guerreiros de cinzas ━ ouat x descendentes

36.ㅤㅤa condenação 𓂃

Realidade: 024
REINOS UNIDOS DE AURADON 

ㅤㅤㅤAdam raspou as unhas pelo estofado branco e macio do braço de seu trono, cravejado com pétalas de rosas em rubi. Bela alisou a saia de seu vestido, erguendo as costelas em uma postura impecável, ao mesmo tempo que levantava sua mão livre para tocar a do marido. O Rei e a Rainha de Auradon entrelaçaram seus dedos, mais para a multidão do que para si mesmos.

ㅤㅤㅤEles sorriram um para o outro de forma sincera, sentindo faixas de sol subindo pela grama debaixo da plataforma posta no meio do jardim, com uma tenda dourada fazendo sombra e um par de guardas de cada lado.

ㅤㅤㅤUm arco de pessoas os rodeava, a única fora dessa organização era a Fada Madrinha, parada de forma serena perto da ponte que se erguia das terras de Auradon, atravessava o mar e fixava-se no litoral daquela ilha cinzenta, que mais parecia uma mancha grotesca entre as águas cristalinas e o céu azul vibrante.

ㅤㅤㅤEm poucos minutos, a ponte seria destruída por magia, e ao redor daquela ilha, um domo mágico prenderia as almas desafortunadas do outro lado. Para sempre.

ㅤㅤㅤA maioria dos criminosos já haviam sido enfileirados e chutados para as terras dos restos, mas, os piores ainda estavam acorrentados atrás de um portão do castelo.

ㅤㅤㅤOs moradores de Auradon se encolheram e juntaram as sobrancelhas, numa demonstração coletiva de desgosto e ódio. Não poupariam caretas, dedos apontados ou cochichos debochados, a humilhação era o mínimo que aqueles vilões mereciam.

ㅤㅤㅤA alta porta ornamentada de grossura notável se abriu num rangido. Os guardas se colocaram em posição de ataque, não dando trégua, mesmo sabendo que se os ratos atravessassem pelo jardim, seriam mais perigosos do que aquele bando enfraquecido e miserável. Os piores do reino diminuídos em criminosos sem força alguma, arrastados e exibidos aos nobres.

ㅤㅤㅤÚrsula encabeçava a fila, contraiu os olhos e virou o rosto, afetada pela luz direta e abrupta contra a face, quando piscou o suficiente, cerrou os dentes e correu os olhos pelo arco, até pousá-los nos dois monarcas em seus tronos. O Rei Fera se levantou, descendo os degraus da plataforma com tenda, ele andou formalmente para perto da Fada Madrinha.

ㅤㅤㅤHavia um par de guardas para cada vilão. Os dois que cercavam a Bruxa do Mar a empurraram pelos braços da forma menos delicada possível. Quando seus pés roçaram pelo jardim, o povo de Auradon ergueu os pescoço e encarou a criminosa seguinte da fila. Cruella de Vil atravessou o limiar da porta, transtornada, segurada com afinco pelos dois homens do rei.

ㅤㅤㅤ─ Os casacos! ─ sua voz aguda arranhou a maioria dos tímpanos de todos que assistiam. Crianças se esconderam atrás das pernas dos adultos, com medo do olhar sádico daquela mulher de cabelos preto e branco. ─ Os casacos. Quero meus casacos! Levem os casacos!

ㅤㅤㅤOs guardas travaram os passos, Adam observou um deles murmurar algo para Cruella, que lhe acalmou no mesmo minuto. Seu estado maníaco se encerrou, e ela caminhou normalmente atrás de Úrsula, como se nada tivesse acontecido. O empregado real provavelmente dissera que todos os bens de De Vil a esperavam na Ilha dos Perdidos, o que não era mentira.

ㅤㅤㅤApenas um bocado de objetos dos vilões tinham sido mantidos em Auradon, a maioria em salas pelo Museu Histórico, como cajados e espelhos mágicos. Coisas inofensivas como casacos de pele de uma lunática, não eram do interesse do governo.

ㅤㅤㅤA Bruxa do Mar foi parada no limite da ponte, recebendo olhares ríspidos do rei e uma expressão vazia da Fada Madrinha. Logo atrás de uma Cruella de Vil mais controlada, seguia Jafar.