|Capítulo 8|

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Era preciso colocar as minhas duas mãos em minha boca, para conter minhas altas e escandalosas gargalhadas que saíam livremente de mim. Rustan ria prazerosamente dos meus comentários espontâneos sobre a história que ele me contava. Depois dele me abraçar, consolando-me, o mesmo propôs com todo respeito, falarmos um pouco dos nossos entes queridos, homenageando a existência deles neste mundo, eu concordei sem muita demora; e cá estamos nós, rindo como dois adolescente, que aprontavam travessuras na escola para fazer os colegas riem.

Antes de Rustan continuar a me contar suas aventuras com os irmãos, novamente a enfermeira vem à nossa direção e, sendo obrigada as mesmas palavras pela terceira vez, ela limitá-se a ser gentil como da última vez; percebia-se facilmente o tom alterado para irritado, por estarmos fazendo muito barulho durante a madrugada. Ela nos olha brava, querendo ter a certeza de que ou iríamos dormir e acabar com o tormento dela de precisar vir até nós e nos dar broncas ou simplesmente falaríamos mais baixo, sem incomodar ninguém, inclusive ela.

Concordamos com cabeça em falarmos mais baixos, porém logo eu rio de uma maneira nada elegante e sensual, quando Rustan faz um comentário provocativo referente a enfermeira e que ela deveria estar em nosso lugar, descansando por parecer muito nervosinha. Levo os dedos nos meus lábios, pedindo silêncio a ele, mas o seu olhar traiçoeiro me diziam que o pior ainda estava por vir...

O Rustan, olha pra mim com um sorriso de quem iria fazer besteira, a qualquer instante e eu exprimo os olhos, desejando que ele fique quieto em sua cama. Contudo ele olha ao redor e quando tem certeza que a enfermeira se afastou o suficiente, o mesmo grita com um vozeirão grave, que facilmente acorda algumas pessoas assustadas:

-Saukerl¹ -fico envergonhada e não sei onde pôr o rosto para os olhares ferozes sobre nós, eu o olho repreendendo por agir como uma criança, mas ele não se preocupa nenhum instante com minhas advertências.

(¹Saukerl: porco)

-Você sabe que a enfermeira pode muito bem vir até nós e te expulsar do meu lado, se continuar se portando assim, não sabe? -pergunto ponho a mão sobre minhas bochechas para descobrir o quão afetada estava por suas brincadeiras. Não querendo admitir, mas ele sabia como me fazer sorrir, mesmo em horas inadequadas.

-Meu Deus, você está certa! Não quero ficar longe de você... -revela cheio de vergonha para mim o seu pensamento íntimo e, no mesmo instante que diz, eu não sei se falara realmente isso, querendo expor o que sentia ou fora dito em voz alta, de sem querer... Porém em todas as vezes que Rustan disse algo assim, não fora exatamente por um desses motivos, e sim para envergonhar-me, provocando novas sensações em meu corpo. Mal sabia ele que funcionava perfeitamente.

-Bom menino, -falo de um jeito provocativo, como se eu falasse com uma criança e, mesmo naquela escuridão total, via-se seus olhos me observando intensamente, as bochechas um tanto avermelhadas; não por eu estar entrando, como sempre, em seu jogo, mas pela intensidade do clima entre nós, que cada vez mais se aprofundava e fazíamos-nos perder na vastidão de nossos universos -irá começar a se comportar?

-Sim, eu vou! -ele diz convicto e eu acredito, porém, repentinamente ele vira a cabeça e resmunga de maneira rude para a enfermeira, mesmo que ela não fosse mais capaz de escutar: -Geh schlafen bittere Schlampe².

(²Geh schlafen bittere Schlampe: Vai dormir, vadia amarga)

Eu arregalo os olhos pela maneira inesperada do que ele falou para a enfermeira, minha boca estava aberta totalmente pasma por ele se mostrar bem mais extrovertido do que eu suponha. Sem ter tempo de pensar, eu vou até ele e bato em seu peito o olhado incrédula ainda.

-Senhor Abromowitz! -exclamo encarando seus olhos, que nenhum momento desviavam dos meus -Não pode sair xingando as pessoas assim! Quanta falta de educação!

Amor a Toda ProvaOnde histórias criam vida. Descubra agora