Piratas Espaciais - E a Consciência de Hilda

.:64:. Hilda x Hilda

.:64:. Hilda x Hilda

Finalmente, a última peça se encaixou.

— Montagem concluída — anunciou uma voz sintética e feminina.

Hilda pousou no chão e checou a si mesma.

Estava toda preta e lustrosa, em um corpo mais volumoso do que o seu original. Testou alguns movimentos socando o ar e, diante do sibilo de seus punhos, concluiu surpresa:

"Tô fortinha, hein!"

Olhou então para as próprias juntas; os cotovelos e os joelhos. Esticou e encolheu os braços e pernas alternadamente, assistindo com assombro aos pistões e aos músculos sintéticos trabalhando.

Finalmente sua atenção recaiu em sua silhueta.

— Eita, eu sou um menino, é? — exclamou reparando na falta de curvas.

A solução, porém, veio logo em seguida, quando a instalação do driver do corpo terminou e uma aba de boas-vindas se abriu em seu campo visual feito um papel flutuante. Um tour se iniciou, apresentando o menu de configurações.

Hilda foi seguindo os comentários e indicações do assistente até parar no que estava procurando: customização.

"Opa, é aqui mesmo!" Fechou o assistente e foi no local indicado. "Editar... Configurações... ahn... Geral... Movimentos... Rede... Ah, aqui, achei! Formato." Uma aba flutuante com instruções surgiu. "Vamos ver... 'Mentalize o comando 'customização de corpo'" leu ela. "Tá. 'Pinos de transmutação se acenderão pela superfície, indicando a ativação do feitiço.' Ok, beleza."

Hilda seguiu as instruções e, no mesmo instante, várias do que pareciam ser agulhas azuis luminosas surgiram por todo seu corpo como se estivesse na sessão mais agressiva de acupuntura do mundo. Assim como os círculos de magia, essas agulhas não tocavam sua superfície, parecendo agir mais como indicadores do que qualquer outra coisa.

"Ah, legal! Agora como eu mudo meu corpitcho para algo mais 'Hildesco'? Hm, deixa ver... 'Mentalize o comando 'usar auto-imagem' ou, 'usar imagem de arquivo'. Navegue pela aba de busca e...' tá, tá, já entendi."

Hilda deu o comando e o efeito foi imediato. A blindagem começou a encolher, como se sugada para dentro, moldando assim o corpo metálico na silhueta magra e feminina da garota. As agulhas mudaram de cor, variando do azul para o vermelho, do amarelo ao verde e do roxo ao laranja indicando assim o grau de alteração executada nos três eixos espaciais. Sobre cada uma delas, três números davam a distância em milímetros percorrida em cada eixo.

— Uooou! — Hilda exultou-se ao ver o resultado final. Deu um "ok" mental e as agulhas sumiram. — Máquina da Honkay — chamou ela —, você tem comando de voz?

— Sim, eu atendo a comandos verbais.

— Ah, ótimo. Você tem um espelho para me emprestar?

— Ativando a função 'espelho'.

Uma das paredes internas tremulou como se tornasse líquida e, após uma ondulação mais intensa, um reflexo perfeito de Hilda surgiu.

— Yay! Eu tenho bundinha de novo! — exclamou ela fazendo poses. — E peitinhos! — Apertou os peitos duros.

"Só não são lá muito macios, né... Bom, mas é como diz o ditado: a corpo dado não se olham as tetas."

— Valeu, dona máquina! Estou lindona tipo um "Genos" menina! Só que não loira... e magra... e mais simpática... hm... É, nada a ver...

— Necessita de mais alguma coisa?