Heartbeat

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Se eu estivesse sozinho, se eu não te conhecesse
Talvez eu tivesse desistido, perdido no meio do mar
Mas meu coração ainda está em chamas, com um desejo ardente
Vou te encontrar de novo, como destino
(...)
Eu sinto o destino em você
Sinto o destino em mim
Meu coração está em chamas por causa do seu amor
(Heartbeat — BTS)

❁❁❁

Ele encontrou o celular. Estava debaixo do sofá e ele sequer sabia como tinha ido parar ali, mas quando olhou para a tela, com o número dele discado, sua mente ficou vazia.

Não ia dizer que o amava por telefone. Não, nem em um milhão de anos ele faria aquilo.

Jimin sabia mais do que qualquer pessoa no mundo o quanto aquilo significava para Jungkook, e fazia com que significasse muito para ele também. Queria olhar em seus olhos, queria ver e ter a certeza de que Jeon entendia aquilo e acreditava.

— Ligue mais tarde. A essa hora provavelmente ele ainda não chegou a Busan — Taehyung disse, vendo o olhar ansioso e um pouco temeroso do amigo para o celular. — Pense bem no que vai dizer e depois ligue. Eu… vou para a casa da Sana agora dormir um pouco, depois temos que ir a clínica veterinária ver o Sasuke. Pense sobre isso, Jimin.

Tae se levantou, deu tapinhas no ombro do amigo e saiu sem esperar que o loiro o acompanhasse.

Jimin respirou fundo e olhou para seu celular, saindo da tela de discagem para a tela principal. A foto que ocupava seu papel de parede havia sido tirada no aniversário de Mi Sun. Os três ainda fantasiados, inclinados sobre o bolo para soprar as velas.

Ele sorriu.

Ainda tinha medo. Muito medo do que aconteceria quando fossem ditas as palavras em voz alta, quando se tornasse irreversível e Jungkook soubesse que já tinha seu coração na palma da mão. Porque uma parte dele ainda queria fugir e se esconder onde era mais confortável, acreditar que aquele tipo de coisa não era para ele.

Jimin bloqueou o celular e avançou em direção ao corredor. 

As fotos de Jiayu ainda estavam penduradas nos quadros, ainda haviam todas as suas memórias cravadas nas paredes da casa e em seu coração. No de Jungkook também, ele sabia muito bem. 

Ele olhou as duas fotos onde ela estava vestida de noiva, em lados opostos do corredor, em uma delas segurava o braço de Jimin e na outra o de Jungkook. 

Ela foi seu primeiro amor, foi a pessoa que por muito tempo o fez ter coragem e vontade de viver. Jiayu lhe ensinou a amar, ela lhe deu um presente que Jimin protegeria pelo resto da vida, a filha que era fruto do que tiveram.

Mas não era mais sobre ela. 

Ele deu mais alguns passos lentos, as fotografias o chamavam a contemplar o passado, a buscar algum arrependimento que o impedisse de confessar a Jungkook o que sentia, a deixar o homem que amava livre para não se envolver na bagunça que Jimin ainda tentava consertar.

Ele entrou no próprio quarto.

Estava ansioso e um pouco cansado, queria ligar para Jungkook, mas não sabia o que dizer quando ele atendesse.

Foi quando seus olhos avistaram as cartas empilhadas na mesa de cabeceira. Ele se lembrava de como tinha pensado tantas vezes em simplesmente se livrar delas, daquelas palavras que Jungkook lhe disse antes de se conhecerem. 

Ele se aproximou da cama, se sentou nela e se reclinou para trás, ajeitando os travesseiros para ficar mais confortável.

Deixou o celular ao seu lado e pegou as cartas amarradas com um barbante, soltou o laço e as espalhou pela cama. Haviam nove ao todo, o que Jimin considerava ser uma para cada mês após a morte de Jiayu.

Zero O'Clock [PJM×JJK]Onde histórias criam vida. Descubra agora