Euphoria

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Mesmo se o chão de areia se dividir em dois
Mesmo se alguém sacudir este mundo
Nunca solte minha mão
Por favor, não acorde desse sonho
Eu ouço o oceano de longe
Através do sonho, depois da floresta
Eu estou indo para o lugar que está ficando mais claro
Pegue minhas mãos agora
Você é a causa da minha euforia
(Euphoria — BTS)

❁❁❁

Sana estava sentada ali há um certo tempo. O movimento das pessoas à sua volta parecia comum, nada anormal, apenas o ritmo costumeiro de uma quinta-feira.

Aquele café, onde havia trabalhado enquanto ainda estava na faculdade, lhe trazia boas memórias, apesar da pequena dose de tristeza que banhava cada uma delas. 

Aquela mesa na calçada, bem ao lado de um vaso com jacintos floridos e perfumados, era sua preferida desde sempre.

Ela apertou mais uma vez as faixas que envolviam sua mão para testar e concluiu que ainda doía. E pela primeira vez na vida, ela não estava zangada por ter se ferido.

— Oh, gatinha, me desculpe o atraso! — Jackson se sentou na cadeira diante dela, afoito e um pouco ofegante. Pelas roupas, ela acreditou que ele estava vindo do trabalho. Os olhos dele foram de encontro imediatamente para a mão enfaixada e ele a segurou com um pouco de indelicadeza que a fez resmungar com o aperto. — O que aconteceu?

— Sasuke me mordeu. — Sana puxou a mão com uma careta. — Eu te liguei.

— Aquele pulguento… — Resmungou, com uma careta de aversão. 

— Ele estava doente e com dor, não foi culpa dele — retrucou ela. Sana suspirou, desviou o olhar de seu bubble tea e o observou. Ele era óbvio demais, a marca arroxeada perto da gola da camisa não tinha sido feita por ela. Chegava a ser engraçado de tão humilhante. — Eu te liguei.

— E eu estava…

— Sei bem onde você estava, não precisa mentir. — Levou o canudo até a boca e bebeu um longo e tranquilo gole, sem desviar o olhar dele. Viu o remorso percorrer o rosto do homem, viu seu rosto ficar vermelho e seus lábios se separarem enquanto seu cérebro buscava um bom argumento. E ela, apenas esperou todo aquele desespero passar por ele, antes de finalmente dizer alguma coisa. — Você é gay, Jackson.

— Eu gosto de você. Eu juro que eu gosto, eu não estaria saindo com você se não gostasse da sua companhia. — Ele se inclinou para a frente, juntando as mãos como se estivesse prestes a implorar. — Eu realmente não queria ser como eu sou. Eu estou tentando, me dê mais uma chance, eu prometo que posso conseguir me tornar um homem de verdade.

Ela tomou fôlego. Era deprimente, para ser sincera. Ela não conseguia sentir raiva dele e sabia que não deveria. Ele parecia tão perdido e tão enfiado naquele armário que Sana só conseguia pensar em como devia se sentir enclausurado e deprimido.

— Você já é um homem de verdade. — Ela sorriu, gentilmente. — Sua sexualidade não interfere nisso. Você é o que sente na alma, é isso que importa. Se você sente que é um homem que se atrai por outros homens, certo, isso não afeta sua masculinidade.

Ele não disse nada. Seus olhos estavam carregados de uma espécie de culpa e vergonha, ele apenas ficou ali, olhando para ela como se fosse sua última esperança.

— Eu nunca passei por uma crise de sexualidade. Eu não sou homossexual ou bissexual para dizer como é a sensação de assumir que gosta de algo além daquilo que foi ensinado que é o certo. — Ela pigarreou. — Mas eu tenho amigos que passaram por isso. Você pode conversar com eles se quiser, não precisa passar por isso sozinho.

Zero O'Clock [PJM×JJK]Onde histórias criam vida. Descubra agora