Tribunal

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O fatal crime cujo estou sentada diante ao juiz, trêmula ao saber que serei julgada injustamente, prevalece num sombreado azul-escuro.

Entretanto, a enigmática luz continua a adentrar pela janela da constelação de Aquila tornando o tribunal antes já turbulento, em um fundo levemente opaco com visões que posso alcançar.

Lá, você está sentado, fundindo-se à plateia. Admirando cautelosamente meu retrocesso.

O piso gélido no qual meu pé descalço toca, corrói a pureza que eu sentia nas vezes em que imaginava um caminho de águas ornamentais.

Até que entendi que meu lugar nunca foi nadando, mas voando sobre todos as cabeças flutuantes que se esbaldam nas nuvens.

Entornei-me em espessas chamas luminosas, com lacunas cautelosamente perigosas. Todavia, com seu ar de sãs e graciosas.

Amanhecendo, em mim, sensações terrivelmente inéditas e despretensiosas.

Aonde minhas estrelas externas sempre se entorpecem para estar.

É lá que elas devem ficar.

2019,
HannaMello.

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