Leah Pfeifer
Depois do desjejum, Rustan foi embora junto do amigo, deixando-me sozinha de vez. O tempo nunca pareceu ser tão longo quanto se mostrava ser hoje... A falta do que fazer, conversar, fez-me perceber o quanto eu era abençoada por ter alguém naqueles momentos depressivos, cuja morte paira ao nosso redor, esperando nossa derrota, o entregar da luta e deixar o mundo de vez.
Eu havia me comprometido com ele e não darei atrás de minhas palavras; mesmo sendo difícil, eu sobreviverei, pois a vitória está em minhas veias; o triunfo será visto por todos olhos céticos, que um dia me viu e não acreditou em meu potencial, afirmando ser apenas acidente as minhas conquistas. Hoje eu olho para o futuro e vejo, logo ali à frente, o meu prêmio por superar todas os meus obstáculos: não apenas sonho uma vida junto de Rustan, porém vivo-a fielmente.
Antes de Rustan partir, a enfermeira veio me examinar e disse que mais um ou dois -no máximo três- dias eu já poderia ir para casa, por não estar mais graves os meus ferimentos. O meu corpo não doía mais, o inchado diminuiu significativamente, as tonturas se foram e os pesadelos nunca mais retornaram... Eu conseguirei começar a partir dali a ser como antigamente, nada mais pode me impedir de ser feliz.
Estava inspirada pelo amor de Rustan a querer buscar por mais, ansiar por todas as coisas boas que a vida tem preparado para nós, não apenas o que podemos tirar, mais tudo o que parece impossível também nós iremos desfrutar. Nada mais poderia nos barrar para nesse novo destino, porque estávamos à beira da perfeição de fazer todos os nossos acontecerem.
Sorrio confiante para todos os nossos planos e meus olhos pousam na cama agora vazia ao meu lado. Meu peito se aperta por não vê-lo ali, contudo eu sabia que seriam apenas horas nos separando, para enfim ficarmos juntos por toda eternidade -não seria o aperto desesperado de não tê-lo ali comigo, que iria me atrapalhar de ficar em minha recuperação total para nossa nova vida.
As lembranças presenteiam o meu momento melancólico, lembrando-me de todas nossas aventuras juntas: a guerra de comida, seus abraços durante a madrugada, sua doce voz cantando para mim durante as noites de pesadelos, os sorrisos roubados, os olhares furtivos... Até às brigam e os acertos. Todas as sensações invadem o meu coração e me acalma da tempestade que vinha vindo contra mim. Os seus lábios nos meus deixam minhas bochechas coloridas e eu só simplesmente amo essa sensação, quando se trata dele.
Uma lágrima escorre pelo meu rosto pela saudades que eu sentia dele, pela carência que eu me encontrava ali naquele hospital com a sua falta. Abraço o meu corpo, sentindo seus braços me envolvendo para me acalmar e consolar, rio e choro entre as minhas lembranças.
Repentinamente sinto uma mão apoiando em meu ombro e apertando em um consolo, eu me viro olhando aquela enfermeira que sempre vinha reclamar de nós; por mais que não queria as nossas risadas altas durante a madrugada, a senhorita parecia se comover com meus sentimentos, querendo me dar apoio por, de uma maneira inexplicável, entender o nosso relacionamento, que era muito mais do que amigos no meio da guerra.
Nós não entendíamos o que uma dizia a outra por nossas línguas serem totalmente diferentes e, sem Rustan, não conseguiríamos nos comunicar, entretanto eu via em seu olhar o que queria dizer para mim, sorrio e anuo agradecendo por se importar comigo. A moça sai deixando-me sozinha e eu não me sinto sós ali, a presença do Rustan queimava o meu coração e, por mais que não estejamos próximos, eu sei que ele está ali comigo.
[...]
O almoço foi servido e eu como minimamente, não sentindo a vontade de comer, por mais que o meu estômago reclamasse pela comida que ansiava receber. Suspiro e quase consigo ouvir Rustan resmungando comigo, do porquê comia pouco; faço uma cara triste ao olhar para o lado e encontrar com a cama vazia, sem seu corpo ali repousando ou sentado me vendo. Nunca pensei que sentia tal dor por não tê-lo aqui perto, mas longe dele eu descobri a falta que faz o seu toque.
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Amor a Toda Prova
Fiksi SejarahNo final da segunda guerra mundial, Leah, uma alemã que vive com uma prima de seu falecido pai, sente em sua própria pele os horrores que uma guerra produz, sentindo a extrema necessidade pela sobrevivência, ainda mais com a notícia do avanço dos so...