Kitty

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Queria escrever um poema
Mas um poema não consigo escrever
Ninguém entende quando os lê
E cansei de tentar os fazer entender.

Mas aprendi com Anne Frank e sua visão
Que a arte é vida até mesmo no holocausto
E diante de qualquer percalço
Minha escrita nasceu comigo e me expressarei com ela
Exercendo meu direito puramente
Solicitando ouvidos e navegando em livres letras
Sensações querendo ser explodidas como fogos de artifício e se mantiverem nos céus como estrelas
Posso não ter inspiração
Negar conflitos internos de antemão
Mas os dias continuam em mundos distintos e vidas incontáveis
E em todas elas, irei escrever.

Pra mim, pro meu diário, pro mundo
Ou pra ninguém
Mesmo que ninguém entenda
Ou tente entender
Escrever não depende delas
Só de mim
Escolhas de escrever ou não eu sempre terei
Ou a escrita quem me escolheu.

A púrpura por melancolia me parece um roxeado saindo de um mirtilo
Roxo, quase azul
Por que sumiram?
Justo agora?
Vermelho com azul. Roxo.
Eu sempre soube que laranja era claro demais pra mim.
"Azul! Azul violeta. Do que elas são feitas?" "Céus de verão", disse eu, "ameixas e figos, e o suco de uva dos imperadores"."

Sinto como se palavras flutuavam pelos ares
E sem precisar de esforço
Elas se ordenam e se movem
Criando vida
Sem saber que criariam forma.

Costumamos desejar o início
Às vezes o meio
Mas nunca o fim
O bem e o mal sempre entrando em combustão dentro de mim
Um psiquiatra me disse uma vez, "O diário de Anne Frank nunca existiu, ela não conseguiria escrever o que escreveu. E claro, o diário jamais permaneceria intacto."
Psiquiatras e suas obsessões por certezas
Minha crença fez um pacto
De que doces sentimentos sempre superarão dúvidas cruéis
Nem toda água que me mantém viva encheria esta cachoeira.

A escrita é eterna como as encarnações.

2022,
HannaMello.

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