Ele focou seu olhar no meu,seus olhos pareciam gritar por socorro;por solução... Quando me viu,um brilho brotou de seus olhos,um brilho que eu nunca havia visto antes.
Guardei a moto na garagem e fui ao encontro dele,que nem se quer cogitou em me seguir antes que eu fosse até onde ele estava. Meu coração acelerou,como se fosse a primeira vez que o vi,ele sorriu,se aproximando mais de mim. O sentimento de medo se apresentou,me fazendo ficar estática enquanto ele me envolvia em seus braços com força e cheirava meu cabelo,mas então ele se afastou,olhando fixamente para mim,eu apenas continuei estática,olhando seriamente para ele:-Você tá diferente. -Ele afirmou,franzindo as sobrancelhas e dando um passo para trás. Tentei me acalmar:não queria assustá-lo ou fazer com que ele não me contasse a verdade, então,sorri,no auge da minha atuação:
-Diferente? Desculpa... é que não esperava ver mais você...-Menti, sorrindo. Me senti como uma manipuladora nata... odiei ter visto a expressão inocente e crédula no rosto dele.
-Você... você não me queria mais aqui?-Cian perguntou, abaixando os olhos e passando o peso de uma perna para a outra, como uma criança rejeitada. Meu coração se apertou no peito quando seus olhos marejaram,e logo uma única e silênciosa lágrima escorreu por sua bochecha. Ele passou o indicador para enxugá-la e encarou o próprio dedo molhado. Talvez, prestando atenção na própria lágrima pela primeira vez, já que só as havia demonstrado no desespero da morte de Nahala.
-Eu...eu não entendo...-Ele disse, colocando a mão sobre o peito.-Isso que eu sinto...desde que fui embora...eu sinto isso...o que é? Por que é tão doloroso? É diferente do sentimento de perder Nahala...não consigo controlar a vontade de ver você...de estar aqui.-Ele me encarou com súplica estampada em seu rosto.-Acho que estava com saudades...-Afirmei,dando um leve sorriso.
-Eu...eu nunca senti isso Aolani... nunca... é diferente...bom e doloso ao mesmo tempo... minha cabeça está doendo! Eu tenho que ser líder... tenho que ser o macho predominante,mas não consigo acasalar, não paro de pensar em Nahala...em como queria que ela estivesse aqui...e em... você...-Ele pareceu entender suas próprias palavras e pensamentos, olhando para mim com ternura,da mesma forma calma e carinhosa que sempre me olhou, porém, ainda com aquele brilho diferente.-Você Aolani... é você quem eu quero.-Ele soltou,dando um sorriso. Consequentemente, acabei sorrindo também.
-Também te quero...mais do que jamais pensei que poderia querer...-Afirmei, olhando-o ternamente,mas logo me lembrei que aínda tinha um assunto a tratar com o homem a minha frente antes de entregar meu coração completamente, então, olhei no fundo de seus olhos azuis e calmos, avaliando cada expressão que ele fizesse daquele momento em diante-...mas, preciso muito saber, preciso que sejamos honestos um com o outro... Cian, você já comeu carne humana?-Soltei. Meu coração acelerou subitamente e meus olhos se atentaram a cada movimento feito por ele.
-Aolani... eu nunca faria isso. Não poderia!-Ele afirmou com um sorriso sincero entre os lábios. Suspirei aliviada, abraçando-o com força. Então,ele se afastou, tocando meu rosto com as duas mãos. Como na primeira vez que o vi,um choque percorreu minhas veias quando nossos olhares se cruzaram.
Cian se aproximou, fechando os olhos e encostando os lábios nós meus. Foi uma sensação única,meu corpo estremeceu por completo ao sentir seu toque e seu beijo tão intenso e inocente ao mesmo tempo.🌊🌊©️🌊🌊
Alí, deitado junto a sua amada,o tritão refletia o que havia acabado de acontecer. Ele havia acabado de mentir descaradamente para a mulher que estava dormindo tranquilamente ao seu lado. E por que? Amor? Medo? Egoísmo? Ele não sabia... só sabia que não queria perder Aolani ou se afastar novamente.
Ele suspirou,se sentando na cama. Aolani se mexeu, porém não acordou;Cian sorriu por ver que ela estava dormindo tranquilamente,sem ele nem precisar ter cantado para ela se acalmar. Foi a última canção, cantada momentos antes dele sair pela porta,ele a fez esquecer parcialmente de seu passado cruel...esse era o motivo pelo qual Aolani não estava mais tendo pesadelos.
Ele se encostou na cabeceira, encarando o breu do quarto, enquanto pensava no que havia feito. Se lembrou das vezes em que saciou sua fome selvagem, comendo a carne macia e deliciosa dos pescadores que sua irmã e as outras trouxeram,sem nem se importar com quem eles eram ou com o que faziam além de pescar.
Cian suspirou, olhando novamente para Aolani. Seu coração se apertou por saber que havia mentido, havia feito sua garota acreditar numa bela e maldosa ilusão.
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Cian
FantasyO que existe nas águas profundas do mar? Você pode afirmar,sem que haja medo em seu coração? O fato é que nunca estamos preparados quando o desconhecido se torna parte do dia a dia e as lendas são mais reais que o ato de respirar. "Àqueles malditos...