Leah Pfeifer
- Eu te falei que te encontraria - eu ainda estava muito pálida e fora de mim para crer naquela minha visão. Não poderia ser. Era mesmo real? Seria possível? - Deveria ter-me casado com a senhorita quando eu tive a chance, está mais linda do que nunca.
Rio alto e cruzo os braços, olhando-o seriamente, porque eu não acreditava que ele teria feito aquela besteira enorme por minha causa.
- O que o senhor faz aqui? Deveria estar fugindo, enquanto lhe resta chance alguma de sobrevivência - eu argumento ainda brava. Como ele poderia ser tão burro? Certamente inteligência não era um dos seus pontos forte na qualidade.
- E o que é viver se eu não posso degustar desta visão encantadora todos dos dias? - reviro os olhos longamente quase sendo possível arrancar de minha face, porque aquilo era a maior idiotice que ouvi na vida.
- Soldado Johannes, não me corteje - ordeno o observando sem muito ânimo, porque já estava com muitas preocupações atoladas em minha mente, com ele aqui, era mais uma para acrescentar em minha lista.
- Antigamente a senhorita se derretia - ele me recorda de minha mocidade, quando eu mal conhecia aquele sentimento de amar alguém fora a minha família. Contudo, hoje eu sei o que é isso e não precisava da ajuda dele para desfrutar desta paixão ardente.
- Falou muito bem, antigamente - eu caminho até ele e paro em sua frente -, hoje eu não tenho mais intenções para com o senhor, devo lhe informar que veio por motivos em vão... Com a sua licença, eu peço que se retire.
Johannes franze o cenho me observando por inteira, expressando uma careta engraçada, mas que eu não rio. Ele continuava com a sua mania peculiar de segurar o seu queixo e bater o dedo indicador em sua face, raciocinando alguma coisa que se passou em sua mente. Logo para e me abre um sorriso mais gentil e menos galanteador, com olhos amigáveis e alegres do quais eu me lembrava perfeitamente.
- Já desvendei o mistério de sua postura séria: quem foi o sujeito mal caráter que roubou seu coração de mim? - eu arregalo os olhos e não tenho tempo algum de responder, pois ele já estava o fazendo por mim: - Ficou claro depois de não parecer contente em me ver aqui, porque isso significa culpa por não me querer mais e apreensão em como me expulsar daqui...
- Eu não sinto culpa alguma... Eu só estou vendo como o senhor é brincalhão e não pensou seriamente na gravidade ao vir até mim me procurar. Procurar por uma pessoa que poderia ter morrido há anos! Como pode ser tão descuidado?! - bato nele como fazia antigamente, após aprofundar em uma intimidade, que me permitia ser mais liberar com as minhas reações corporais.
- É bom saber que ainda se sente livre perto de mim - responde ignorando os meus questionamentos, puxando o meu queixo de forma gentil e brincalhona, somente me provocando.
- Não se sinta privilegiado por isso - porque eu faço com outro homem também -, eu executo essas minhas ações em nome de sua mãe, que está no céu pensando como pode dar a luz a alguém sem um bom senso e juízo.
Viro-me para sair de perto dele, porém, Johannes segura a minha mão não me permitindo sair dali. Eu subo o olhar para os seus olhos castanhos claros e me arrependo do que encontro ali. Procuro desviar o olhar e até mesmo girar a cabeça para outra posição, porque aquilo que eu vi me deixou constrangida.
- Eu vim por causa da promessa que eu fiz para o seu pai, Leah. Após a sua morte, eu prometi retornar para você e cuidar da família que ele estava deixando... Era o meu dever - ele me afirma ainda segurando a minha mão e eu não a solto por não ter palavras ou forças para lutar contra as lágrimas, que apareciam em meus olhos. Ele foi a última pessoa a ver o meu pai, lutar ao seu lado e se despedir aonde quer que ele tenha sido enterrado. Eu nunca pude o fazer.
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Amor a Toda Prova
Historical FictionNo final da segunda guerra mundial, Leah, uma alemã que vive com uma prima de seu falecido pai, sente em sua própria pele os horrores que uma guerra produz, sentindo a extrema necessidade pela sobrevivência, ainda mais com a notícia do avanço dos so...