Eu não consigo nem olhar pra você

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Do outro lado da cidade

– Rápido!! Coloquem ela na maca. – gritava o médico.

– Ela ficará bem?

– Delegado, a jovem foi esfaqueada em uma área sensível da barriga, precisamos fazer alguns exames para ver se não atingiu nenhum órgão vital.

– Vou esperar por aqui... por favor... qualquer notícia, me avise.

– Sim delegado.

Brunna pov.

– Como você não sabe Ludmilla?! – falei alto, mas lembrei que Enzo dormia e continuei em um tom de voz mais baixo – Sua camisa está cheia de sangue e você não sabe?

– Eu não tô querendo falar agora Brunna... – sussurrou – só... só me deixa sozinha.

Olhei pra ela com uma cara de indignada, mas fui para dentro, já estava escuro e eu precisava dormir.

Ludmilla pov.

Como você pode, Brunna? Como eu posso amar uma mulher que acha um monte de merda de mim?! Como eu pude achar que a vilã era a Halsey quando ela pode ser só mais uma vítima, uma vítima como eu!!

A Brunna mentiu pra mim... ela destruiu a minha vida quando foi embora e destruiu de novo quando voltou.

O toque do meu celular atrapalha meus pensamentos, peguei ele e logo atendi vendo que era o delagado.

~ligação on~

– Delegado?

– Ludmilla... tenho notícias da Halsey.

– Diga que são boas... por favor.

– Eu... Eu sinto muito Ludmilla...

– Não..

– A facada que ela levou... perfurou o pulmão, ela passou por cirurgia mas... não resistiu.

~ligação off~

Eu não pude mais ouvir, saber que a mãe do meu filho estava morta e ainda por cima por culpa minha... Eu... Eu não conseguia mais pensar.

Apenas enviei uma mensagem ao delegado dizendo que eu que pagaria o enterro.

Fui ao quarto, tomei um banho e tirei a roupa suja de sangue para colocar uma mais confortável e que desse para passar a noite com ela. Peguei a chave do carro e saí, fui até uma funerária, uma floricultura, acertei o horário com a igreja e quando terminei. Fui a praia.

A praia me tranquilizava, me deixava mais calma.

– Ludmilla? – ouvi a voz da Patty– O que faz aqui nessa hora da manhã?

– Que horas é? – pedi em sussurro.

– São sete e meia da manhã, Ludmilla. – respondeu calma – O que faz aqui? – voltou a perguntar.

– Nada... eu... eu vou pra casa.

– Você está bem?

– Não... – falei antes de sair sem me despedir.

Voltei pra casa bem devagar, tomei café em uma cafeteria francesa perto de casa, paguei pelo que tinha comido e retomei o trajeto.

Brunna pov.

Acordei hoje e quando me virei, Ludmilla não estava na cama. Me levantei, já entranhando esse fato e procurei ela pela casa... nenhum sinal dela.

Reparei que a chave do carro não estava... merda... será que ela saiu?

Fui à cozinha preparar o café da manhã do Enzo, que logo acordaria. E no meio do processo ouvi a porta sendo aberta e uma Ludmilla entrando sem nem dar bom dia. O que será que aconteceu?

Enzo acordou bem quieto hoje, coloquei seu café da manhã, que na verdade eram duas panquecas com cobertura de chocolate e leite morno pra acompanhar.

– Filho... – me assustei com a voz da Ludmilla atrás de mim – Depois que terminar seu café vá se arrumar, tá bom?

– Nós vamos sair Mommy?

– Vamos, meu amor. – falou indo em sua direção – eu e você temos que nos despedir daquela sua amiga que você conheceu esses dias.

– A Mamá não vai? – pediu olhando pra mim.

– Não... ela não vai. Agora vamos, termine de comer e vá.

O silêncio se estabeleceu, a única coisa que podia ser ouvido eram o barulho que Enzo fazia ao comer. Ludmilla não olhou pra mim nem por um momento, ela estava estranha. Quando Enzo terminou saiu rapidamente, indo fazer o que a Ludmilla havia pedido.

– Onde vocês vão? – pedi quebrando o silêncio.

– Não interessa. – respondeu grossa, sem olhar pra mim.

– É a Halsey, não é?

– É Brunna, é a mãe do meu filho! – falou sarcástica – Você deve estar feliz... descobriu quem é a assassina que chamavam de Justiceira, a Halsey morreu e dessa vez é pra valer... – jogou na minha cara – O que mais você quer? Vai querer tirar o Enzo de mim?! Vai entregar a mulher que matou mais de 30 pessoas pra polícia?!

– A Halsey... morreu? – pedi confusa, o que estava acontecendo?

– Sim, porque EU a matei, eu a esfaqueei, satisfeita? Mais um crime meu pra você colocar na merda do noticiário do jornal.

– Lud...

– Mais que porra... eu não consigo nem olhar pra você! – falou saindo da cozinha.

– Ludmilla... volta aqui!... Vamos conversar? – chamei, sem resposta.

Depois de alguns minutos vejo Ludmilla e Enzo saindo, Enzo antes de desaparecer pelo elevador me lança um tchauzinho com a mão e um sorriso estampado no rostinho.

Colegial - Brumilla Onde histórias criam vida. Descubra agora