Jazz em Vermelho

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Cadeiras de granito em volta de mesas vermelhas, tulipas em jarros com água, chapéus felpudos buscando nossos olhares, fumaça pairando sob o ar - talvez do frio, dos cigarros em volta ou da quentura da lareira - e risadas escandalosas.
Ah, o amor!
O amor em meio à cena.
Mulheres dançando, rindo, se divertindo com a garrafa de bebida que foi quase derramada por três ou quatro vezes.
Águas já transbordadas, por que não a deixarem ser secas pelo sol?
Toalhas de mesa quadriculadas de vermelho, junte-as todas e as picote. Laços no pescoço, por favor!
Laços em diálogos, laços em danças, laços leves enroscados sobre o medo que já não tolera tesouras.
Fitas vermelhas inaugurando novos lugares dentro de si.
Pra que temer a tesoura?
Use-a para abrir novos espaços.
Ah, o vermelho!
Saboreei uma maçã caramelada com o último machucado que marcou-me.
O rasgado.
Os cortes.
Meu coração segue vibrante pela melodia que vem do jazz cujo minha alma sempre me cochicha.
Dias atrás minha mãe perguntou-me qual era minha vitamina favorita: "De maçã!" "Mas de maçã? Ora! Com tantas outras!"
Os saxofones soam dentre os vestidos esvoaçantes que nenhuma ventania passageira seria capaz de segurar.

2022,
HannaMello.

𝗔𝘂𝗿𝗼𝗿𝗮Onde histórias criam vida. Descubra agora