26.ㅤㅤjogo de ladrões 𓂃

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Realidade: 024
ILHA DOS PERDIDOS

Quando Mal Bertha tinha cinco anos e era ingênua demais para entender qualquer tipo de crueldade, ela gentilmente se abaixou e limpou algumas maçãs caídas com a barra de seu vestido, pretendendo às entregar de volta para o comerciante desastrado. Ela havia empilhado todas as maçãs sobre a cesta, e sorriu para o comerciante, que ficou um tanto abismado e imensamente surpreso.

Malévola a olhou, franziu o nariz e chutou a cesta, fazendo todos os frutos rolarem pelo chão sujo, alguns pararam nas faixas de lama, Mal arregalou os olhos, sentiu sua mãe apertando seu braço para a levantar, e tremeu por notar a ira da mesma.

─ Está me envergonhando, pestinha ─ a mulher cerrou os dentes.

─ Desculpe, mamãe. Eu só queria ajudar.

─ Você não ajuda! Você destrói, rouba, machuca e trapaça! Seu nome é Malévola, assim como o meu, não manche minha reputação e faça jus à ele. Seja pior, garota!

Mal abaixou a cabeça, obediente. Os olhos da Fada das Trevas ferviam, os outros moribundos que passavam por ali, desviavam o caminho e tremiam pela voz de Malévola.

─ Sim, mãe. Eu vou ser... Como você, algum dia, eu prometo que vou ser como você ─ ela levantou os olhos úmidos, ainda com hesitação, esperando que o semblante de sua mãe se suavizasse. ─ Vou fazer você ficar orgulhosa de mim, mamãe.

Malévola largou o braço da menina, que analisou discretamente as marcas vermelhas em sua pele. A mais velha ergueu sua postura imponente de volta, deixando as sombras dos chifres recairem sobre a pequena Maly.

─ Vai precisar se esforçar muito. Vamos embora.

Naquele dia, Malévola pendurou um espelho no quarto de Mal, segurou firmemente os ombros dela na frente do reflexo e recitou com sua voz rígida e amarga o que a garotinha deveria repetir todos os dias sempre que se visse naquele espelho, para que nunca se esquecesse quem era, e principalmente de quem era filha.

A herdeira da pior de todas.

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Agora Mal tinha o dobro da idade. Continuava repetindo com orgulho aflorado como deveria ser perversa e imbatível. Seus cabelos naturalmente loiros estavam tingidos de roxo, porque roxo era o novo preto, e se ela fosse seguir os passos da mãe, ao menos teria de apimentar algumas coisas no seu próprio estilo.

Ela estava feliz, é claro. Se sentia pior cada dia, bolava encrencas e trapaças cada vez mais elaboradas, ela exibia seus planos vis para sua mãe, que geralmente apenas acenava com a cabeça e pedia pra ela sair porta a fora e se distrair botando tudo em prática, porque Malévola estava ocupada demais montando seus próprios planos.

Ela sabia que sua mãe conseguiria tirar elas daquela Ilha dos Infernos, e Mal estava ansiosa para quando a barreira caísse, ela poderia experimentar magia das trevas e admirar de perto sua mãe jogando todo o tipo de caos sobre os ombros dos príncipes e princesas idiotas.

Era só questão de tempo. E ela esperaria, como também esperaria o dia que fosse digna o suficiente para ser chamada por Malévola, e finalmente desfrutar do orgulho genuíno de sua mãe. Por que ela precisaria de mais do que isso?

Mal vestiu sua jaqueta punk e caminhou para fora do quarto. Seria um dia terrível. E seria ótimo. 

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Uma, a filha de cabelos tingidos em turquesa da Úrsula, sonhava acordada com o queixo encostado na ponta do cabo da vassoura, enquanto se imaginava nadando pelos oceanos do lado certo da barreira. Auradon não era tão longe, mas era tremendamente inalcançável.

guerreiros de cinzas ━ ouat x descendentesOnde histórias criam vida. Descubra agora