Alex//3

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Alex é um personagem.
Alex, denominado medo, denominado Alex
Alex que não mais ouvi, não mais obedeci, não mais segui
Alex que me explorou, me coordenou, me treinou.

Com a vírgula desvinculada e o ponto posicionado
Assim revi, assim senti, assim vivi.

Não me lembrei de sua pressão
Pois na palma de uma página encontrei a clamada solução.

Não quero me sentir imersa a alguém
Que me faça repensar meus próprios pensamentos
E sim, flutuar em figuras que me façam deslumbrar minhas visões.

Me defender de suas vestimentas com tato de plumas brancas
Que recobrem as intenções manipuladoras abaixo do capuz torneado
Nunca enxerguemos o mal em sua face
Apenas o que é puro, é translúcido.

Elas estarão expostos em telas abstratas e excepcionais
Em um museu antigo na av. XXII.
Nele, encontrei indícios que me incentivaram
E um índice gradualmente alto de provas, presentes no gráfico enigmático em mim
De que esse início é sempre incontrolável.
E que incontrolavelmente, sempre irão haver inícios.

-
-

Cada passo, cada toque; me guiava para lá, me enviava até lá.
Eu sempre acordava lá.
- "O que anda acontecendo?
- Acho que ela não consegue mais.
- Consegue o quê?
- Estar com alguém."
Não tem nada que não se saiba. Duvidei.

O tom cinza que se ergue à mim não se depara com variedades de tons.

Alex voltou, castigou-me e, foi-se.
Eu achei que não o veria nunca mais; mas, todavia, reparem só:
"Não comigo" "talvez não" "nada" "nunca" - são sentenças que não existem no ar que pairo.

Cada passo, cada toque; me guiava para lá, me enviava até lá.
Eu me seguro para que não navegue novamente para àquele fúnebre mar.
Eu não posso nadar mais.

Minha doçura de vestidos coloridos faz com que eu me perca diante às correntezas.

2017,
HannaMello.

Como eu mesma havia escrito em dois mil e dezessete
Um personagem criei
Seu nome era Alex
Representação de um medo que me dominava
Mas dominava de forma que até eu mesma não queria sair dele

Pensei que fosse paixão
Logo percebi ser ilusão
Àquelas das mais cruéis
Quando algo romantizado
Vira algo sujo por todo lado
É como cair de um balão aos céus
Pra que você quis acender o fósforo?
Garota, você não sabe voar

Alex virou vida
Em forma de médico, de psiquiatra
Ele cuida de pessoas e mentes
Claro, que profissão Alex teria?
E ele me puxa da mesma forma
Mesmo após um ano
Às vezes o vejo como tábua de salvação como via Alex
Os mesmos tapas que eu dava em meu rosto como se fosse Alex me alertando de que algum limite que eu estava ultrapassando
Desejava que o Alex que criou vida fizesse o mesmo
E o tanto que precisei correr pra longe pra que essa realidade não virasse os devaneios que antes só existiam dentre as paredes do meu quarto
Fora o equivalente à uma maratona
Alex não existia
Mas agora existia
E está ao meu alcance

Imagino personagens que criam vida à todo instante
Seria dádiva ou karma
Como devo lidar
Quais critérios usar?
Toda história não precisar ter vilões?
Alex abandonou meus pensamentos
Pra se tornar alguém com um corpo, alma e maldade.

𝗔𝘂𝗿𝗼𝗿𝗮Onde histórias criam vida. Descubra agora