|Capítulo 2|

422 76 315
                                    

Era ele.

O medo enraíza em minhas todas as minhas células e meu corpo trava no lugar, sem pensar na possibilidade de tentar fugir dele. Meu cérebro processa rápido o que está acontecendo e fracassa totalmente em me mandar fugir, lutar contra o homem que abusou de mim.

Minha respiração acelera a cada minuto, meus olhos cravam nos dele arregalados, com medo de seu próximo movimento. Agarro a cama assustada demais, não esperava por nada disso e muito menos encontrar com ele repousando em meu lado, ferido também. Quais eram as possibilidades de isso acontecer?

Não. Não! Preciso sair daqui! Preciso me afastar dele! Tento me mexer, mas meu corpo paralisa completamente. Minha respiração alta e acelerada o faz se afastar um pouco ao perceber o pânico que causava em mim. Por um instante ele parecia não entender do porquê eu estar assim, contudo isso não era possível! Ele sabia! Ele é o culpado!

O homem calmamente começa a levar sua mão em minha direção na tentativa de me acalmar, porém entro em pânico e começo a gritar para ele se afastar, as lágrimas de medo e fúria escorrem depressa pelo meu rosto, isso não poderia estar acontecendo...

-Se-senhorita? -sua voz falha com medo das minhas reações espontâneas relacionadas a ele, sua mão quase chega a encostar novamente em minha pele fria, entretanto eu inclino para trás me afastando e quase caindo no mesmo da cama provisória. 

Com um movimento rápido, ele me segura impedindo a minha queda, eu encaro o profundo azul de seus olhos com medo do que ele poderia querer comigo. Contudo o mesmo me solta lentamente e se afasta aos poucos, tentando medir a que distância eu não agiria como louca perto dele, após um metro de distância -que era quase o espaço entre nossas camas- ele para e diz com calma:

-Calma, moça, eu não irei fazer nada com você! -o homem afirma erguendo as mãos em sinal de paz, fixo o meu olhar em suas mãos e lentamente balanço a cabeça confiando um pouco nele. Meu coração ainda martelava fortemente contra o meu peito, fazendo sentir pontadas, sou obrigada a respirar mais calmamente, para não acabar tendo um ataque cardíaco. 

O meu abusador me observa intrigado, tentando talvez entender de onde surgiu todo aquele pânico combinado com o escândalo ao vê-lo. Aos poucos eu começo a me mexer na cama para mudar de posição, uma que me deixasse menos vulnerável à ele. 

Um pouco envergonhado, reparo que ele olhava para os lados vendo a atenção que provoquei, fazendo muitas pessoas nos olharem um tanto assustados, por não saberem o que acontecia. Todos seriam meus cúmplices caso ele queria fazer algo contra mim novamente. Da primeira vez, eu estava só e os três vieram contra mim, rindo perversamente, sussurrando malícias repulsivas em meus ouvidos, provocando-me, me humilhando de todas as maneiras possíveis... Porém agora, todos veriam suas ações, suas atrocidades contra mim. Eu não seria mais uma vítima em suas mãos.

Tive medo uma vez de lutar daquela vez, contudo eu não deixarei esta passar, não posso... As lágrimas enchem os meus olhos, borrando a minha visão, choro assustada por vê-lo ali tão próximo de mim. Em meus ouvidos eu escutava as risadas maléficas por conta dos comentários grosseiros referindo-se a mim. 

Esses homens... Ele é um dos culpados e eu quero que pague com o que me fez! Ele não pode se livrar disso, não pode me condenar, me arruinar e sair impune... Puxo as pernas, dobrando-as e encostando em meu peito e abraço o meu corpo.

As pessoas daquele lugar nos olhava atentamente, querendo compreender os meus gritos, até mesmo o homem à minha frente parecia totalmente perdido e confuso com a situação. Mas eu sabia o que tinha visto, o que me fizeram, eu poderia não lembrar totalmente, contudo eu me lembro do rosto dele naquele dia. 

Amor a Toda ProvaOnde histórias criam vida. Descubra agora