31: Beleza

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Eu sempre soube que o oceano é como um novo mundo a baixo de nossos pés,mas nunca me canso de admirar cada centímetro dele. Por algum motivo, senti a presença de Cian enquanto nadava ao seu encontro... como se o oceano me conectasse mais a ele,pude até imagina-lo com seu sorriso inocente e iluminado ao me ver. As sereias e os tritões nadavam a minha volta, como se me protegessem. "Que ironia, no dia em que Cian se revelou a mim,me lembro que ele havia me salvado delas..." Pensei, analisando as caudas deles dançarem lentamente para cima e para baixo, fazendo pequenas bolhas.
Eles sorriam e brincavam entre si e com alguns dos animais marinhos que nos rodeavam;vê-los no mar era como ver uma abelha fazer mel, ou uma aranha tecer a teia. Uma enorme baleia jubarte passou a baixo de mim,me fazendo sorrir, observando como a natureza trazia a tona a insignificância humana. Eu não senti medo algum,para mim o mar sempre me trouxe uma sensação de harmonia e paz,assim como os olhos daquele a quem eu havia entregado meu coração. Desde criança sentia como se minha alma pertencesse ao oceano,por isso decidi me tornar biologa marinha...e agora, não me sentia apenas conectada ao oceano,e sim, que ele me conectava a Cian de alguma forma.
Meu coração bateu forte ao me lembrar que logo veria meu amor outra vez, logo poderia sentir seu toque.

"As sereias de toda a minha tribo têm uma beleza sobrenatural. Elas afundam um navio inteiro, só por olhar para o capitão,se elas quiserem...mas você... você Aolani...tem o esplendor do sol. Você afundaria 100 navios, só de ouvirem seu nome..."

Suas palavras vieram como borboletas rodeado minha mente. Olhei para meu lado direito, vendo Neres nadar graciosamente, batendo a cauda como um belo beija-flor bate as asas. Seus cabelos dourados flutuavam para cima e para baixo em dança sincronizada com seu corpo. Ela me fitou, dando um sorriso fraco. Sua pele brilhava com a luz da lanterna refletindo sobre ela.
Agradeci mentalmente por ter uma boa lanterna, pois não me perdoaria se perdesse tanta beleza.
Franzi as sobrancelhas ao ver um dos tritões agarrar um peixe ferozmente, arrancando-lhe as barbatanas com os dentes afiados e logo o abocanhando como um tubarão faminto. Acabou com todo o sentimento de magia que eu estava sentindo, havia me esquecido completamente do lado selvagem que essas criaturas possuíam.
Engoli em seco quando ele olhou para mim seriamente, logo voltando a olhar para frente. Senti uma mão escorregadia sobre a minha,me deparando com Neres, que nadava mais perto de mim.
A sereia sorriu, como se percebesse meu desconforto e estivesse dizendo que estava tudo bem e que nenhum deles me machucaria. Segurei a mão dela, voltando a ficar calma,mesmo não tendo certeza do que pensar. Persebl que minha mente estava me levando às palavras escritatas no e-mail de Kate: "... Eles são selvagens, traiçoeiros e terrivelmente inteligentes..."
Balancei a cabeça, tentando afastar tais pensamentos. "Eles estão me protegendo,Neres veio até mim se desculpar... nenhum deles são somente animais selvagens e imprudentes! Afastei Cian por causa desses preconceitos estúpidos." Pensei, respirando profundamente pelo bocal.
Mesmo que ele tivesse mentido para mim,o fato é que o afastei por medo, por saber que ele já comeu carne humana. Imagina-lo se deleitando de homens que poderiam ter filhos e esposas os esperando em casa me aterrorizou.
Mas,em uma coisa a C.E.M estava certa: eles realmente são muito inteligentes. Me lembro de que,na primeira vez que me deparei com Cian,ele me pareceu bem mais"selvagem" e perdido,mas em questão de dias, ele passou a ser mais brando.

Quando um dos tritões apontou para a frente,meu coração acelerou quando percebi uma enorme instalação submarina, como um prédio de vidro. Neres assentiu com a cabeça,me fazendo ter certeza de onde estávamos: nós finalmente chegamos ao nosso destino... estávamos a frente da Corporação Especial Marítima Abissal, estávamos a um passo de encontrar meu amado tritão de olhos claros.
A medida que meus pés se moviam para cima e para baixo alternadamente,meu coração apertava mais contra o peito.
A faixada da C.E.M era bem convidativa, porém ao mesmo tempo, modesta. Notei algo semelhante a um cano, que levava diretamente a porta principal, provavelmente uma espécie de filtro de ar para permitir a entrada dos humanos sem problemas;as paredes em vidro fumê não permitia que víssemos nada internamente,a não ser pelas partes mais transparentes, que pareciam janelas,mas apenas pude ver o teto do prédio através delas.
Ainda de mãos dadas com Neres e tentando ser mais discretos possível,nos aproximamos do prédio com cautela. Um dos tritões fez um sinal para Neres que eu não entendi. Ela me fitou apontando para baixo do prédio: iríamos entrar pelos canos, literalmente.

CianOnde histórias criam vida. Descubra agora