Zero O'Clock

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Venho pra casa e deito em minha cama
Pensando se foi realmente minha culpa
Noite atordoada, olhando para o relógio
Logo será meia noite
Algo será diferente?
Não será algo dessa forma
Mas esse dia irá acabar
Quando os ponteiros dos minutos
e dos segundos se sobrepõem
O mundo segura a respiração por um momento
Meia noite
E você será feliz
(Zero O'Clock — BTS)

❁❁❁

Marcel Proust disse: "Os dias talvez sejam iguais para o relógio, mas não para o homem". 

Mesmo que os dias pudessem ser semelhantes, mesmo que houvesse uma rotina, depois de um certo tempo, Park Jimin percebeu que nenhum dia era igual. A única coisa que se mostrou permanente, foram algumas poucas pessoas e era tudo que lhe importava.

Cinco anos passaram por ele como um trem bala e mesmo que em vários momentos ele parasse olhando para sua filha e percebendo que ela estava crescendo mais rápido do que esperava, Jimin não conseguia mais se sentir mal por ver as horas, dias, meses e anos correndo por ele.

Parecia uma dádiva acompanhar as mudanças e não um fardo.

Ele se apressou em sair da sala no instante em que o professor deu a aula como encerrada. Uma pilha de livros apoiada em um braço e o telefone na mão livre. Ele não se importava de ser o mais velho de todas as suas turmas, não se importava de saber que só se formaria de fato aos 38 anos e, contando com a residência, só poderia de fato atuar na área aos 41.

Era divertido, desafiador e um pouco empolgante estudar medicina e ele não se cansava do fato de que Jeon Jungkook costumava se gabar disso para absolutamente qualquer pessoa que encontrava.

Jimin discou o número, com a agilidade impressionante de quem fazia isso pelo menos umas cinco vezes por dia.

No segundo toque, a voz veio totalmente serena acompanhada de gritos infantis quase ensurdecedores.

Park Jimin também, secretamente, gostava de se gabar que seu namorado tinha um dom nato com crianças e era o melhor professor da escola onde trabalhava. Mesmo que muitos não achassem grande coisa, para ele era simplesmente o máximo.

— E aí, como foi? — Jungkook perguntou, ansioso.

— Eu passei! — Jimin suspirou, finalmente respirando pela primeira vez desde o instante que deixou a classe. Empurrou a porta do banheiro masculino com toda a força e entrou, agradecendo por estar vazio. Deixou os livros apoiados na bancada da pia e se olhou no espelho. — Foi ali, Jungkook-ah! Você precisava ter visto, todo mundo estava morrendo de medo, só sete alunos foram aprovados e eu fui um deles, ainda estou tremendo.

Jungkook riu do outro lado. Ele provavelmente estava com aquele sorriso orgulhoso, se controlando para não pular de alegria ali mesmo.

— Eu disse que você era o melhor, por que não acredita em mim quando eu digo as coisas, Jimin-ssi? — Jungkook disse, em tom de repreensão.

— Você não estava se referindo aos estudos, tenho plena certeza — retrucou o loiro.

— Aish! Eu estava me referindo no geral, você que é… não, Hajoo, você não pode enfiar isso na boca… SOLTA! — Jungkook aparentemente começou a correr, sem ao menos lembrar que ainda estava na linha. Jimin riu, o que foi suficiente para lembrá-lo de sua existência. — Eu te ligo depois, baby, preciso impedir que essas crianças causem a minha demissão. Vamos jantar fora hoje para comemorar?

— Vamos sim — respondeu Jimin, ainda olhando o próprio reflexo. Ele observou as próprias bochechas coradas e sorriu para si mesmo. — Eu amo você.

Zero O'Clock [PJM×JJK]Onde histórias criam vida. Descubra agora