-Fique a vontade , este será seu lar por um bom tempo , não sabemos quanto tempo teremos para se preparar e estarmos fortes para enfrentar o rei e a rainha e o falso príncipe herdeiro.- O homem que diz ser meu pai diz enquanto se senta na enorme sala da casa.
-Da para ser mais direto pai, demoraremos tempo demais por causa de sua filha perdida que não sabe nada.- Emma diz irritada andando de um lado para o outro na grande sala
-Não precisa ser desagradável Emma.- Darlan diz e ela revira os olhos
"Desculpe , mas isso tudo é demais para mim, que tal fingir que não existo ?" - era isso que eu queria ter falado, eu queria realmente fugir disso, mas eu estaria sendo fraca, meu Deus estaria comigo e eu precisava fazer justiça em nome de quem perdi e em nome de todos que viveram apenas por esse momento.
-Eu acho que esta menina aqui precisa de um belo passeio com o pai dela nestes jardins.- disse uma mulher vindo de um outro lado da casa, ela parecia ser gentil, uma mulher de meia idade com um olhar acolhedor, me lembrava Dora, e eu sinto que ela será alguém que eu talvez possa contar.
-Uma boa ideia , Emma e eu arrumaremos os cavalos enquanto Afonso e Gardenia se resolvem. - Darlan diz com um sorriso forçado no rosto e logo Emma se revolta de vez
-Diga por você Darlan , eu irei para meu quarto.- Emma diz saindo pisando forte e determinada a sair o mais rápido de lá
O homem que diz meu pai então se chama Afonso... Afonso...Afonso... é só esse nome que ronda minha cabeça.
"Senhor Afonso e Senhorita Alyta suas carruagens estão prontas..."
-Alyta ? - eu sussurro baixinho
-Disse algo Gardenia ?- Afonso diz se levantando e vindo até mim sério
-Estou indo...- Darlan diz se indo rapidamente para o lado de fora da porta
-Alyta, é o nome da minha mãe?- eu o pergunto e sinto minha cabeça começar a doer
-É... é sim, se lembra de nossos nomes ? - ele me pergunta com receio
-Não, eu não me lembro, mas ouvindo seu nome me veio uma frase com esse nome... Afonso e Alyta.- digo confusa
Afonso respira fundo e olha perdido para o horizonte , ele está tão perdido quanto eu, e de um jeito de outro teremos que resolver essa situação , a família real tomou decisões erradas e logo eu tive que fazer parte de tudo isso, e agora terei que enfrentar essa reviravolta em minha vida.
-Vem comigo.- ele diz e se vira indo para o lado oposto da porta de entrada, então noto uma linda porta de vidro grande aberta, a casa é quase tão grande quanto um castelo, uma linda mansão , com um ambiente até que aconchegante.
Atravessando a enorme sala vejo que tem uma lareira e uma bela espreguiçadeira na frente dela, os sofás estão posicionados ao redor dessa espreguiçadeira , também tem uma mesa de centro com uma linda madeira clara arredondada com lindas curvas em torno dela , e então tem uma enorme parede , de uma lado da parede tem uma enorme escada e no outro lado tem uma porta enorme de dois lados , um dos lados estava aberto e o outro fechado, este lado é o lado da onde estávamos indo, ao lado oposto da entrada onde a mulher de meia idade que me lembrava Dora havia saído.
Passando pela grande porta de vidro que estava aberta, lá havia outro tipo de jardim, o perfume das milhares lavandas tinha me conquistado assim que eu as senti, tinha uma bela mesa ao ar livre , perfeito para uma tarde de chá, e depois de uma caminhada de 5 minutos havia uma subida a um penhasco e lá de cima havia um arbusto com flores brancas, não se dava pra reconhecer qual tipo de flor era , já que estávamos longe dela. As lavandas dominavam toda aquela subida para o pequeno penhasco, e havia caminhos livres como fileiras entre as lavandas.
-Filha... quero dizer, Gardenia...- Afonso se corrigiu rapidamente ao me chamar de filha, mas estava óbvio o desconforto, ele tinha sido todo corajoso ao aparecer daquela maneira, eu achei que ele fosse um valentão, mas ele me parecia um bom homem, um homem injustiçado pela família real.
-Pode me chamar de Nia , Afonso.- eu digo olhando para ele com um sorriso educado no rosto, me parece não estar sendo muito fácil para ele.- O que ia me dizendo ?- o pergunto curiosa
-Seria mais fácil e rápido irmos a cavalo , mas eu queria que você tivesse uma primeira sensação do que é caminhar em meio a essas lavandas.- Ele diz sorrindo e eu sorrio também, e me pergunto como ele teria sido comigo se tivesse feito parte da minha vida.- Nia, eu quero que saiba que todo esse tempo eu sabia onde você estava, eu dei dinheiro a Theodora para que a criasse bem e que guardasse o segredo de que você era a verdadeira princesa , e por isso o principal alvo de tudo isso foi ela, Alfred nos traiu por dinheiro, subornado pelo rei sem que eu ou Emma soubesse, eu jamais esquecerei o que está mulher fez por você.- Ele diz e eu fui pega de surpresa , sem nenhum preparo antes dessas palavras.
-Você sabe que estragou todo o clima de andar nestas lavandas não é mesmo...- eu digo encarando as lavandas balançarem com os ventos e tentar me acostumar com o fato de que ela não está mais aqui e que eu não sou apenas uma criança qualquer que foi abandonada pelos pais em um floresta.
-Desculpe, eu estava guardando todo esse tempo isso comigo , você não sabe quantas vezes eu quis abrir mão disso tudo e ter pego você e fugido para longe...- Afonso diz com raiva nos olhos
-E por que não fez isso ? - eu o pergunto com mágoa nos olhos
-Porque o Rei estava nos caçando, ele sabia que eu estava vivo , e eu me escondi e por covardia e orgulho não desisti de me vingar por Alyta e tudo o que fizeram conosco e com o povo, mas te vendo comigo e não ouvir você me chamando de pai me dói mais do que eu achei que doeria.- Afonso diz com os olhos cheios d'agua , ele vira o rosto e seu corpo totalmente para frente e aperta os passos, e me doeu mais do que me deu raiva ver o forte arrependimento dele pelas decisões tomadas por ele anos atrás.
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Laço de sangue
FantasyNa época onde reis e rainhas governavam o mundo todo, onde tudo funcionava na monarquia , haviam também os aldeões , que trabalhavam para o reino e para seus reis e rainhas e lá vivia uma garota chamada Gardenia , adotada por uma mulher chamada Theo...