Aurora
Saí praticamente fugida do pardieiro do fedido e quase me bati em uma porta. Quando levantei a cabeça verifiquei que não era uma porta e sim a paixão centenária da Eudora, Heitor Maldonado, mais conhecido como papai fedido.
— Olá velho, adeus velho. — Ele franziu a testa para mim e se colocou na minha frente cheirando o ar. Revirei os olhos.
— Estava com meu filho. — Falou o óbvio, pois eu estava impregnada até as entranhas com o cheiro daquele sarnento.
— Jura? Se não me dissesse eu não saberia. Agora, com licença, por favor. — Fiz a fina educada vai que funcionava. Heitor estreitou os olhos para mim de forma irritante igualzinho ao seu filho. Que ódio!
— Deveria tomar mais cuidado com as suas palavras, filhote de demônio. Eu não sou o Ivan, não vou passar a mão pela sua cabeça e fingir que nada aconteceu. — Meus olhos foram parar atrás da minha cabeça de tanto que eu os revirei. Papai fedido era hilário tentando me amedrontar.
— Nossa, que assustador, velhote. Pode não parecer, mas estou morrendo de medo. Agora o senhor centenário pode parar de barrar a minha saída desse pardieiro que vocês chamam de MC, por obséquio?
— Deveria ser mais respeitosa, Aurora. — Mordi meu lábio inferior querendo rir. Fiz um feitiço para silenciar minha conversa com o velhote para as demais pessoas no MC e joguei a bomba.
— Só por que você está de casinho com a minha irmã mais velha? — O velhote deu uma arregalada de olho enorme entregando o jogo todo. Ha. Peguei vocês no pulo. Aquela cobra vai me contar direitinho desde quando está fazendo caridade para terceira idade. Ela não havia explanado que já tinha abusado do velhote, só da paixonite e pra quem era o afrodisíaco. Pela idade desse senhor realmente o afrodisíaco deve ser de grande ajuda para ele conseguisse dar conta da Eudora no vuco – vuco.
— Você...
— Não se preocupe papai fedido, eu sou muito boa em guardar segredos, mas... Sou melhor ainda em ser recompensada para não dá com a língua nos dentes. — Joguei a isca era sempre bom ter um lobo Alfa antigo, inimigo e mal encarado me devendo favores.
— O que você quer em troca do seu silêncio, praga. — Sorri ladina.
— Não sei ainda, querido cunhado. — Foi a vez do velhote sorrir cínico.
— Cunhado ou sogro? — Fiz cara de nojo e resolvi que aquela conversa já havia perdido o sentido total.
— Que seja, quando eu souber o que quero te aviso, velhote. Temos um acordo? — Estendi minha mão em sua direção.
— Temos um acordo, praga do Egito. — Apertei sua mão e conjurei silenciosamente uma pequena agulha para furá - la junto com a minha para o laço de promessa. Comigo é assim, nada de apenas acreditar na palavra da pessoa, pessoas mentem. O velhote fez uma cara de espanto e depois revirou os olhos balançando a cabeça em negação.
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Aurora - Série Irmãs Delacourt - Livro I
RomanceSINOPSE Ano 2020 Séc. XXI Eudora, Eleonora, Elora e Aurora são quatro irmãs. Quatro bruxas descendentes de um dos clãs mais poderosos em magia antiga, filhas de Morgana Delacourt, uma bruxa considerada rebelde, visionária, independente e muito poder...