Pessoa Misteriosa

226 30 9
                                    

Faz uma semana desde que Bakugou começou seu serviço comunitário no hospital e ele ainda não ajudou ou se apresentou a nenhum dos pacientes. Mas, por alguma razão, ninguém chama sua atença porque todo o seu trabalho está sendo feito.

Ontem, ele foi convidado a colocar decorações de Halloween ao redor do local, já que é outubro e o Halloween é em algumas semanas. Bakugou, no entanto, não tocou em uma única abóbora ou fantasma, ele apenas se sentou à mesa com suas cápsulas de ar ouvindo música enquanto olhava pelo telefone como sempre faz e ainda assim quando olhou para cima o salão estava completamente decorado.

Havia teias de aranha falsas nos cantos, algumas abóboras pequenas em cada mesa, pequenos recortes de morcegos colados na parede, junto com faixas dizendo feliz dia das bruxas ou doces ou travessuras. O lugar parecia bonito e assustador. Bakugou foi elogiado por seu trabalho pelas enfermeiras, mas não fez nada. Mas ele quer descobrir quem é.


— Tenha um bom dia! — Kaoruko disse para Bakugou enquanto ele subia os degraus do prédio. Ele abriu a porta e estava prestes a entrar no salão principal quando ouviu uma tosse forte. Ele virou a cabeça para ver a enfermeira franzindo a testa para ele com a mão estendida.
— Por que você não vai se foder?! Até quando vai fazer isso? — Ele disse enquanto caminhava até ela e colocava o dispositivo em sua mão.
— Até que você realmente me dê seu telefone sem que eu precise pedir ou quando você parar de dar telefones falsos.
— Tch, o que você quer dizer com telefones falsos? — Bakugou disse com um sorriso fazendo a carranca da enfermeira se aprofundar.
— Da última vez que pedi seu telefone, você me deu uma calculadora com a imagem de uma tela de telefone nela.
— E do mesmo jeito você ainda pegou. — A enfermeira suspirou e examinou o telefone para ter certeza de que era realmente um telefone antes de colocá-lo no bolso.
— Por hoje eu preciso que você examine todas essas doações e limpe tudo o que precisa ser limpo ou jogue fora coisas que precisam ser jogadas fora. — Ela disse a Bakugou enquanto apontava para uma caixa na mesa que parecia estar cheia de roupas. Bakugou foi até a caixa e olhou dentro para ver algumas fantasias de criança esfarrapadas e empoeiradas. Ele franziu o rosto em desgosto com a visão.
— Oque diabos são essas coisas?
— São algumas fantasias de Halloween para as crianças que ficam aqui. — Ela simplesmente respondeu enquanto digitava algo em seu computador.
— Você chama esses trapos de fantasias!?
— Ouça, este é um hospital pequeno e mal recebemos doações, então trabalhamos com o que temos, então, por favor, limpe-os e certifique-se de que estejam prontos para o Halloween. Além disso, quando terminar, você pode ler alguns dos livros doados para as crianças, eles adoram quando os voluntários fazem isso por eles. — Ela disse a ele enquanto pegava algumas pastas e se afastava.

Bakugou revirou os olhos e deixou a caixa de fantasias sobre a mesa. Ele caminhou até a sala de estar e tirou o telefone do bolso (o que ele deu à enfermeira foi um walkie-talkie que parece um telefone que ele roubou de uma loja de conveniência) e colocou seus fones de ouvidos para ouvir sua música . Ele, no entanto, não se sentou em sua mesa habitual, que foi colocada longe da porta para que ninguém pudesse vê-lo se apenas olhassem para a abertura. Em vez disso, ele se sentou em uma cadeira de frente para a porta, dando-lhe uma visão perfeita da caixa.
"Vou descobrir quem diabos está fazendo meu trabalho. Não é como se eu me importasse que estejam fazendo isso, mas eles têm que ser da minha idade. Eu sei que esses velhos não vão fazer merda nenhuma, as enfermeiras e os médicos apenas gritariam comigo, e as crianças são crianças. Então deve haver outra pessoa da minha idade trabalhando aqui." Bakugou pensou enquanto olhava para a caixa ainda em cima da mesa.

