11.ㅤㅤquatro corações 𓂃

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Realidade: 087
STORYBROOKE

Kardama sentia os relevos das chaves contra seus dedos, ela as mantinha ali bem apertadas para que não deixasse nada cair. A mesma caminhava pelo corredor da pousada de forma lenta, despertou sua mente apenas quando ouviu os saltos contra o piso atrás dela e de Delahaye, ambas se viraram no espaço, uma fatia de luz da lua alta se acendeu contra o rosto de Regina Mills, que estendeu um sorriso gentil.

─ Seus quartos estão no fim do corredor ─ Delahaye confirmou ao lado de Kardama. ─ É uma pena que não tenhamos conseguido...

─ Capturar o forasteiro? ─ a loira completou. ─ É uma pena mesmo.

─ Mas ele é um amigo, não é? ─ Regina olhou de uma para outra. Kardama tinha o cansaço estampado, os olhos baixos e lentos, os ombros contraídos, a respiração silenciosa. A outra, no entanto, era mais agitada, inquieta, como uma vigilante atenta que não baixa a guarda. ─ Ele só está confuso. Analisando os últimos fatos, uma "captura" talvez não seja a palavra certa.

─ Não precisa bancar a gentil o tempo todo, Rainha ─ disse Delahaye entre dentes. Kardama mirou seus olhos para repreendê-la por usar aquele tom. Um tom que a garota das sombras conhecia bem, Delahaye ignorou a repreensão moldada no semblante da amiga. ─ Capturar forasteiros. Garantir que eles fiquem longe. Manter, acima de tudo, sua cidade segura. Não é essa a sua luta? ─ Delahaye, sinceramente, não queria ofender ninguém, mas ela era péssima com boas primeiras impressões. Regina ficou sem reação.

─ Estamos genuinamente querendo ajudar, muitas pessoas já passaram por Storybrooke, boas e más. As boas ajudamos, e guiamos de volta para casa se necessário. As más são cautelosamente analisadas e contidas, tenho certeza que vocês estão no primeiro grupo.

─ Nenhum vilão deve ser tão ingênuo ─ a loira não costumava sorrir, o máximo era uma uma leve curva em seus lábios como forma de provocação. E era isso o que ela estava fazendo naquele instante ─, deve existir algo por baixo dos panos. E não os culpo por isso.

─ Delahaye, já chega ─ Kardama apertou os dentes. ─ Obrigada pelo quarto. Já estamos indo ─ a mesma se virou, a outra garota não fez menção de acompanhá-la, apenas continuou encarando Regina, enquanto seu rosto mal se movia. Mills avançou alguns passos, Delahaye se encolheu feito um gato.

─ Por que parece que tudo o que você diz e fala é para que desconfiemos de você? ─ Regina cruzou os braços, sentindo uma pequena ventania fria da janela lhe arrepiando. Ela observou Kardama desaparecer pelo corredor, depois de uma olhada de esguelha para as duas.

─ Porque quero saber do que são capazes, porque quero testar os limites pra ver até onde vocês vão para proteger seu povo. Quero todas as faces estampadas, todas as cartas na mesa. Só depois disso vou desconsiderar as possibilidades de vocês serem uns desgraçados iguais aos do meu mundo.

Regina ficou impressionada, estática, para dizer o mínimo. Mills apertou os olhos.

─ Quer nossas piores versões? ─ Delahaye assentiu imediatamente.

─ Quero sim. Só se pode conhecer alguém de verdade quando se conhece o lado mais sem escrúpulos. As trevas existem em todos. Em alguns ela é despertada e ativada, em outros permanece adormecida, mas ainda assim, está lá. Vocês já foram ruins uma vez, uma recaída é fácil.

─ Vou levar isso como um desafio. Conseguir sua confiança.

Regina não se sentia ofendida, ela tinha compreensão, e estava disposta a entrar no jogo exibindo todas as suas cartas, estava calma em relação aquilo. Delahaye esperava demais, do bom e do ruim, Mills lhe mostraria que as pessoas poderiam ser mais complexas. Que um equilíbrio é o mais comum na maioria.

guerreiros de cinzas ━ ouat x descendentesOnde histórias criam vida. Descubra agora