12.ㅤㅤbecos de Nova York 𓂃

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Realidade: 087
CORTLAND, NOVA YORK

Mal grudava os olhos numa prateleira de biscoitos. Sua barriga fazia um barulho terrível, ela nunca havia imaginado que algum dia poderia sentir seu estômago tão vazio. Nem mesmo na precariedade nojenta da Ilha dos Perdidos ela tinha tanta fome, não por tanto tempo.

Bertha ergueu o pescoço e ficou na ponta dos pés, observando Ben discutindo no caixa, enquanto Harry zanzava pelos corredores.

Havia sido aquilo o dia todo. Nenhum mercado, ninguém aceitava alguma nota ou moeda de Auradon. Naquele mundo não valiam nada.

─ Tenta aplicar um golpe melhor, moleque ─ o dono da loja falava com rispidez.

─ Você não entende. Por favor. Não somos daqui, não temos nada ─ o homem ergueu uma das moedas que Ben havia posto sobre o balcão, encarando os dois lados dela.

─ Que tipo de brasão é esse? Essa moeda é válida onde, no País das Maravilhas? ─ o homem jogou a moeda de volta no balcão, com desprezo.

Ben queria fazer as coisas do jeito certo, mas Harry já sabia onde aquilo acabaria, então rapidamente encheu os bolsos, aproveitando que a loja estava vazia e o dono distraído.

Vazia, exceto por eles. Mal notou os movimentos do pirata, que assentiu ao encará-la, do outro lado do estabelecimento minúsculo. Ela começou a fazer o mesmo, de forma ainda mais sorrateira. Conseguia se lembrar dos tempos em que apostava com Jay sobre quem era o melhor ladrão, ela sempre ganhava ─ até quando Jay não admitia ─ e com Harry não precisava ser diferente.

─ Você sabe onde posso encontrar a Alice? ─ Ben franziu a testa e perguntou com seriedade, o comerciante se encheu de raiva feito um touro. Florian recuou. Era apenas uma pergunta comum, não era?

─ Se acha engraçadinho? Então vai contar piadinha lá fora. Faz outro de palhaço, não eu.

─ Senhor, eu apenas...

─ Dá o fora! Quer que eu chame a polícia? ─ Ben recolheu seu dinheiro com agilidade. Mal e Harry rapidamente o cercaram, a garota o segurou pelo braço, enquanto Harry vigilava os movimentos daquele homem para garantir que ele não avançasse em ninguém.

─ Ben, vamos embora. Vamos.

Mal empurrou Florian até que os três saíssem dali. A madrugada estava gélida e escura, as ruas menos movimentadas e a maioria das lojas fechadas.

─ O que vamos fazer? ─ Ben engoliu em seco.

─ Não tem ninguém nos caçando, apenas por isso esse lugar é mais seguro que qualquer outro canto de Auradon ─ Harry puxou seu casaco, mostrando os bolsos interiores cheios de pacotes. ─ E você tem um ladrão do seu lado.

Dois ladrões ─ Mal puxou os bolsos igualmente, não tinha tanto espaço, então pegou coisas menores, como barras de proteína e enlatados prontos. Ela havia escondido no espaço maior de seu casaco algumas garrafas de água também. ─ Não podemos ir pro hospital, eles pediriam identificação... Temos que pelo menos passar numa farmácia.

─ Por quê? ─ Harry agarrou uma das barrinhas entre os dedos de Mal, enquanto Ben puxava eles pelas mangas para que saíssem da porta da loja, antes que o dono os notasse ali na frente e até mesmo percebesse os furtos.

─ Seu pescoço não pode ficar assim, precisa de alguma pomada e essas coisas. E algumas vitaminas vão ser boas para todos nós ─ disse Florian.

─ Exatamente ─ Mal completou. ─ Precisamos de um lugar pra dormir ─ Bertha alcançou as garrafas de água para os outros dois, enquanto eles caminhavam pela calçada, vigilando e procurando qualquer possibilidade de um lugar para descansar. Ela fechou os braços em si mesma, se encolhendo.

guerreiros de cinzas ━ ouat x descendentesOnde histórias criam vida. Descubra agora