Ele então sentiu um toque em seu ombro e olhou para cima para ver um homem baixo e idoso com cabelos grisalhos curtos e barba com olhos castanhos claros segurando uma bengala.
— O que você quer vovô? — Bakugou disse enquanto desligava a música em seus fones
— Bem, você está no meu lugar. — Ele disse com um sorriso gentil. Bakugou revirou os olhos.
— Tch, e daí? Vá encontrar outro maldito lugar. — Ele disse e olhou de volta para a caixa que ainda estava sobre a mesa. Ele então sentiu dor no topo de sua cabeça.
— Ai! — Bakugou exclamou enquanto esfregava o topo de sua cabeça. — Você acabou de me bater com a porra da sua bengala!
— E daí? — Ele disse fazendo todos os outros idosos rirem e começarem a bater palmas. — Agora tire sua bunda da minha cadeira, seu pirralho desrespeitoso.
— De jeito nenhum eu cheguei aqui primeiro!
— Rapaz, eu estava aqui antes mesmo de você nascer!
— Tch, apenas pegue um novo assento já velho!
— Que tal eu lutar com você por isso? — O velho disse fazendo todos os idosos ficarem surpresos.
— Pfft, você lutar comigo? Você não pode estar falando sério! — Bakugou riu, mas o homem apenas arregaçou as mangas e entregou sua bengala para um dos outros idosos sentados.
— O que foi? Está com medo? Não acha que pode vencer o vovô? — O homem brincou fazendo todo mundo rir e começar a insultar o adolescente também.
— Eu não posso imaginá-lo lutando, tudo o que você faz é ficar sentado o dia todo!
— Se você me perguntar, Torino, eu digo que os músculos do garoto são todos para se mostrar!
— Sim, aposto que Sorahiko pode levantar mais do que ele!
— Ah, olhe, ele está tremendo!
— Você vai chorar, garotinho? Você quer sua mamãe? — Bakugou pirou. Ele se levantou da cadeira e apontou para o homem mais baixo.
— Vamos, velho! Você quer lutar, então vamos lutar!- Bakugou disse enquanto levantava o punho na frente de seu rosto. Todos começaram a aplaudir.
— Mostre-me o que você tem garoto! — Torino disse com um sorriso enquanto levantava os dois punhos.

— Você desiste agora garoto?
— Ack, até parece velhote — Bakugou gritou enquanto estava no chão. Torino está sentado de costas enquanto ele prende um dos braços de Bakugou e uma de suas pernas nas costas também.
— Apenas admita a derrota garoto. — Torino disse a ele e Bakugou suspirou.
— Tudo bem! Você ganhou. — ele murmurou a última parte baixinho.
— O quê!? Você tem que falar alto garoto, eu sou velho, lembre-se! — Torino disse enquanto pressionava com mais força o braço e a perna do menino.
— Ahh, eu disse que você ganhou! — Bakugou gritou.
— Foi isso que pensei — Torino disse, desceu do loiro e sentou em sua cadeira. Bakugou se levantou e esfregou o braço.
— Você é muito forte para um velhote. Rápido também. — Bakugou murmurou.
— Obrigado, garoto, mas eu perdi bastante disso, na minha juventude eu poderia ter te derrotado em 3 minutos no máximo.
— Bem rápido hein?
— O bom e velho Gran Torino nunca perde. — Alguns outros idosos disseram e o resto assentiu.
— Gran Torino? — Bakugou questionou enquanto olhava para o velho que ele havia acabado de lutar.
— Vejo que alguém não leu os arquivos que a enfermeira Joy deu. — Torino disse fazendo o loiro revirar os olhos.
— Apenas me diga ou eu tenho que lutar com você. — Bakugou disse fazendo Torino rir.
— Quando eu era mais jovem eu era um lutador profissional de MMA e eu atendia pelo nome de Gran Torino. Eu tive alguns bons shows, alguns ruins, mas nunca desisti de uma luta. Mas como você pode ver eu fiquei velho e me aposentei e agora eu estou aqui. — explicou Torino.
— Você tem alguma boa história de luta? — Bakugou perguntou enquanto se sentava no chão se interessando pela conversa.
— Estou velho demais para lembrar disso!
— Vamos Torino, o garoto lutou bem.
— Sim, ele merece pelo menos uma história. — Alguns dos idosos começaram a dizer tentando convencer o velho teimoso.
— Tudo bem! Uma história! — Ele gritou e todos aplaudiram até Bakugou. — *suspiro* vamos ver acho que foi no final dos anos 70...


