.:48:. Fábrica da Honkay

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.:48:. Fábrica da Honkay

O carro era uma "bolha de tempo relativístico": climão por estarem Mina e Greta no mesmo ambiente de um de seus agressores, medo de outro ataque surpresa de 100-Corpo, uma playlist de gosto extremamente exclusivo, pressa para consertar logo as máquinas... O "Madame-móvel" era uma caixa sobre rodas com uma lista quase completa de itens para frear o tempo.

Só faltou alguém com vontade de ir ao banheiro.

Não foi à toa a silenciosa e geral comemoração interna quando o carro roxo finalmente reduziu e parou diante de uma imensa guarita de concreto, fechada por um portão deslizante, além da qual via-se à distância um prédio baixo, comprido pelo menos dez vezes sua largura.

A fábrica da Honkai resumia-se em um bloco branco de cinquenta metros de largura, quase quinhentos de comprimento e altura equivalente a um prédio de seis andares. As únicas indicações de que era uma fábrica, e não um galpão ou armazém, era a recepção bem decorada e elegante, construída para servir de centro de visitantes, localizada na quina mais próxima da guarita, logo abaixo do imenso letreiro.

— Eu abro lá, pode deixar! — Mal desaceleraram diante do portão, "felpudinho" saltou do carro.

Qualquer coisa para poder mover as pernas dormentes. Chegou a mancar uns dois passos e sacudir as patas para recuperar a sensibilidade.

O proibidão vazou noite afora nos poucos segundos em que a porta ficou aberta. Madame logo baixou o volume, esticando os ouvidos e olhando ao redor através de seus óculos escuros.

O lobisomem acenou para ela:

— Cadê a chave? — O portão estava trancado por correntes e um cadeado gordo, quadrado e laranja.

A mulher estalou os dedos e o cadeado abriu-se sozinho. O lobisomem então removeu a pesada corrente, empurrou a grade sobre rodas pelo trilho e ergueu a cancela, liberando passagem. O carro seguiu adiante pela via de brita, passou pelo lobo e pela guarita abandonada, atravessou um imenso estacionamento e foi parar próximo de uma porta lateral a uns cem metros de distância.

O lobisomem galopou até o trio, que já saltava do veículo com tanta ou mais pressa que ele. Mina saiu carregando a cabeça multiétnica e, junto com Greta, seguiu Madame até o porta-malas.

Quando a tampa foi erguida, os quatro já estavam reunidos, lado a lado, mirando o interior.

Ca-ra-le-ô! — todos exclamaram, exceto Madame.

Diante deles havia duas escopetas, seis pistolas, quatro fuzis, duas metralhadoras giratórias M5 e um RPG (um lança-mísseis). Ah, sim, e muitas, mas muitas balas. Não se via o forro negro do porta-malas tal era a profusão de projéteis dourados, cartuchos e caixas.

— Por que diabos você tem uma bazuca?! — Greta exclamou.

— Pra vender, ué — disse Madame erguendo as duas M5, uma em cada mão. — Toma, pega aí, burguesinha — e enfiou no peito da garota uma delas.

Cada unidade devia pesar uns quarenta quilos e a mulher as manipulava como se não passassem de quatro gramas. Apesar de ser um modelo portátil, era portátil para raças com sobreforça. Não humanos.

— Ahn... Madame, como é que você consegue erguer essas...

— 'Cês aí, escolhe o que cês querem e depois junta as bala tudo nessas caixa aqui. — A mulher apontou para algumas caixas vazias de plástico laranja. Passou a alça do RPG pelo ombro, catou uma maleta enorme que Mina e Greta suspeitaram ser a caixa com os mísseis, pôs a M5 debaixo do braço e, com a mão livre, pegou uma caixa pesada com uma longa fita de munição. — Já volto pra ajudar 'cês a carregar o resto — e saiu caminhando com mais de sessenta quilos em armamentos na direção da porta lateral como quem acabou de chegar da feira.

Piratas Espaciais - E a Consciência de HildaOnde histórias criam vida. Descubra agora