.:46:. Freya ganha um beijo (nem de longe o mais importante aqui, mas...)

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.:46:. Freya ganha um beijo

— Tá, é o seguinte — Freya ajoelhou-se no chão e removeu uma das placas —, eu vou atacar ele por baixo.

Olhando para o buraco quadrado, os cinco se depararam com a laje de concreto riscada por vias e mais vias de fiação.

Eles haviam chegado no corredor de esquina com o do Dynatron, quebraram as câmeras e recuaram para um canto mais reservado, a fim de poder conversar sobre o tal plano de Freya.

Porém, diante de uma ideia tão brilhantemente estúpida, Hilda pareceu incerta:

— Olha, Freya, eu não acho que você cabe aí dentro não. E mesmo que coubesse, o 100-corpo vai te ouvir rastejando.

— Ela tem razão — adicionou Lúthien. — Olha sua jaqueta! Olha o seu coturno! Tudo isso vai fazer uma barulheira quando raspar no concreto e nas placas.

Mas Freya estava ajoelhada e de bunda para cima, enfiando a cabeça no espaço abaixo como quem avalia o terreno.

— Olha... caber eu caibo, sim — concluiu ela. — Vou ter que segurar meus peitins pra num roçar no chão, mas dá. Mas ocês têm razão, eu vou fazer um puta barulho 'ca minha roupa.

É, Freya, vamos pensar em outra coisa — sugeriu Ismael.

— Que outra coisa? — Ela encarou o anjo. — O 100-corpo deve tá 'cas armas prontas pra atirar no primeiro que puser um pentelho além da esquina! Num tem como chegar nele sem ser por aqui. Vai lá, passarins, virem de costas ocês dois.

Virar de costas? — Camael e Ismael estranharam.

— É, uai, eu vou tirar minha jaqueta e eu num tô usando nada por baixo.

Você realmente vai entrar? — Camael se surpreendeu.

— Claro, uai! — Freya já estava com as mãos no primeiro coturno, baixando o zíper lateral e desamarrando o cadarço.

— Mas, Freya — disse Hilda em súplica —, você ainda vai fazer barulho mesmo se entrar aí pelada! Como você vai rastejar em silêncio? Você não é uma cobra!

— Primeiro, eu num vou entrar pelada, sua robozin tarada. — Um coturno foi depositado no chão. — E, segundo, eu num vou rastejar. Eu vou levitar. — O laço do outro cadarço se desfez.

— E dá?! — Hilda se espantou. — Tem espaço para você levitar aí dentro?

— Se eu for só 'ca minha calça e uma pistola, eu consigo. — Freya juntou os coturnos com as meias dentro e se pôs de pé, pisando descalça direto no piso. Em seguida, removeu o cinto e a espada, pondo tudo junto com as botas. — Meu problema vai ser me guiar. Eu num vou saber o camim andando por baixo do chão.

Freya, pára de se despir aí e usa a cabeça! — exclamou Ismael. — Você mesma tá esbarrando nos problemas do seu plano! E quando chegar lá, o que você vai fazer? Vai puxar o computador da tomada? Vai cortar os cabos?

— Eu vou atirar como se num houvesse amanhã! Se eu só cortar os cabos, até eu voltar pra cá, o 100-corpo já vai ter tido tempo de checar o piso e me fuzilar ali 'mes. Eu num vou desligar o Dynatron, eu vou matar o que restou da tropa daquele babaca.

É, isso se você chegar lá. Como você vai se guiar sem ver nada além de concreto e fios?

Freya apertou os lábios.

"É..."

— Não, espera, tem como ela se guiar, sim — disse Lúthien. — É só seguir o cabo das câmeras.

Piratas Espaciais - E a Consciência de HildaOnde histórias criam vida. Descubra agora