— E então BAM! Ele foi considerado culpado no dia seguinte. — Gran Torino terminou sua história recebendo uma salva de palmas de sua plateia.
— Eu não posso acreditar em tudo o que aconteceu porque você acidentalmente derrubou a moto dele!
— Confie em mim, garoto naquela época, a motocicleta de um homem era mais importante para ele do que sua própria vida. — Ele disse e alguns idosos concordaram com a cabeça.
— Sabe, eu estive em algumas lutas, mas nenhuma delas se compara a isso. — disse Bakugou.
— Eu sabia que você se metia em brigas, você parece o tipo de encrenqueiro com todos esses piercings e suas roupas de bandido! — A senhora com quem ele gritou em seu primeiro dia disse e todos os outros concordaram com a cabeça. Bakugou olhou para baixo para ver o que ele estava vestindo apenas para ver o jeans camuflado, suas botas de combate pretas com cadarços laranja, uma camisa preta com uma caveira branca e uma jaqueta cinza escura que dizia 'foda-se' nas costas dele em letras laranja.
— Foda-se meu estilo não é de bandido e eu não tenho tantos piercings! Tudo que eu tenho são alguns nas minhas orelhas, um piercing no nariz, e um na minha língua!
— Na língua!? — Bakugou mostrou a língua para que eles pudessem ver seu piercing.
— Ooh, isso não doeu!? — O loiro apenas balançou a cabeça.
— Não muito, mas demorou um pouco para curar.
— *suspiro* Os jovens de hoje fazem tantos buracos em seus rostos, pelo menos você não tem uma tatuagem.
— Bem... — Bakugou disse e os idosos apenas suspiraram.
— Você não é muito jovem para ter uma tatuagem!?
— Seus pais concordaram com isso!? — Alguns idosos perguntaram.
— Tenho 18 anos, conheço alguns garotos mais novos que eu com tatuagens, mas ao contrário deles, eu não pedi aos meus pais que fizessem uma.
— O que você quer dizer que você não perguntou!?
— Eu fugi e fiz uma tatuagem na parte de trás do meu ombro sem a permissão dos meus pais. Além disso, eles nem prestam atenção em mim para perceber que eu fiz uma. — Bakugou disse revirando os olhos. Ao fazer isso, ele notou que a caixa havia sumido.
"Merda, quando isso aconteceu!?" Ele rapidamente se levantou e começou a ir até a mesa onde a caixa estava.
— Ei garoto aonde você vai!? — Torino gritou atrás dele.
— Eu tenho que verificar uma coisa! — Bakugou respondeu.
"Aqueles velhos me distraíram! Não consegui ver quem levou! Talvez ainda estejam lá embaixo!" Bakugou pensou enquanto descia para o porão onde guardavam as lavadoras e secadoras. Ele chegou à lavanderia, mas estava vazia e a caixa estava sobre o balcão. Ele foi até lá para ver que todas as fantasias foram lavadas, embora ainda parecessem muito feias. "Se as roupas estão aqui embaixo, então para onde diabos a pessoa foi?"
— A ala das crianças! — Bakugou exclamou. Ele então pegou a caixa e começou a carregá-la de volta para cima com ele.
— Ah, Bakugou, você terminou de lavar as roupas, ótimo! — A enfermeira joy disse enquanto tirava a caixa dele.
— Sim, sem problemas. — Ele resmungou e estava prestes a ir para a ala infantil quando a ouviu chamar seu nome.
— Bakugou um walkie-talkie sério? — A loira apenas deu de ombros.
— Você caiu nessa.
— *suspiro* você sabe que eu não me importo, porque sua carona estará aqui em 10 minutos. — Ela disse com um sorriso e sentou-se atrás do balcão. Os olhos de Bakugou se arregalaram e ele olhou para seu telefone.
"Merda, aqueles velhos tomaram mesmo meu tempo. " pensou Bakugou.
— Uh, Joy, eu vou me despedir das crianças bem rápido.
— Ok, eu vou te avisar quando sua carona estiver aqui. — Ela disse a ele e Bakugou correu para a ala infantil. Chegando lá, tudo o que viu foram algumas crianças brincando com seus brinquedos.
— Merda! — Ele disse ganhando a atenção de um garoto.
— Ooh, você acabou de dizer uma palavra ruim. — Um garoto com cabelo roxo claro com tranças disse.
— Alguém veio aqui mais cedo e leu para vocês? —Todos acenaram com a cabeça.
— Ótimo, quem era e você sabe onde eu poderia encontrá-lo? — Todos se olharam e começaram a sussurrar entre si deixando o loiro um pouco irritado.

Uma garota finalmente se manifestou. Ela tinha longos cabelos azuis claros ondulados que quase pareciam brancos olhos vermelhos. Havia uma leve protuberância no topo de sua cabeça e ela tinha bandagens nos braços e nas pernas. Ela acenou com a mão sinalizando para o loiro se aproximar. Bakugou revirou os olhos, mas obedeceu e se agachou na frente dela. A garotinha se inclinou perto do rosto dele e...
— thbpttttttt! — Bakugou se levantou e enxugou o rosto depois que a garotinha soprou na cara dele fazendo todas as crianças rirem.
— Ugh! Pirralha maldita! — Bakugou gritou fazendo todas as crianças rirem mais.
— Nós não vamos dizer quem ele é porque você é um malvado! — A garotinha disse e o resto das crianças concordou.
— Ugh, tanto faz! — Bakugou gritou e saiu correndo deixando as crianças rindo e batendo nas mãos umas das outras
— Malditos pirralhos. — Bakugou murmurou para si mesmo enquanto caminhava por um corredor vazio/não utilizado. Ele tirou o maço de cigarros do bolso do paletó e tirou um. — Pelo menos eu sei que é um cara. — Ele murmurou enquanto colocava o cigarro na boca e o acendia. Ele olhou para o telefone para verificar a hora. "Ela estará aqui em breve." Ele pensou enquanto soltava um pouco de fumaça da boca.
— Você não deveria estar fazendo isso...


Apenas Um Dia (BakuDeku - DekuBaku)Onde histórias criam vida. Descubra agora