga para o outro lado, mostrando que não tinha como atacá-lo. Ele se sentou e me observou curioso.
- Estou ouvindo.
- Eu sei que você quer destruir a pedra e a mim, mas se só destruir a pedra eu estaria bem grata. - admiti. - Não sou como a Elizabeth, eu ainda quero fazer muitas coisas e mal comecei a viver.
- Mesmo que eu considere te deixar em paz e ir atrás da pedra, porque eu faria isso?
- Porque quero impedir o seu irmão de completar o sacrifício.
- Niklaus apareceu?
- Sim, mais forte do que nunca.
- Porque eu deveria confiar em você, dupl... hã.. Isabelly?
- Porque não confiar? Eu te libertei sem eles saberem.
- Um belo ponto. - concordou lentamente.
- Temos uma trégua? Você e eu?
- Temos sim, Isabelly.
- Que bom, agora saia pela janela do meu quarto. - avisei começando a subir com ele atrás de mim.
Olhei pelo corredor e corri rápido para o quarto trancando a porta. Ele olhou em volta curioso e viu a minha foto pequena com meus pais. Ele tocou de leve e eu só o observei.
- Meus pais adotivos. - apresentei.
- Imaginei, mesmo duplicata você não é parecida com nenhum deles.
- É, percebi por agora.
- Eles...
- Mortos. Culpa do Victor.
- Meus pêsames. Sabe quem são...?
- Não. - murmurei desconfortavelmente.
- Se vocês sobreviverem a isso e me ajudarem a deter meu irmão, estarei lhe devendo.
- De forma alguma, Elijah. - discordei rapidamente, não querendo ter que o Original pague algo a mim.
- Posso tentar achar informações sobre do paradeiro dos seus pais. Tem algum nome ou lugar...?
- O nome da minha mãe só. Priscila Clark, algo familiar?
- Hum... é familiar mas não me lembro de onde.
- Não importa. - dei de ombros. - Você deve ir.
- Concordo plenamente. - sorriu levemente para mim, pela primeira vez sendo gentil.
Ele me olhou uma última vez e pulou pela janela se afastando. Eu não sei bem se fiz certo, mas eu segui minha intuição. E eu acreditava que fiz o certo.

Os diários de uma híbrida (Vol.2)Onde histórias criam vida. Descubra agora