24.ㅤㅤum Hook legítimo 𓂃

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Realidade: 024
ILHA DOS PERDIDOS

─ Minha mãe quer que eu vá para uma escola nova ─ Carlos empilhava um amontoado de livros na sua casa da árvore. CJ riu com desdém ao seu lado, observando os mapas e estrelas impressos nas capas e em algumas páginas que caíam da cola da lombada.

─ Você fala como se fosse a coisa mais comum do mundo. Carlos, é uma escola em Auradon ─ ela deu ênfase ao nome do reino, mas nem aquilo empolgou o garoto, que congelou o rosto e parou de piscar, engolindo em seco.

─ Um lugar cheio de cães ferozes com raiva... ─ ele se arrepiou todo, tentando afastar seus pesadelos.

─ Pelo menos vai se livrar da Cruella, dos casacos, do closet, da comida ruim ─ Carlos levantou um dedo, concordando com a loira.

─ Dos casacos ─ ele repetiu. Calista riu junto dele, em seguida, Carlos levantou todos os livros nos braços, os alcançando lentamente para CJ. ─ O que vai fazer com esses livros velhos?

─ É pra um amigo. Certeza que não vai mais precisar de nenhum?

─ Minha mãe tá me esperando no Castelo da Barganha... Vou acabar sendo obrigado, como sempre. Então acho que vou conseguir descolar uns livros novos, e astronomia nem é minha área favorita, pode ficar ─ de Vil ergueu a última capa, tendo certeza que nada ali lhe seria útil na Auradon Prep.

─ Valeu, Carlos ─ CJ se afastou para a escada de saída, o de cabelos platinados acenou com a cabeça, como se o que tivesse feito fosse nada demais. ─ Ei. Boa sorte em Auradon, tenta se divertir.

─ Vê se fica bem, CJ. Não se mete em encrenca, tá legal? ─ CJ desviou o olhar, com seu semblante maroto. Carlos cruzou os braços, querendo puxar a atenção dela. ─ Calista Jane.

─ Prometo tentar ─ ela exibiu um sorriso orgulhoso, Carlos resmungou. Ela não tinha jeito mesmo. ─ Tchau, de Vil.

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Há muitos anos atrás, Calista havia entrado na casa da Lady Tremaine e de suas duas filhas tagarelas. Com perfumes por todo lado, pelos nichos e estantes empoeiradas, ela apanhou uma dessas fragrâncias de rótulo já desbotado, aquele lugar era uns dos poucos pela Ilha, além do Salão da Rainha de Copas, onde se encontrava perfumes que não fedessem à acetona ou detergente vencido.

CJ fez aquele pequeno frasco durar, tinha o aroma de orquídeas negras, algo assim. O rótulo era riscado demais para se ter certeza. De qualquer modo, espalhar a fragrância pelo ambiente, cobria o cheiro ruim de esgoto e peixe podre, o que fazia suas narinas e seu estômago agradecerem.

Ainda mais naquele prédio abandonado. Uma antiga loja de pesca que faliu no décimo primeiro ano da Ilha dos Perdidos, CJ tinha fortes palpites de que tudo havia sido fechado por seu pai, que detestava concorrência. Ela apenas não tinha certeza, porque era muito nova quando a fábrica trancou as portas.

Aquele prédio nas docas era quase invisível aos olhos do resto dos moradores, qualquer comércio que fechasse depois da ameaça de algum vilão, abandonava seu território, e o antigo lugar de trabalho era visto como amaldiçoado. Então, Calista Jane tomou aquele pequeno prédio para si.

Ela sabia que Uma e Mal tinham uma rixa entre dividir os territórios, e que tanto a filha da impiedosa Bruxa do Mar quanto a herdeira da terrível Malévola, tinham seus esconderijos, suas áreas. Era interessante para CJ ter um também, mesmo que mais modesto, escondido.

Apenas duas pessoas haviam pisado ali além da caçula do pirata mais temido de todos. Harriet, e...

Idiota! Me assustou, Leo ─ CJ largou os livros e os deixou cair num pequeno sofá. Leonard, um garoto magricelo de cabelos mal-cortados e bagunçados, gargalhou baixinho, depois de pular de uma pequena escada e fazer um estrondo nas costas da loira.

guerreiros de cinzas ━ ouat x descendentesOnde histórias criam vida. Descubra agora