.:32:. Freya x 100-Corpo / Roubando um blindado

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.:32:. Freya x 100-corpo / Roubando um blindado

Enquanto isso, mais abaixo na avenida, Freya cortava robôs.

Inicialmente, assim como Greta, a loira fora abordada por policiais atirando balas de borracha. Porém quando a lâmina de calor dividiu ou desviou os primeiro projéteis, ficou claro que tentar contê-la não era a melhor das ideias.

Chegar perto, então, menos ainda.

Freya chegou a segurar uma das balas miradas em seu rosto, tão lentas que eram em relação à vampira. (Uma bala de borracha se desloca a 240 metros por segundo, abaixo da velocidade do som, que é de aproximadamente 330 m/s. Em comparação, uma bala de chumbo sai do cano da arma por volta de 670 m/s, mais de duas vezes a velocidade do som e quase três vezes a velocidade de uma bala de borracha.)

Suando frio, mas sem poder recuar diante de uma cidadã armada e potencialmente perigosa, os policiais agradeceram a chegada da tropa robótica. As unidades interromperam quase que simultaneamente suas investidas contra os manifestantes, focaram seus olhos vermelhos na vampira e avançaram nela como zumbis alucinados.

O que acabou deixando os policiais de verdade à mercê da população.

O alívio de ver a cavalaria chegando morreu ao perceberem que essa mesma cavalaria não lhes dava mais cobertura. Nunca antes uma cidadã armada com uma espada deixou de ser uma prioridade em tão pouco tempo. Os policiais que não foram surrados pela população se viram obrigados a fugir com o rabo entre as pernas.

Ambos os lados do conflito se chocavam em um caos de gás lacrimogêneo, pedras e escudos, sem tempo para se perguntarem por que uma tropa inteira de andróides estava avançando em uma única pessoa. Alguns oficiais tentaram recobrar o controle das máquinas usando controles remotos, mas a agressividade da manifestação estava sendo um empecilho; qualquer descuido da parte de um lado se tornava uma oportunidade para o outro.

100-corpo, por sua vez, ignorando completamente a confusão, fluía suas marionetes sem parar na direção da vampira em um belo esforço de fazer valer o trocadilho do seu nome.

E enquanto nenhum deles, forte que fosse, era páreo para uma espada de calor, nenhuma Freya, rápida que fosse, era párea para um fluxo ininterrupto de inimigos.

A vampira simplesmente não conseguia se desvencilhar o suficiente para voltar ao grupo. Sempre que fazia menção de dar as costas ao último derrotado, dois, três, quatro surgiam logo em seguida.

E, para piorar, havia os tiros.

Sem saber do hackeamento, alguns oficiais julgavam aquela aglomeração como sendo uma resposta plenamente de acordo com as diretrizes das máquinas. Afinal, era uma vampira de espada e sobreforça liberada destruindo patrimônio da corporação. Embora a ação dos robôs fosse estranha, já que eles pareciam querer matar ao invés de neutralizar, nenhum policial pareceu realmente preocupado. Assim, os que conseguiam um respiro em meio à confusão tentavam dar cobertura às tropas robóticas, atirando à distância em Freya, que diferente de antes, era agora atingida por cada projétil em toda sua glória.

Não possuindo um corpo de magma ou de metal, a vampira sentia na carne os impactos. Testa, têmporas, pernas, bunda, costas, rins, tudo era atingido sem piedade. Sua resistência a mantinha intacta e as balas não chegavam a feri-la ou causar (muita) dor, como fariam com uma raça mais fraca. Mas atrapalhavam bastante.

Era como jogar bolinhas de gude com força em um boxeador no meio de uma luta.

Freya havia acabado de cortar dois robôs com um único movimento quando sentiu a têmpora ser atingida. O segundo de desorientação foi suficiente para um escudo atingi-la na lateral de seu corpo, feito uma parede.

Piratas Espaciais - E a Consciência de HildaOnde histórias criam vida. Descubra agora