.:43:. Hilda consegue um código

8 1 0
                                    

.:43:. Hilda consegue um código

— Hilda, quanto tempo?

— Nove minutos.

— Camael?

Estou falando com Selma agora.

Os seis atravessavam o epicentro da explosão, onde o cristal detonara. Fuligem e restos de robôs se espalhavam em meio aos pedaços do que fora a porta dupla do fundo do corredor.

Vários focos de incêndio haviam se iniciado, mas os anjos e Hilda o apagaram com algum extintor sobrevivente.

Pena que o extintor era de incêndio e não de odores.

O cheiro das várias substâncias queimadas (plástico, fórmica, madeira...) parecia uma lixa nariz adentro.

Lúthien e Ierathel eram dois olhos arregalados.

— Meu Deus, eu não sabia que os cristais eram tão explosivos assim! — exclamou a recepcionista. — Não é perigoso usar isso num hospital? Quero dizer, temos vários desses por andar!

— Energia é um trem perigoso 'mes, mas só quando tá sem controle — argumentou Freya, liderando o grupo ao lado de Ismael, ambos com suas respectivas armas em punho. — Procê vê, a matriz energética atual é à base de cristais. De celulares a carros, tudo tem uma azeitona de pedra roxa cheia de mana explosiva dentro. E mesm'assim num vemos as coisas indo pelos ares (toda hora).

— Pode ser, mas eu preferiria outra forma de energizar um hospital. — Freya tinha um bom argumento, mas o que restou do corredor parecia ser melhor de oratória.

— 'Fía, num faz muito tempo a gente usava gasolina pra mover veículos! Aquele trem explode também, quando num incendeia. E ocê já ouviu falar de vazamento de gás? Já rolou altas explosões em shoppings, apartamentos, casas... E isso sem falar em gente morrendo sufocada.

— Hm... — fez Lúthien.

— É que a Hilda tacou o cristal. Aí realmente a coisa fica feia. — Hilda mordeu o lábio e olhou ao redor discretamente, como se desejasse ficar invisível. — Vem cá, ô Hildim — a menina retesou-se toda quando a vampira virou-se na sua direção por cima do ombro —, porque diabos ocê fez aquilo? Eu quase 'murri, sabia?

— Ah... ahn... Foi a ideia que eu tive na hora... — ela deu de ombros diante dos quatro pares e meio de olhos. — A Greta fez o mesmo com os táxis, então eu achei que seria uma boa ideia...

— E foi, mas ocê devia ter dado tempo pra gente se preparar, quem sabe se escondendo numa sala, por exemplo. E como é que teu cabelo num pegou fogo?

— Ah, eu puxei ele para baixo de mim e o Ismael me protegeu.

— Sério?! — Freya olhou surpresa para o detetive ao seu lado.

Ué? Qual é o espanto? Eu sou um policial.

— Por isso 'mes.

— Hein, Freya, desculpa — disse Hilda. — Eu não tive tempo de pensar muito, o 100-corpo estava em cima demais da gente. Eu quis jogar além da porta, mas eu errei o alvo e explodiu perto demais.

Freya sorriu:

— Tá de boas, Robilda. Eu não tô zangada 'cocê. Mas da próxima vez, vamos menos, por favor. Se já tá sendo um sacrifício conseguir um corpo 'procê comigo viva, imagina com eu morta!

— Tá... — a menina concordou e dali em diante ficaram todos em silêncio, ouvindo apenas a conversa entre Camael e a tal Selma.

A cada bifurcação no corredor, Lúthien era consultada sobre a direção a seguir. Se fosse necessário passar diante de uma porta aberta ou cruzar uma esquina com outro corredor, Ismael e Freya serviam de suporte para o restante do grupo fosse checando o interior das salas, fosse posicionando-se de modo que fossem os primeiros a responder com fogo em caso de um ataque surpresa.

Piratas Espaciais - E a Consciência de HildaOnde histórias criam vida. Descubra agora