Ilha Inflamável

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Em cada quadro sem enquadramento
Obras de arte sem a moldura
Na beira do rio singelo, onde anzol é esperança
Calmaria flutuante com a flecha que filtra e não mata.

Tiro minha roupa e me preparo para emergir
Mas sinto minha espinha se ecoar contra as pedras.

Reflexos florescentes lutam diante meu olhar cronometrado, até que eu me veja
Na rede azul floreia as ondas de areia, levando-me ao redondo cata-vento e suas sílabas.

Ir.
Vir.
Sempre ter pra onde sentir.

Na sacada do alto da casa, insultos de tinta ao furacão abstrato
Intimidando-o em uma tempestade tropical
Até que a maré lunar carregue sua cadeira de praia.

Atrevo-me a dizer que arquipélagos não seriam bons recursos
Incendeie-me até que tudo se inflame e essa vista não se perca.

Árvore por árvore.
Galho por galho.
Deixe-me inundar.

As tintas se derramam, vejo uma caricatura se formar
Agora, esse mesmo olhar, soa impossível se rasgar.

Mentes se conectam à visões cujas instigam pensamentos a se interligarem
Que plantam dúvidas
E com elas, a vontade de descobri-las.

Coagida a não amar, por não intrigar, não sensibilizar, tocar.
Quando impedido - por mim - o interesse ao novo, realçou assim, a curiosidade de me deixar afogar.

O local onde transitava o melodrama, interditado pela redoma.

Árvore por árvore.
Galho por galho.
Deixe-me inundar.

2019,
HannaMello.

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