|Capítulo 37|

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Rustan Abromowitz

Percorrer pela cidade de mãos dadas com Leah era uma das metas cumpridas, que eu havia planejado em fazer. Mesmo parecendo algo tão banal, eu nunca havia segurado a mão de uma mulher daquela forma, sincera e apaixonante. Com Kuz costumava a me dizer em todas as festas: eu precisava viver de verdade do que somente existir para eu mesmo. Não é ruim estudar, ser esforçado e obstinado a conquistar algo na vida, porém, o principal não pode ser posto de lado.

Em minha infância, eu passava muito tempo com os livros facultativos, enfiado com o nariz neles aonde quer que eu fosse, não me importando muito com as pessoas ao meu redor; mas Kuz incomodado com o meu jeito, sempre roubava o livro de minhas mãos e me lembrar de aproveitar o momento, pois logo aquilo passaria e eu não teria nenhuma lembrança boa quando estivesse velho e rabugento. Era verdade tudo o que ele me falou: por ser um tanto antissocial, eu tendia a me esconder das emoções humanas, por não saber lidar com fortes sentimentos vindas dos outros para mim - muitas vezes não controlava as minhas -, com isso, eu tentava ao máximo não sentir tudo o que a vida me proporcionava.

No entanto, ele sendo tão diferente de mim, me impulsionava a experimentar diversos sentimentos e eu permitia esse tipo de atitude comigo, por ele ser um dos meus únicos amigos - se contar com os meus irmãos, naquela época. Kuz me salvou inúmeras vezes e em vários sentidos e situações, sou eternamente grato a tudo o que ele fez por mim, porque se não fosse por ele, hoje eu nunca estaria de mãos dadas com Leah, circulando pelas ruas destruídas de Berlim e enxergando o "tudo posso" naquele lugar que só tinha lixo.

Faço carinho com o polegar na mão de Leah, que aceita apertando os meus dedos gentilmente, reagindo ao meu toque. Eu não queria apressar as coisas entre nós e galgar para outra posição naquele relacionamento que estávamos tendo, porque eu a via como uma mulher digna e pura, apesar do que sucedeu-lhe no passado. Ela merecia mais do que o sol e as estrelas, eu me sentia na obrigação de cumprir os seus sonhos de garotinha, porque suas conquistas, dia após dia, não passaram desapercebidas por mim. E eu farei tudo o que estiver a minha altura.

Aos poucos eu vejo o caminho familiar se estender pelos meus olhos, indicando que logo passaríamos pelo quartel general. Eu já a havia levado para ver dois locais, porém, ela não pareceu muito animada com a ideia de morar sozinha por ela; sentia a relutância dela em abandonar tudo o que conhecia e se sentia segura para entrar de cabeça em um lugar totalmente novo e sem nenhuma lembrança ou presença de intimidade de amigos e família. Deve estar sendo bem difícil a ela essa situação.

Eu sabia que não deveria efetuar o que estava prestes a materializar em minha mente, porém, eu não evito e a puxo para os meus braços, desejando sentir mais do calor dela; somente a mão não me bastava. Meu braço passa por cima de seus ombros e lá se vai o pensamento de não avançar tão rapidamente a nossa relação. Mentalmente eu estava me bofeteando por ter feito aquilo, mesmo ela sabendo que eu fazia muitas coisas que me vinham inesperadamente. 

- Rus-Rustan! -ela exclama surpresa e completamente corada com o corpo mais colado no meu, sentindo seus batimentos acelerados e o calor subir. Apesar de passar todos os dias com ela, por causa do período de descanso de minha missão, eu não me cansava em fazê-la corar e me lançar aquele olhar de aviso. - E se alguém nos ver? O senhor é tão louco e sem juízo as vezes!

Ela reclama, mas não parecia inteiramente brava com a minha ação imprópria. Leah se ajeita em meus braços e me abraça retribuindo o meu, descansando a cabeça em meu ombro, enfiando o rosto em meu pescoço de modo gentil e tímido. Dava para perceber a ingenuidade dela, que nunca havia ficado com um homem ou feito um pouco mais de alguns beijos ardentes. Não me importava a inocência dela, justamente o contrário, esse charme extra dela me fascinava e surpreendia.

Amor a Toda ProvaOnde histórias criam vida. Descubra agora